terça-feira, 17 de setembro de 2024

[Livros & Leituras] Três homens num barco

Jerome K. Jerome, Alma dos Livros, Odivelas, 4ª reimpressão, julho de 2023, 224 páginas. Publicado originalmente em 1877. 


A vida, às vezes, pode ser aborrecida. Férias precisam-se. Três amigos (e um cão) decidem fazer uma viagem ao longo do rio. Depois de uma preparação atribulada, embarcam numa jornada que se transforma num acontecimento ímpar nas suas vidas. 

O pequeno barco transforma-se no epicentro de uma série de aventuras e peripécias inusitadas, tão absurdas como caricatas, reunindo uma variedade de temas improváveis como sátira social, filosofia e humor numa descrição absolutamente feliz e conseguida da natureza humana. 

Um livro bem-humorado e divertido, que faz o elogio da vida ao ar livre, da vida boémia, da amizade e dos afetos, da busca do sentido da vida, das férias de verão intermináveis e da suave memória dos tempos já idos. 

Apesar de contar uma história na qual está tudo continuamente a dar errado, este livro narra uma viagem incrível e divertidíssima e transforma-se num autêntico manual de autoajuda literária que nunca esqueceremos e que todos deveriam ler. 

Três Homens num Barco foi considerado recentemente, pelo jornal The Guardian, um dos 25 melhores romances de sempre, e um dos 20 livros mais divertidos alguma vez escritos, pela revista Esquire


Este é um livro maravilhoso, muito original, verdadeiramente genuíno, divertido, culto, perspicaz e mesmo original, muito diferente da literatura básica dos dias de hoje. 

Jerome e mais dois amigos (e o cão!), cansados do dia a dia na "city", decidem fazer umas férias, sendo essas férias passadas num pequeno barco, acampando nas margens de cidades ao longo da costa, com muitas peripécias e falta de jeito e muita ingenuidade vitoriana masculina de classe média sobre como se desenrascarem na natureza (e dos amigos) sobre acontecimentos passados, de que eles se vão lembrando e servem de tema de conversa e de reflexões filosóficas certeiras e na maior parte hilariantes que envolvem estes três amigos... 

A aventura vai sendo intercalada com crônicas do autor.

As ofensas educadas que atiram uns aos outros, as suas disputas, são hilariantes, do melhor que há! Nunca pensei que houvesse maneira de ofender alguém com classe e estilo, mas pelos vistos há! Adorei, e ainda aprendi umas dicas! 😉 

Eu sou uma apaixonada pela época vitoriana, e este livro não só se passa durante essa época, como foi efetivamente escrito durante a mesma, ou seja, é do mais genuíno que pode haver, no que toca ao estilo de vida, sentimentos, pensamentos, o dia a dia da vida naquela época, neste caso apresentado essencialmente pelo divertidíssimo Jerome K. Jerome. Adorei! 

Este livro arrancou-me muitas gargalhadas, daquelas que até nos causam lágrimas no canto dos olhos, são crônicas cheias de humor, com reflexões algo filosóficas muito apropriadas e inteligentes, e uma coisa que apreciei é que certas reflexões e pensamentos vitorianos ainda se adaptam perfeitamente aos dias de hoje! 

Adorei o exagero hipocondríaco do Jerome, a crônica do que custa pregar um prego na parede, adorei muitas partes do livro, sendo que só não dou a pontuação máxima por dois motivos: houve partes (só uma ou duas situações!) em que achei o monólogo algo monótono e previsível, em que o autor começa a divagar um bocado ao relatar uma ou outra memória, e também pelo facto de em certas situações se sentir o "incontornável" machismo típico na altura, em que basicamente é dado a entender que as mulheres não sabem fazer nada, são histéricas e básicas... A questão é que nessa altura, fora aquelas que tinham vidas muito duras, as empregadas e/ou muito pobres, as mulheres da média/alta sociedade pouco mais eram do que "bibelots"... Mas essa era uma realidade da época que não dá para contornar e mesmo assim gostei de ler essas descrições desta forma tão verídica.

A forma inteligente, culta e educada com que está escrito é maravilhosa e fascinante... 

Já recomendei a livro a outras pessoas, e até agora o feedback é do melhor que pode haver, é mesmo um livro muito divertido, inteligente e original, diferente de tudo o que já li até agora, e recomendo sem reservas!

Texto: Liliana Carvalho, Um blog entre bibliotecas

Assino embaixo. Sim, também dei gargalhadas de lágrimas. Adorei.

👏👏👏👏👏

Agora, o The Guardian precisa decidir: 

25 ou 100?? 😕😕

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L’Incorrect – Faites-le taire! 
[Livros & Leituras] Breve Tratado – de Deus, do homem e do seu bem-estar 
A psicologia das massas 
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Journal de guerre: C'est l'Occident qu'on assassine 
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Pêcheur de perles 
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A ler 

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