quinta-feira, 2 de maio de 2024

[Daqui e Dali] Bigodes de gato

Humberto Pinho da Silva

Em "Falas Sem Fio", Agostinho de Campos inclui belo conselho, que os países, ou melhor, os Ministros da Guerra, deviam ponderar, antes de invadirem a nação vizinha.

Decerto, o leitor que me lê pachorrentamente, desconhece quem foi Agostinho de Campos. É natural, em Portugal esquecemo-nos facilmente as ilustres figuras após seu desaparecimento; e notáveis intelectuais, mesmo antes de falecerem, conheceram o desprezo, o abandono dos contemporâneos. Escuso de os mencionar, porque são tantos, e sobejamente conhecidos.

Agostinho de Campos foi notável Professor Catedrático da Universidade de Coimbra e de Lisboa. Jornalista, conferencista e articulista de "O Comercio do Porto" e "O Primeiro de Janeiro", com artigos que versavam pedagogia, linguista e critica literária. Tem numerosos livros publicados pela Bertrand. Faleceu em Lisboa no ano de 1944.

Ao reler "Falas Sem Fio", deparei com texto curioso, que pretendo dar a conhecer ao leitor:

"Segundo me afirmou um naturalista, os bigodes de gato crescem na proposição que eles engordam, e a sábia natureza não se engana a respeito das razões porque assim legislou:

Quando algum gato, por motivos estratégicos, puramente defensivo, tem de enfiar-se por algum buraco, e não lhe conhece as características e seguintes, entesa os bigodes, e enquanto o couberem na largura do buraco, vai o gato seguindo sem medo, porque onde os bigodes passarem sem dobrar, passará corpo do animal, e não há perigo de que ele fique entalado, sem poder andar para trás ou para diante.

Os países bem governados, antes de declararem guerra aos outros, devem arranjar ministros da guerra, com uns bigodes, assim sensíveis e previdentes, para saberem bem no que se metem."

Acrescentaria ainda: devem, igualmente, os que se dedicam à política, para se acautelarem das ciladas dos antagonistas e, até... dos "amigos", terem bigodes gatorro.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, abril de 2024

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Um comentário:

  1. Tenho dele, em minha biblioteca particular, "As Três Prosas, a Pobre, a Rica e a Nova...".
    Aparecido Raimundo de Souza
    da Lagoa, Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro

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