Elisabete Tavares
Pela Europa fora, fala-se na
“ascensão do populismo” e do “aumento de votos na direita” e na
“extrema-direita”. As perspectivas apontam para que, nestas eleições europeias,
se incline para a direita a balança dos deputados eleitos.
Da Avenida da Liberdade, no dia 25 de Abril, passando pela comunicação social, pela opinião de comentadores/influencers pagos e publicações nas redes sociais, somam-se os apelos ao “combate ao populismo e à extrema-direita”. Em resumo, “aos fascistas”.
Esta visão simplista, infantil
e a preto e branco só não espanta porque todos temos observado a enorme bolha
em que confortavelmente têm vivido os que apontam o dedo ao “perigo” do
“fascismo” como a grande batalha dos nossos tempos, na Europa.
Jornalistas,
comentadores, influencers diversos (incluindo antigos
políticos a lucrar com grandes empresas e lobbies), acotovelam-se a
ver quem grita mais alto “fora os fascistas!” depois de anos a apoiar políticas anti-democráticas e perigosas, que promoveram a opacidade e a censura e criaram crises em
várias frentes.
Claro que não lhes dá jeito
nenhum contar a verdade e defender soluções para os problemas que levam a um
certo sentido de voto. Dá-lhes muito jeito apontar o dedo a um novo “inimigo”
contra o qual “todos se têm de unir”. Faz lembrar algo?
Este estratagema antigo e
conhecido pode resultar com alguma franja da população (normalmente, sem acesso
a informação além das TVs e dos mass media). Mas falha em conseguir
já convencer a grande maioria dos cidadãos.
(…)
Temo que partidos à esquerda e
centristas não compreendam que o que têm defendido nos últimos anos tem sido,
muitas vezes, políticas fascistas, totalitárias. Censura. Cultura de
cancelamento e de difamação e perseguição de jornalistas, académicos,
cientistas e políticos. Proteção da especulação e das grandes multinacionais. Proteção
da opacidade e da corrupção. Em Portugal e na União Europeia.
Apontar o dedo a um inimigo
pode ser fácil. Mas, para muitos europeus, já não vai funcionar. O problema não
está nos europeus nem no seu sentido de voto. Está, antes, naqueles que os
traíram e desiludiram.
Por isso, quando vir alguém
que aprovou as políticas nos últimos anos a gritar “fora com o fascista!”,
recomende-lhe que tenha vergonha na cara. E que arranje um espelho.
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