Veteranos da política brasileira e a ascensão de uma nova geração de líderes
Luís Ernesto Lacombe
É impossível apontar no Brasil
um partido conservador. O PL não é... Ou a maior parte dos filiados à legenda
não tem nada a ver com o conservadorismo. Apesar do nome, o PL também não pode
ser considerado um partido liberal... Quem mais se aproxima do liberalismo –
agora que já não há mais um João Amoêdo transfigurado no comando – é o Partido
Novo.
Uma passada de olhos pela
lista de 29 partidos registrados no TSE comprova a dificuldade tremenda que é
definir o que cada um defende, suas bandeiras, sua linha ideológica. O que
temos, quase sempre, são os “sacos de gatos”, uma reunião de oportunistas e
egoístas. A maioria da nossa “classe política” não é formada verdadeiramente
por políticos. O que encontramos em grande número são negociantes,
barganhistas, vendilhões.
Eles só querem se dar bem, se
entregar a negociatas, mamatas, falcatruas, velhacaria. Não há preocupação
genuína com o bem do Brasil e dos brasileiros. Infelizmente, tem sido assim
desde o início da nossa República. Virou uma tradição contra a qual os protestos
invariavelmente são tímidos. E parece não haver Justiça capaz de expurgar essa
gente, ou fazê-la se arrepender, pedir perdão e se endireitar.
Nossos partidos políticos são praticamente um balcão de negócios, e há muito dinheiro nisso, cada vez mais... O orçamento para o Fundo Eleitoral praticamente dobrou em 2024, são quase R$ 5 bilhões. E ainda tem o Fundo Partidário, de R$ 1,2 bilhão. Quem banca tudo isso são os pagadores de impostos. Eles sustentam as máquinas comandadas por gente como Baleia Rossi, presidente do MDB, Valdemar Costa Neto, do PL, Gilberto Kassab, do PSD, Gleisi Hoffmann, do PT, Antônio de Rueda, que assumiu a presidência do União Brasil no lugar de Luciano Bivar, e André Figueiredo, que substituiu Carlos Lupi no comando do PDT.
Num país ideal, não deve
despencar sobre os ombros e no bolso dos pagadores de impostos a manutenção de
partidos políticos, muito menos o financiamento de campanhas eleitorais. As
legendas devem ser capazes de gerar sua própria receita. Que se virem com contribuições
mensais dos filiados, doações, com a organização de eventos pagos, seminários,
palestras, que façam rifas, vendam camisetas, bonés, bandeiras, broches,
canecas...
Os mais de R$ 6 bilhões dos
brasileiríssimos fundos partidário e eleitoral teriam certamente destinação
melhor se não fossem entregues aos caciques das legendas que nunca se preocupam
realmente com nosso país. Há tanto o que mudar... E é preciso acreditar no
improvável, que nossos políticos sejam capazes de fechar as torneiras do Fundo
Partidário e do Fundo Eleitoral que jorram para eles bilhões dos nossos
impostos.
É preciso lutar para que o
Brasil passe a permitir as candidaturas independentes. É preciso ter esperança
de que uma nova geração de políticos – políticos de verdade –, competente,
honesta, coerente, apegada ao mundo real, vai substituir, em breve, as velhas
raposas.
Título e Texto: Luís
Ernesto Lacombe, Revista Timeline, 29-9-2024
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