domingo, 5 de maio de 2024

[As danações de Carina] Para onde vamos depois que fechamos os olhos?!

Carina Bratt  

A QUESTÃO é complexa e heterogenia, ou escrita de forma mais intrincada e enredosa, não só de difícil entendimento, mas, cá entre nós, leigas e desalumiadas. A verdade, queridas amigas é uma só: se paramos para pensar com mais seriedade e profundez no assunto, chegaremos à conclusão inconclusa que a coisa é por demais esquisita e pior, intrínseca. Segue no ar, indefinida, a indagação melosa: Para onde vamos quando batemos as botas, ou melhor, grosso modo, quando deixamos de respirar e morrermos? 

Parece, vista assim à olho nu, uma indagação simples, sem maiores problemas. Todavia, sem uma resposta coerente e harmoniosa, racional ou lógica. A meu ver, se constitui numa das mais antigas profundas e intrigantes interrogações oriundas do ser humano. A contestação correta, a contradita sem retoques, a réplica sem meios termos (vamos chamar assim, ‘sem meios termos’), envolve a filosofia, sem deixar de lado a religião e a ciência. Cada cultura e crença tem a sua própria interpretação do que acontece após o derradeiro suspiro.  

Entre mortos e feridos, mais mortos que feridos, o que vem depois do ‘ato da passagem,’ ou da travessia para o outro lado –, ou entendam amigas –, quando deixamos a vida maravilhosa que nos abraça e seguimos feitas porquinhas para o abatedouro, para a inoxidável sala fria do velório?  O que vem depois? O que nos aguarda, o que nos espera? Em um mundo imbecilizado, onde o tangível toca nossos sentidos, a morte na sua altivez e soberba, permanece como um mistério oscilante e intransponível, intocável e inacessível. 

A ‘fronteira final,’ o limite entre o aqui e o lá, o acolá da existência humana, ou (terrena) até hoje ninguém voltou sorridente ou triste, para dizer: ‘é assim, ou assado.” E a perguntinha chata e sem vergonha, para sacanear, persiste. Aliás, insiste. Não desiste. Pombas! Para onde vamos, quando o sopro da vida nos deixar e se extinguir? Alguns que se acham diplomados e de carteirinhas, dizem que partimos de mala e cuia para um lugar de eterna paz ou tormento, conforme as Escrituras Sagradas que guiam a fé de muitos. 

Outros acreditam e batem na caverna da reencarnação, ou seja, defendem de unhas e dentes, a tese (sem tesão, obviamente), de um ciclo sem fim de vida. Mesmo os banguelas e desdentados embarcam na mesma canoa. Dito de forma mais abrangente: vamos da morte ao renascimento, do renascimento ao paraíso, num abrir e piscar de orelhas. Mesmo pulo, onde a existência é uma chance de purificar a alma, notadamente a espúria, há quem veja a morte como um sono sem sonhos, o fim absoluto, sem a consciência da continuidade. 

Há também os estrangeiros que esperam que a ciência, um dia, desvende esse enigma, talvez encontrando numa centelha de imortalidade em nosso código genético. Diante da cegueira (tipo a dona justiça com a calcinha menstruada nos olhos), todas nós, de mãos e pés atados, o que nos deixa no ar, ao deus-dará, com a pulga insistente colada na sobrancelha, pelo sim, pelo não, mais pelo não, enquanto o dia fatal não chega, não se avizinha, talvez o melhor seja vivermos intensamente o dia a dia, ou o hoje, o agora, o já, na certeza certa da incerteza obscura, abraçando cada momento certo com a intensidade incerta e febril (ou ‘pegável’) de quem sabe, seja lá para onde formos, a convicção do nosso agora não totalmente certo, se traduza no nosso bem mais precioso. 

Quanto a isso, seguirei agarrada ao ponto pacífico, moderada, metódica, sem maiores ‘mimimis.’ Fim de papo. Euzinha, apesar de encucada, cismada, receosa, confrangida, congestionada, tipo uma ‘noia desnoiada,’ na contramão do ‘não sei se vou, não sei se eu fico, se eu fico aqui, ou se fico lá... se estou lá, tenho que vir... se estou aqui agora –, ou lá, depois, vai se saber –, NÃO POSSO VOLTAR,’ farei como Martinho da Vila.  

Às vezes tenho a impressão de que transito com meu carro por uma BR com um acidente fatal acabado de acontecer. Me pergunto, boquiaberta e estarrecida: alguém tem um convencimento preciso e mais acertado e coerente do que acontece depois que batemos com as doze?!  Ou com as treze? Por qual motivo as pessoas dizem que batemos com as doze? Linha aberta e direta para quem quiser deixar a sua opinião. 

Título e texto: Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 5-5-2024

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2 comentários:

  1. PARA O MESMO LUGAR DE ONDE VIEMOS, O PÓ DA TERRA.

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  2. MEIO DIFICIL, VOLTARMOS PARA "O MESMO PÓ DE ONDE VIEMOS, O PÓ DA TERRA." O PÓ DA TERRA FOI CONTAMINADO PELOS VERMES, PELAS LOMBRIGAS, PELAS BARATAS E PELOS RATOS DE ESGOTO E OUTROS PARASITAS E INSETOS QUE ABUNDAM "PELA AI," SEM MENCIONARMOS MAS JÁ O FAZENDO E, SOBRETUDO, LEMBRANDO, QUE TODA A ALCATÉIA CITADA NESTE COMENTÁRIO FOI CONTAMINADA POR TER COMIDO PICANHA AO MOLHO PARDO REGADA A CANJA DE GALINHA E BEBIDO CACHAÇA.
    Aparecido Raimundo de Souza, de Iperó, interior de São Paulo

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