Aparecido Raimundo de Souza
Grosso modo, um portento assombroso que pode nos afundar num abrir e fechar de olhos, e em consequência, nos aprisionar, impedindo os nossos passos de seguirem o horizonte delineado, o porto seguro. Visto por uma ótica mais estranha. Privando os nossos objetivos de deslancharem, de irem e virem e de alcançarem o verdadeiro e tão sonhado potencial que todos nós carregamos por força do Criador. Em outras palavras, uma voragem insólita e inesperada desviando para uma rota-alternativa e sem volta os nossos empenhos previamente delineados.
Em se tratando de jornada de existência desconhecida, muitas vezes nos encontramos em um itinerário que parece monótono e sem brilho. Será que a exiguidade, como a areia movediça se faria inevitável, ou melhor posto, poderia ser ela, de alguma forma, simplesmente evitada? Apesar de difícil, vamos tentar explorar o alvo de uma forma bem amena. A mediocridade ou a parvidade não seria apenas uma condição. Ela se faria como uma escolha “não escolhida.” Partindo daí, se manifestaria quando nos contentássemos com o mínimo, ou quando aceitássemos a mesmice e abandonássemos os desafios ainda não buscados.
O segredo de uma existência falha e traiçoeira, é marcado por alguns comportamentos e atitudes. Quais seriam? Vejamos os mais chatos: O “Conformismo” lidera o ranking. Com isso, a mediocridade floresce, ganha vida e força, se robustece, quando nos agasalhamos com o “status quo.” Não buscamos, como deveríamos, o crescimento, bem ainda, não questionamos, não nos esforçamos, aliás, não fazemos nada... simplesmente aceitamos sem pestanejar, não movendo uma palha, para melhorar o quadro hostil bem ali à nossa frente. Quando nos acomodamos albergados na zona de conforto e deixamos de explorar novos horizontes, o obscuro desordenado imediatamente entra em cena e ganha terreno.
Se continuarmos inertes, feitos pobres e tristes pacóvios, por certo, mais hoje, ou amanhã, sucumbiremos. Há um outro ponto a ser trazido à baila. A “Falta de paixão.” Uma vida mal vivida, sem a vitalidade da vicissitude, carece de paixão. Muita paixão. De preferência uma devoção eufórica e avassaladora. Um dos nossos piores problemas está bem aqui diante de nossos narizes. Não nos dedicamos com fervor a nada. Levamos na flauta. Fazemos o mínimo necessário para sobreviver, porém, não nos apaixonamos idolatradamente por nossos projetos, relacionamentos ou sonhos.
Mesma estrada de retorno incerto, amamentamos como a um recém-nascido, a “Ausência de Autenticidade.” A burrice cavalar ou a asnice imbecilóide, nos leva a esconder a nossa verdadeira essência. Tememos ser diferentes e, em razão disso, nos camuflamos mergulhados em meio de uma multidão desenfreada e sem objetivos vorazes e sofreguidos. Perdemos, com essa fraqueza, o âmago e, de lambuja, a plenitude. Deixamos de lado a autenticidade e, por conta, nos tornamos meras cópias desbotadas. “Medo do fracasso.” O receio de falharmos nos impede de arriscar. Preferimos não tentar coisa alguma, a enfrentarmos a possibilidade de não atingirmos, em cheio, o sucesso. Permanecemos, pois, onde o risco é mínimo, ou acredite se quiser, quase insignificante.
“Resistência a mudanças. ” O anódino, como todos devem saber, é balsâmico E por qual motivo é assim? Pelo fato de não queremos mudar, de não planejamos ir em frente. A mutação, ou a conversão, acima de qualquer coisa, exige esforço hercúleo e enfrentamento. Optamos pelo menor combate, qual seja, mantermos por comodidade, simplesmente deixarmos as coisas como estão, mesmo que isso signifique uma decisão simples conhecida como “estagnação.” Entre mortos e feridos, como escapar desse carreiro temerário? Como transformar uma existência despicienda em algo mais eficaz e duradoura e logicamente significativa?
Se os meus senhores e as minhas senhoras me permitirem, darei algumas sugestões. “Autoconfiança.” Reconhecer quando estamos caindo no inócuo inoperante seria o passo mais propício. Devemos estar sempre atentos aos sinais de conformismo e falta de paixão. A autoconsciência é o passo robusto, na verdade, o passo avultado e mais indicado para a verdadeira mudança. No mesmo seguimento, “Definir metas inspiradoras.” Também tal atitude não pode deixar de ser vista e revista. O que seria metas inspiradoras? Simples! Estabelecermos ou criarmos situações inusitadas que empolguem, ou que balancem literalmente a roseira.
O arrebatamento quando ponderoso e suasório, costuma dar bons resultados. Devemos também sonhar grande e traçar uma estrada direta e sem curvas, para abocanharmos os objetivos pretendidos. É de bom alvitre lembrarmos sempre que a moderação vulgar não sobrevive quando há uma visão clara e objetiva do que realmente temos como favoritismo. Outro ponto fundamental. “Superar os medos.” Aceitamos com fé e coragem que o fracasso faz parte do processo. Todavia, nunca deixarmos que o receio se achegue e paralise a nossa mente, ou tolha os nossos movimentos, ou no pior dos mundos, tente pintar de outras cores, o nosso cotidiano.
Precisamos aprender de uma vez por todas com os erros e continuarmos avançando. Sempre em frente. Passos à retaguarda, nem para tomar impulso. “Carecemos, outrossim, sermos autênticos.” Abandonarmos as máscaras. Mostrarmos como somos, com todas as nossas imperfeições e peculiaridades. A autenticidade é uma fonte libertadora e inesgotável que nos afasta para bem distante da submissão. “Abraçar a mudança.” A vida, meus caros e nobres amigos, é dinâmica. Por assim, se faz mister estarmos dispostos a mudar, a aprender, a crescer. Sobretudo, a nos expandirmos.
A avareza de espírito, a sovinice, ou até mesmo a idiotice em sua forma mais apurada, não sobrevivem em um coração de portas abertas, menos ainda frenteada a uma alma limpa e cristalina em ritmo constante de transformação total. Termos, acima de tudo, haja o que houver, a certeza amadurecida de que a somiticaria é uma escolha. Nós todos podemos, a qualquer tempo, optar por seguirmos um itinerário monótono ou, em via paralela, trilharmos por uma senda mais longa, usque desafiadora, majestosa e significativa. A decisão final, aquela que nos levará ao sucesso, glorioso estará sempre, seja em que circunstancia for, em nossas mãos.
Título e
Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro,
28-5-2024
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