domingo, 29 de setembro de 2024

Os nossos partidos da farra

Veteranos da política brasileira e a ascensão de uma nova geração de líderes


Luís Ernesto Lacombe

É impossível apontar no Brasil um partido conservador. O PL não é... Ou a maior parte dos filiados à legenda não tem nada a ver com o conservadorismo. Apesar do nome, o PL também não pode ser considerado um partido liberal... Quem mais se aproxima do liberalismo – agora que já não há mais um João Amoêdo transfigurado no comando – é o Partido Novo.

Uma passada de olhos pela lista de 29 partidos registrados no TSE comprova a dificuldade tremenda que é definir o que cada um defende, suas bandeiras, sua linha ideológica. O que temos, quase sempre, são os “sacos de gatos”, uma reunião de oportunistas e egoístas. A maioria da nossa “classe política” não é formada verdadeiramente por políticos. O que encontramos em grande número são negociantes, barganhistas, vendilhões.

Eles só querem se dar bem, se entregar a negociatas, mamatas, falcatruas, velhacaria. Não há preocupação genuína com o bem do Brasil e dos brasileiros. Infelizmente, tem sido assim desde o início da nossa República. Virou uma tradição contra a qual os protestos invariavelmente são tímidos. E parece não haver Justiça capaz de expurgar essa gente, ou fazê-la se arrepender, pedir perdão e se endireitar.

Nossos partidos políticos são praticamente um balcão de negócios, e há muito dinheiro nisso, cada vez mais... O orçamento para o Fundo Eleitoral praticamente dobrou em 2024, são quase R$ 5 bilhões. E ainda tem o Fundo Partidário, de R$ 1,2 bilhão. Quem banca tudo isso são os pagadores de impostos. Eles sustentam as máquinas comandadas por gente como Baleia Rossi, presidente do MDB, Valdemar Costa Neto, do PL, Gilberto Kassab, do PSD, Gleisi Hoffmann, do PT, Antônio de Rueda, que assumiu a presidência do União Brasil no lugar de Luciano Bivar, e André Figueiredo, que substituiu Carlos Lupi no comando do PDT.

Num país ideal, não deve despencar sobre os ombros e no bolso dos pagadores de impostos a manutenção de partidos políticos, muito menos o financiamento de campanhas eleitorais. As legendas devem ser capazes de gerar sua própria receita. Que se virem com contribuições mensais dos filiados, doações, com a organização de eventos pagos, seminários, palestras, que façam rifas, vendam camisetas, bonés, bandeiras, broches, canecas...

Os mais de R$ 6 bilhões dos brasileiríssimos fundos partidário e eleitoral teriam certamente destinação melhor se não fossem entregues aos caciques das legendas que nunca se preocupam realmente com nosso país. Há tanto o que mudar... E é preciso acreditar no improvável, que nossos políticos sejam capazes de fechar as torneiras do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral que jorram para eles bilhões dos nossos impostos.

É preciso lutar para que o Brasil passe a permitir as candidaturas independentes. É preciso ter esperança de que uma nova geração de políticos – políticos de verdade –, competente, honesta, coerente, apegada ao mundo real, vai substituir, em breve, as velhas raposas.

Título e Texto: Luís Ernesto Lacombe, Revista Timeline, 29-9-2024

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