sábado, 21 de setembro de 2024

Elon Musk fez sua parte

Rodrigo Constantino

Elon Musk comprou o Twitter por mais de 40 bilhões de dólares. Por mais que seja um homem de negócios, está claro que essa compra teve motivação ideológica também, ou acima de tudo. Musk já deixou claro inúmeras vezes o quanto valoriza a liberdade de expressão, como a considera fundamental para a sobrevivência da civilização. Ele pagou essa fortuna basicamente para libertar o passarinho azul, antes aprisionado nas masmorras progressistas.

Foto: Michael Reynolds, EFE/EPA

Mas era óbvio que seu movimento geraria reação. Há muita gente investida na necessidade da censura. A velha imprensa, para começo de conversa. A "Legacy Media" viu sua influência ruir com o advento das redes sociais. O jornalismo profissional ficou exposto como militância mal disfarçada. O modelo de negócios foi desafiado. Hoje, os maiores defensores da censura são, pasmem!, os jornalistas.

O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói. Ou o povo brasileiro assume as rédeas de seu destino, ou vai acordar na Venezuela e será tarde demais

Além disso, a esquerda em geral odeia liberdade. Afinal, se houver livre debate de ideias, raramente a esquerda sobrevive, pois depende da demagogia, do sensacionalismo, e tem as boas teorias e a experiência histórica contra si. Basta observar como são os esquerdistas os que mais clamam por controle das redes sociais, por "regulamentação", por censura pura e simples.

É nesse contexto que o embate entre Alexandre de Moraes e Elon Musk deve ser analisado. Não é um caso isolado, uma "birra", uma tara alexandrina: é um teste global, em que o Brasil virou laboratório dos globalistas e comunistas do mundo todo, que anseiam pela destruição do X, da liberdade de expressão como um todo. É briga de cachorro grande, como se diz por aí.

Alexandre de Moraes é ousado, não resta dúvida. Partiu para cima com vontade, dobra a aposta a cada dia, não se importa mais com qualquer resquício de legalidade em suas decisões arbitrárias. O mundo está observando, mas é preciso admitir que há poderosos aliados do lado do censor. Muita gente quer ver o X destruído: a China, a Rússia, os comunistas em geral, os globalistas europeus, os democratas americanos.

A liberdade de expressão, afinal, deu poder aos indivíduos de "extrema direita", como esses esquerdistas definem qualquer pessoa mais conservadora. É preciso "salvar a democracia" dessa turma, ou seja, do povo! O Brasil é o quintal onde está rolando o experimento mais escancarado para essa "democracia de gabinete", uma ditadura com verniz de legalidade.

Musk jogou pesado para resistir aos tiranos. Perdeu dinheiro, tomou decisões difíceis, não aceitou compactuar com as demandas ilegais do ministro supremo. Sua plataforma acabou banida do país. Musk tirou sarro de Alexandre, o chamou de Valdermort, expôs seus crimes numa página oficial criada pelo X, deixou o imperador tupiniquim nu em praça pública, sem qualquer manto invisível que só os inteligentes conseguem ver.

E o que aconteceu? Nada! O Senado continua cúmplice do STF. A velha imprensa cambaleou um pouco, com timidez, mas o maior conglomerado de mídia segue defendendo o indefensável. O povo foi às ruas em quantidade menor, por medo da ditadura ou indiferença. O Brasil não vai ser salvo por um gringo bilionário herói. Ou o povo brasileiro assume as rédeas de seu destino, ou vai acordar na Venezuela e será tarde demais.

Não sei dizer se Musk realmente sucumbiu, se jogou a toalha, se desistiu da luta e vai retomar o X dentro das exigências criminosas de Alexandre. Talvez ele esteja jogando um xadrez 4D que não somos capazes de perceber, pois o cara é um gênio mesmo. Mas se ele cansou e desistiu, não podemos condená-lo de forma tão dura. Afinal, um país que depende de um ricaço estrangeiro para ser salvo talvez seja um país que não mereça ser salvo…

Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 20-9-2024, 11h21

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