Aparecido Raimundo de Souza
O animal homem (pode aqui ser equiparado a qualquer
quadrúpede de três pés. Três pés??!!), molho confuso de complexos e nervos,
inquestionavelmente se destrói a si mesmo, criando barreiras em seu caminho,
obstruindo passagens que mais tarde lhe poderiam ser úteis. Ele não sabe
retroceder quando dá um passo errado e jamais estende a mão à palmatória, mesmo
sabendo ou reconhecendo estar redondamente equivocado.
Certo escritor ao se referir a esse dotado animal
inteligente, dizia que “em virtude de seu ceticismo, o homem moderno foi
repelido sobre si mesmo. Suas energias correm para sua fonte e fazem vir à tona
aqueles conteúdos psíquicos que ali estão permanentemente, mas, jazem ocultos,
na vasa, enquanto a corrente flui mansamente no seu curso (¹)”.
Imaginem, senhoras e senhores, quão totalmente diverso
aparecia o mundo ao homem medieval! Para ele, a terra estava eternamente fixa
numa espécie de roda gigante emperrada em face das engrenagens completamente
oxidadas.
Mesma via, o infinito em repouso ad aeternum lá em cima, no centro do universo, cercado pela
trajetória de um sol anêmico e frio, lhe dispensava, com moleza descomedida,
seu calor sem um pingo de calor.
Conseguiram imaginar? Tampouco nós!
Esse ser vivente, nessa época, era filho de Deus? Sim, com
certeza! Cagava um quilo certo, sob o cuidado do Mais Alto, que o preparava
para a terra da eterna bem-aventurança. E ai dele se urinasse fora do penico!
O sujeito sabia exatamente o que deveria fazer e como
conduzir seus propósitos, a fim de se erguer da terra espúria sem máculas, se
levantar de um mundo corruptível e uma vida incorruptível e sistematicamente
jubilosa e partir para o abraço magnificente e faustoso do Senhor de todas as
coisas.
O homem de ontem, poderia, por outro lado, ser comparado
também a muitas outras coisas, tipo um gato miando, um cachorro latindo, uma
vaca mugindo, uma arma sendo disparada. Por que não a um sujeito dando uma
gozada básica numa xoxota de puta de bordel de periferia? Naquele tempo, amados leitores, não havia
bordel e o infeliz precisava engatar um cinco contra um esporrando nos baixos
fudetórios de num cabrito ou de num bode.
Vamos simplificar a coisa. O homem de outrora, semelhava a
um “rádio transmissor” ligado em várias estações ao mesmo tempo. Nesse furdunço
desordenado, ao invés do desgraçado ouvir algumas dessas estações claramente,
recebia apenas o que a ciência Facebook ou a engenhoca WhatsApp dos nossos dias
atuais, cognominaria de “estática intolerável”.
Talvez seja por essa razão e muitas outras não estamos tendo
a oportunidade de descrever, que o homem animal (o homem de hoje) desmorona
seus bens, e vontades como castelos feitos de areia. O abestado destrói
conjuntamente seus sonhos e desejos de maneira tão frequente, que o quadro
chega a ser desalentador.
Se esse ser criado pelo Todo Poderoso soubesse admitir seus
desencontros e pontos fracos, suas mazelas e impurezas (impurezas da alma,
evidentemente), estabelecendo uma prévia deliberação antes de empreender
determinada coisa, muitas e muitas e muitas de suas esperanças e motivações não
cairiam por terra, nem se desfariam no ar, como fumaça no vendaval das nuvens.
O homem de ontem não tinha esses problemas e para ele tudo era um belo paraíso.
Talvez, quem sabe, se ele (o homem de hoje), soubesse
diferenciar, ou melhor, enxergar e discernir o simbolismo existente nas pontas
de um simples “compasso”, ou compreendesse as metáforas ocultas
sistematicamente sobre um “esquadro”, não sofresse tanto, nem batesse a cabeça
aqui, ali ou acolá.
Infelizmente, a criatura humana (e aqui fazemos menção ao
homem de hoje), mal e “porcamente” explicaria o que é um “compasso”, ou um
“esquadro”, e, via idêntica, singularizaria ou diferenciaria a existência de
algumas veleidades neles ocultos. É o
que os estudiosos chamam de “Burrice dos chifres mal colocados”.
Se o cidadão (continuamos com o homem de hoje) tem os cornos
fora dos padrões normais, (mais corno, menos corno, perdão, mais inteligência e
vivacidade, maior poder de entendimento e visão das coisas simples) certamente
será um neófito em busca de uma vela para acender no final escuro do túnel.
Todavia, se de cara provar que sabe das coisas, e conseguir
digerir na primeira mordida, desculpem, mastigar na prima espiada, a
divergência ou a disparidade entre um “compasso” e um “esquadro”, creiam amadas
e amados jamais se tornará, escravo de quem quer que seja, haja o que houver,
aconteça o que acontecer.
Nesse tom (sem Jobim ao cavaquinho executando Chico
Buarque), existem homens que buscam construir empecilhos e barreiras
intransponíveis para seus semelhantes.
Outros prejudicam diretamente sem medir as consequências. Um
determinado grupinho mais fechado coeso e irresponsável prefere atingir
diretamente o “infeliz carente” dando em sua cabeça uma cacetada só.
Esse “infeliz carente” tanto pode ser o irmão, o vizinho do
lado, o amigo, o companheiro de trabalho, não importa, reduzindo a sua vidinha
à condição torpe de criado ou serviçal de seus próprios atos e vontades é o que
faz toda a diferença.
Sabemos todos, que tais atos são contrários as Leis da
Natureza e, mais ainda, aos Mandamentos de Deus. Se pensássemos seriamente
antes de atirarmos a primeira pedra, não haveria, num primeiro momento, tantas
janelas com vidraças quebradas e pais furiosos batendo à nossa porta.
Num segundo instante, não veríamos o descortinar de tamanha
miséria humana se embolando logo adiante, nem tampouco o desnível social se
elevaria a tão alto grau no IPOBE do progresso.
Por falar em progresso, senhoras e senhores, não somos
contra ele. De forma alguma. Apenas achamos que o homem (de hoje) não deveria
se deixar transformar na condição de servente. Servidor de seu próprio
consanguíneo, partindo do básico entendimento de que SOMOS TODOS IRMÃOS.
Ele (o homem de hoje) deveria saber impor condições ao
modernismo sem se deixar levar pela sede de querer alcançar algo novo, sem se
importar com a sua moral e, consequentemente, com a objetividade de seus
familiares.
Antigamente, o homem não se deixava dominar, mas avassalava,
sem oprimir. Erradicava a sua vontade e fazia valer seus princípios, fossem
eles quais fossem.
Segundo alguns entendidos, no assunto, essa “era” ou esse
“tempo” se acha tão distanciado no passado dos machos de agora, como a
“mesmice” dos floridos tempos de crianças de calças curtas.
Na ingenuidade dos nossos “devaneios” ao futuro, achávamos
nossos pais inquestionavelmente os homens mais belos e fortes. Os heróis
invencíveis que víamos nos seriados imperdíveis do Zorro e Batman, o Homem
Morcego.
AVISO AOS NAVEGANTES:
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APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ PANFLETADO E
DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO “LINHAS
MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Vila Velha no Espírito
Santo. 14-2-2017
(¹) Obra acima
citada. “Arrogantes, Anônimos, Subversivos” Rita de Cássia Lahos Morelli
Mercado das Letras Edições e Livraria Ltda.
1ª Edição 2000, Campinas, São Paulo.
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