sexta-feira, 17 de maio de 2024

[Foco no fosso] Na verdade...

Haroldo Barbosa

A equação de movimento da Natureza só será descoberta no último dia de vida da humanidade na Terra. Com um estilo de vida praticado nos idos do século XVII, isto poderia demorar uns 100000 anos. 

No formato atual, será que vai demorar 250 anos? 

Elencar as diversas “anomalias” (nada mais do que os pontos “zeros” de cada ciclo da história do planeta) já ocorridas em torno do globo, deve preencher umas 2000 páginas de um livro no formato do Tesouro da Juventude. 

Países civilizados (onde dão valor à formação educacional), estudam cada capítulo deste suposto livro para enfrentar cada ponto “zero” previsível. Não pretendem impedir que cada “anomalia” ocorra. Mas planejam e executam ações que preparam as populações mais próximas a se protegerem das consequências dos eventos. Tendo planos A, B e C para cada intensidade possível do desastre, a interrupção das atividades cotidianas são mínimas. Pouca destruição, fácil reconstrução, poucas perdas econômicas, mínimas perdas de VIDAS. 

No Brasil, “educado” pelo prisma do “deixa como está que depois a gente vê o que fazer”, efetuar planejamento se resume a discursos de políticos aproveitadores (de terno italiano) que passeiam de helicóptero sobre áreas arrasadas e diante das câmeras emitem as falácias aprendidas com seus antecessores, tipo: 

1 - Em menos de 90 dias vamos criar uma comissão de estudo para definir as medidas emergenciais (?) e um plano de reconstrução.

Na verdade, vão gerar compras sem licitação, de equipamentos paliativos (em empresas “amigas”) para adiar sofrimentos. 

2 - Nosso departamento estava preparado para enfrentar tais dificuldades. No entanto, 12 milímetros a mais de chuva danificou (?) mais da metade das bombas de sucção e parte da equipe estava de férias.

Na verdade, compraram 25 bombas de 2ª mão (ao preço de novas), das quais 6 não foram instaladas por falta de disjuntores, 6 estão na manutenção desde o início do ano passado e 8 foram emprestadas à secretaria de “cultura” para limpar área onde será realizado show musical “gratuito” com artista internacional. E 75% dos técnicos do setor, mal sabem remover parafusos. Foram “contratados” por indicação de políticos danosos à população. 

3 - O Presidente de nosso partido encaminhou há 5 anos um projeto à câmara (de gás?) que está aguardando espaço na pauta para ser debatido para impedir que tais tragédias se repitam no mesmo nível.

Na verdade, ele está emperrado pois alguns “opositores” foram contemplados com baixa participação no “esquema” de futuros contratos. 

E assim vamos conduzindo a nossa “procissão” de tragédias que geram lucros aos gestores. Nada de manutenção preventiva. O lucrativo é que estruturas desabem para construção de novas - melhor se puder usar o “cimento” aplicado no prédio Palace II (RJ). 

Se você tem menos de 20 anos, pergunte aos pais e avós sobre incêndios do Joelma, Serrador, Boate Kiss, restaurante da Praça Tiradentes e regulares queimadas de nossas florestas.

Pergunte sobre embarcações que afundaram por excesso de passageiros e por falta de coletes para flutuação.

Pergunte desde quando a baixada fluminense aparece com vários bairros tendo córregos invadindo casas por falta de obras de saneamento no município.

Pergunte quantas vezes as cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo (e outras) choraram por vidas perdidas por quedas de encostas.

Pergunte se depois da queda da represa de Brumadinho os responsáveis do setor colocaram algum projeto em ação para evitar que dezenas de outras barragens desabem nos próximos 20 anos.

Pergunte sobre viadutos e vias asfaltadas que foram “inauguradas” e não terminadas na região amazônica.

Pergunte o motivo de problemas ocorridos em 12 anos diferentes se repetirem após as “obras” de correção.

E mais importante: pergunte o que fizeram com montantes arrecadados pelos IPTUs, IPVAs, Ixxx desde quando foram criados. 

E pode ter certeza de que novas (e piores) tragédias do mesmo padrão se repetirão, pois com um “caos” ativo, os palanques eleitorais ficam abastecidos para exploração da sensibilidade de cada eleitor que foi doutrinado (pela má qualidade da educação praticada nas escolas públicas) a não perceber o poder que tem à disposição através do “zap-zap”. Além do mais, os cofres públicos se abrem com mais generosidade se um “conceituado” parlamentar rotular o pedido de verba extra com um título emotivo. 

Agora a tragédia do RS está nos holofotes, evidenciando a desastrosa administração pública (geral) que nos conduz desde a implantação da república. O corpo de funcionários públicos (qualquer nível) tem quase 40% de incapazes que ganharam cargos por terem sido “apoiadores” nas campanhas eleitorais anteriores. Não são qualificados nem para limpar vidraças. Imagine planejar e orientar pessoas em situação de penúria, após perda de suas residências, documentos e familiares. 

Tal desastre ocorrendo num país atento às demandas do povo que paga altos impostos, temos a certeza de que em 2 anos a vida destas populações sacrificadas alcançam 98% de recuperação. 

Nossas catástrofes, na média, demoram 5 vezes mais tempo para conseguir recuperar 90% do cenário anterior à tragédia. E as cicatrizes deixadas, não são suficientes para que os afetados aprendam a votar. 

Na verdade, existem muitas promessas, muitos desvios de verbas, muitas tragédias repetidas NOS MESMOS pontos. 

Na verdade, o povo domesticado vota NOS MESMOS. 

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço. 

Título e Texto: Haroldo Barbosa, Rio de Janeiro, 16-5-2024 

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