Aparecido Raimundo de Souza
Nessa babel gigantesca,
os candidatos a cargos públicos têm voz. Uma voz, diga-se de passagem,
tonitruante — uma espécie de grito enlouquecido como o das bichas camufladas à
procura de um pau volumoso. Enfim, uma válvula de escape que os manés e imbecis
consideram importante nesse tumultuado processo. Vamos tentar explicar o que se
pode chamar de o "grito" nascido deles. Esse "grito",
senhoras e senhores, mais parece um pedido de “vote em mim que vou lhe sentar o
ferro no caneco sem que você sinta um tiquinho assim de incômodo.” Pode ser
interpretado de várias maneiras. Em primeiro lugar, ele representa a
manifestação doentia das ideias e propostas furadas dos candidatos se
rastejando como cascavéis famintas. Cada uma dessas víboras apresenta a sua
visão para o futuro (o futuro deles e delas, logicamente), abordando questões
como saúde, educação, segurança e desenvolvimento econômico. É nesse momento
que os futuros filhos da puta — perdão — que os futuros candidatos tentam se
destacar entre seus concorrentes, utilizando discursos, programas e promessas
que ressoam com as necessidades e desejos de quem somente busca o poder em
proveito próprio. A população, para eles, que se dane!
Além disso, o grito — melhor dito, os berros, os latidos dos candidatos — é uma resposta às demandas sociais. Em tempos de crise — como a que o nosso brazzzzil atravessa — eles se posicionam sobre problemas urgentes, como a desigualdade social, a corrupção e a falta de transparência na gestão pública. Esse clamor por mudanças e soluções é fundamental, uma vez que reflete o que a sociedade espera de seus novos embromadores e picaretas. Outro aspecto importante do expluir dos candidatos é a batalha ferrenha pela visibilidade. Com a competição acirrada, muitos recorrem a estratégias de marketing e comunicação para alcançarem o eleitorado. Esses cânceres usam as redes sociais e se dão ao luxo de debaterem e fazerem campanhas publicitárias que, no geral, se tornam ferramentas essenciais para amplificarem as suas vociferações e, assim, conquistarem a confiança “das” e “dos” trouxas. Em nosso país, o que mais temos são pombocas e vivaldinos. Eles se assemelham aos candidatos. Vêm em pencas. Aparecem em qualquer esquina disfarçados de bufões. Se propagam e se disseminam como ervas daninhas, tipo fogo morro acima e água morro abaixo.
Seus latidos falsificados
e corrompidos nem sempre são ouvidos. Muitas vezes, os futuros fajardos
enfrentam desafios como a desinformação e a apatia dos eleitores. O desencanto
com a política "honesta" pode fazer com que propostas inovadoras e as
vozes autênticas (kikikiki) se enfumacem em meio a um mar bravio de engodos
vazios e discursos populistas respingados com a mais nojenta vontade de foder
os incautos. Nessas horas, entram em cena os palhaços; os carequinhas; os
trocentos patatis e patatás; bem como os piolins; os torresmos e pururucas; os
marcos frotas; os tiriricas e as mulas. No geral, outras pestes, promovendo
anarquias, quebra de janelas, mesas e cadeiras. Pasmem: já que falamos nisso,
pessoas que a gente pensava ser do bem (como o jornalista Danaantena,) fomentam
em rede nacional ceninhas dantescas, tendo por detrás deles as famosas redes de
televisão. Como a putaria anda à solta, esses camaradas, em busca de um assento
nessas pocilgas públicas, melhor dito, nesses pardieiros, deveriam usar uma história
diferente — qual seja, aparecer pelados, fosse batendo uma punheta ou transando
com uma dessas “periguetes da zona.”
Danaantena, lembrando a
sua fúria incontida, aliás, uma cena digna de um boçal, usando a sua carteira
de apresentador, seria mais humano ter poupado a Cadeira. A pergunta que fica é
uma só: o que aquela pobre coitada da cadeira tinha a ver com a fúria dele? Cá
entre nós, senhoras e senhores, é coisa de jornalista despirocado das ideias.
Não é? Que feio! Em face desse baile funk, desse swing com cara de bordel,
seria mais honroso que a nossa sociedade (de hipócritas e repleta de
“cus-fedidos”) estivesse atenta ao que os nobres e “caucaucaõdidatos” têm a
vomitar — perdão, a dizer. O povo sofrido, pisoteado, mais quebrado que arroz
de terceira, careceria de criar vergonha na porra da cara e participar
ativamente do processo eleitoral. Se fazer presente no sentido de questionar e
debater as propostas desses flibusteiros apresentadas com suas fuças de cores
mirabolantes. Essas seriam algumas das atribuições de um povo unido que
fortaleceria a surrada demoniocracia... quem sabe, ela envergonhada, largasse
de dar o “pescoço em francês” e voltasse a ser, de fato, uma democracia com “D”
maiúsculo?
Os gritos desses
pilantras e salafrários, desses vermes e ratos de esgoto, dessas lacraias e
punguistas, se bem colocados ou usados, agiriam, igualmente, como convites à
reflexão e à participação cidadã. Nesse tom, senhoras e senhores, cabe aos
eleitores, os cordeiros e ambrosíacos de venda nos olhos, como a mundana da
justraça sentada confortavelmente na frente da casa da Mãe Joana, ou (STF),
recordando, não outra senão aquela vagaba com a espada no colo, responder a
esse apelo ou a esse pedido de “socorro-urgente-pra ontem” com responsabilidade
e engajamento. Em resumo, senhoras e senhores, o esturrar dos candidatos à
cargos públicos, como está sendo usado nos dias de hoje, é um elemento
essencial do processo não democrático, mas literalmente demoniocrático. Ele
representa — jamais esqueçam disso — não apenas as aspirações de quem busca um
espaço para “mamar” e “meter as mãos sujas em nossos trocadinhos suados”, mas
também, e, acima de tudo, solidificar de modo pétreo as aspirâncias e os medos
de uma população desenfreada e desgastada à beira de um ataque de nervos.
Ouvir, analisar e participar desse diálogo é vital para construirmos um futuro
melhor para todos e afastar para os quintos do caralho o “desfuturo”, no
sentido de que as vindouras gerações não se estrepem nas sanhas da miséria ou
passem, como nós, por outros tantos e novos percalços e privações.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo, 20-9-2024
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