Telmo Azevedo Fernandes
Luís Montenegro, Rui Moreira
entre outras figuras públicas prestaram um péssimo serviço ao país na forma
como comentaram os crimes ocorridos no Porto envolvendo imigrantes magrebinos.
Obviamente que espancar
pessoas é a todos os títulos condenável e absolutamente inaceitável. E era
apenas isto que deveriam ter dito. Quando os políticos enquadram a violência
ocorrida em suposto racismo, xenofobia e “crimes de ódio” cedem à tentação de mostrar
quão boas e virtuosas pessoas são. Mas pior. Embora quiçá sem intenção, objetivamente
menosprezam a realidade de insegurança que se vive na cidade e sobretudo
escondem e silenciam a questão da ligação entre imigração e criminalidade.
Em vários países da Europa
está estudado e documentado o desproporcionado número de crimes que são
cometidos por algumas etnias relativamente à sua representatividade na
população em geral. Em Portugal parece que se escondem este tipo de
estatísticas, mas com grande probabilidade o nosso país não será uma excepção
europeia.
Esta disparidade na propensão para o crime não resulta da genética ou da raça em si mesma. Mas certamente também não é resultado de racismo ou discriminação social. Aliás, não me consta que as cidades da Argélia ou de Marrocos sejam mais seguras que as cidades portuguesas, e lá não existe certamente xenofobia contra argelinos nem marroquinos, os habitantes locais. Os padrões de comportamento de imigrantes em Portugal, nomeadamente de origem islâmica, resultam de diferenças culturais e de uma complexidade de fatores nomeadamente a idade média e a composição familiar das suas populações.
Porém, ao contrário daqueles
que não se cansam de apontar as falhas do nosso país em integrar os imigrantes,
convém não esquecer que a responsabilidade primeira e o ónus da adaptação recai
em primeira instância sobre os próprios imigrantes e não sobre a sociedade de
acolhimento.
Ora, Portugal não deve
autorizar a permanência de imigrantes com registo criminal conhecido, nem deve
tolerar delinquentes estrangeiros desculpabilizando-os como se vítimas de
racismo se tratassem.
Evitar que as questões da
imigração e da criminalidade sejam associadas na discussão pública é uma
lengalenga politicamente correta que resultará apenas em abdicarmos dos nossos
valores de liberdade, segurança e identidade cultural, o que não ajuda a manter
uma sociedade funcional.
Podemos fechar os olhos a isto
e tratar um caso de polícia como se fosse um pretexto para bater a mão no peito
virtuoso ao mesmo tempo que ignoramos as queixas de quem vive no local. Mas não
podemos ao mesmo tempo queixarmo-nos do crescimento do populismo.
A minha crônica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 8-5-2024
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