sexta-feira, 27 de setembro de 2024

[Foco no fosso] Refrescando a memória

Haroldo Barboza

Muitas pessoas dizem: “não converso sobre política; me dá nojo.” 

Se o esgoto da rua onde elas moram, ficar 15 dias exalando cheiro de fezes, elas não reclamarão devido ao odor nojento? Ficarão felizes para sempre mesmo que este cheiro seja o “tempero” dos jantares da família? 

Em ambos os casos devem se mexer para desinfetar o ambiente, pois basta uma célula contaminada para expandir uma moléstia que danifica um corpo ou uma sociedade. 

Estamos a menos de dez dias das eleições municipais. 

Olhando para o menu oferecido, dá para saber quem realmente está disposto a governar para o bem da comunidade com a esperança desmotivada e esgarçada? 

Os nomes com “ficha suja” são fáceis de encontrar. Basta correr os processos criminais transitados nos últimos trinta anos. 

O padrão de “promessas” se sustenta por dois pilares:

A) os candidatos novos (herdeiros dos antigos) se concentram em prometer mais X escolas, mais Y hospitais, mais W veículos de transporte público, mais Z viaturas para reforçar a segurança pública, mais... ?

B) os antigos (já no 5º ou 6º mandato) não se comprometem com números. Dizem que criarão comissões (ou “comissões”?) para estudos no sentido de elevar os ganhos mínimos de professores, médicos, motoristas, policiais... ? 

Claro que nem 0,1% dos culpados de desvios foram condenados pelas “leis” que eles mesmos escrevem com muito cuidado para preservarem brechas adequadas aos seus planos de escape. Desfrutam de mordomias imerecidas com nossa complacência. Com nossa “pouca” memória. Com nossa acomodação em aceitar desmandos repetidos.

Com propaganda que nos induz a acreditar que apenas com fé tudo vai melhorar. Mesmo sabendo que com a maléfica conturbação mundial, vai ser difícil encontrar um santo de plantão disponível para nos ajudar. A questão básica é: 

Nós podemos resolver nossos problemas. Só falta vontade. 

Então, o que há para escolher se não existem mais líderes patriotas que possam nos conduzir ao patamar de boa qualidade de vida que merecemos pelos altos impostos pagos? 

Sabendo que os líderes das pesquisas (muitas adulteradas) estão ávidos pelos postos públicos para entupirem suas contas bancárias e para evitar que a sujeira antiga escale o tapete, aparentemente só nos restam duas opções: 

1) votar no último colocado – deve ser honesto pois teve campanha pobre e nem foi convidado para os “debates” viciados;

2) votar nulo – não resolve, mas deixa nossa consciência inocente. E mostrará ao mundo que somos governados por elementos desacreditados. 

Por dezenas de anos, os “caciques” políticos se especializaram em criar processos para esfacelar nossa pátria. Os seguintes pontos estão mais evidentes:

1 - enfraquecimento da credibilidade dos Professores, culminando com a perda de entusiasmo dos Mestres para tentar lutar contra a onda de ignorância que se alastra pelo território.

2 - criação de “agrados” a líderes religiosos para evitar que estes toquem em temas sociais em suas “pregações”.

3 - aumento de facilidades a artistas para evitar que emitam opiniões que possam contaminar seus fãs.

4 - criação de shows gratuitos para manter a galera jovem “esquecida” de lutar por seu futuro. 

A tendência é que nossa pátria se torne um “Braití” em menos de 50 anos. Conviver com isto será tarefa para nossos bisnetos. Logo se acostumarão a viver sem escolas, hospitais, segurança, postos de trabalho, alimentos. Seus únicos direitos serão: pagar impostos em dia e assistir novelas de tv, que demonstram enorme poder e eficácia em destruir valores morais e familiares. 

Um leitor mais otimista deste resumo “fantasioso”, vai bradar aos indecisos que somos felizes por termos um smart que nos coloca dentro de uma “bolha de felicidade” e nos isola do curral lamacento onde inocentemente pisoteamos nossa dignidade e exaltamos a beleza das botas de nossos algozes. Além de contaminarmos uma tênue esperança de que nossos herdeiros consigam executar a limpeza que não tivemos capacidade de realizar. Que eles nos perdoem. Faltou lhes dizer que a “luz do fim do túnel” não se apagou. Apenas foi furtada. 

Quem já se acostumou com a “vaca na sala”, que repita seu voto “nos mesmos”. 

Pelo nosso histórico de acomodação, mesmo que este lembrete possua um mínimo de positividade, em menos de três dias será esquecido por 98% dos que tiveram paciência em chegar até aqui. Os demais 2% ainda poderão dar um suspiro e dizer: ”que pena não termos quem possa nos guiar para alcançar um cenário de paz”. 

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço. 

Título e Texto: Haroldo Barboza, 27 de setembro de 2024 

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