quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] O Mercenarismo no Ensino Particular

Aparecido Raimundo de Souza

Temos acompanhado o desenrolar acutilante e pungente de uma verdadeira batalha, que se desenvolve no âmbito do ensino, a nível nacional, sem que as autoridades competentes tragam à luz da discussão os pontos considerados nevrálgicos que definam o verdadeiro papel do ensino particular no nosso processo educacional.

Um tiroteio entre cegos no escuro vem acontecendo, com balas voando e se cruzando pra cá e pra lá. A sociedade, sem qualquer dúvida, se pega de pés amarrados em meio dessa confusão e, em vista disso, é a única violentada e desprotegida. Não é possível entendermos a insensibilidade dos responsáveis com esse desgastante problema que se arrasta pior que os desmembramentos estapafúrdicos da “Operação Lava Gatos, Gatas, e outros bichinhos caseiros de estimação”.

Entre mortos e feridos, mais mortos que feridos, até à presente data, nenhuma medida concreta e decente foi apresentada por nossas autoridades governamentais. Na verdade, a impressão que parece estar à vista de todos, é a de que esses párias não estão nem aí. Talvez seja por essa razão que a EDUCAÇÃO dos brasileiros seja tão vazia e depravada.

Com isso, senhoras e senhores, a questão se agrava e o circo continua pegando fogo. Idealizado num primeiro momento, para atender às classes nobres, conhecida entre os pobres e famintos como a alta “burguesia”, o ensino privado, aos poucos, veio a ser utilizado como uma alternativa, em substituição ao ensino público, que dava, até bem pouco tempo atrás, sinais de profunda decadência. Num segundo momento, de fato, descambou para as valas comuns da degradação geral. 

Com isso, a bola de neve se avolumou assustadoramente. Cresceu a ponto de se intensificar de uma maneira jamais vista. A ponto de se transformar, em pouco tempo, em uma atividade exclusivamente comercial, onde os mais variados exemplos de mercenarismo vêm atormentando 95% das famílias brasileiras.

E esse pesadelo não é só pelos altos custos praticados.  Igualmente, por não serem considerados, em muitos casos, ou melhor, na maioria deles, a má qualidade do que deveria ser passado, ou dito de outra forma, ensinado a quem realmente, e com esforço, busca dias melhores para seus horizontes. 

Muitos dirigentes (donos) de escolas ou cursinhos, normalmente, são pessoas desprovidas do mínimo de sensibilidade necessária que a atividade requer para a sua condução normal. Qualquer boçal borra-botas que mal sabe assinar o nome, consegue abrir uma escola, sem que o Ministério da Educação, ou as secretarias de ensino responsáveis exijam uma avaliação bem mais restrita.  Nessa onda gigantesca, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) se vê rejeitada e isolada. De certa forma, na prática, esse ordenamento se tornou inoperante e ultrapassado.

Por conta desse e de outros furos, muitas pocilgas transformaram o ensino (ou algo parecido com ele), em um negócio seguro e altamente lucrativo, haja vista a ostentação de riqueza e poder apresentadas pelos mesmos, sem contar com os milhares de reais gastos com os constantes apelos publicitários. Uma verdadeira epidemia, com propagandas, nem sempre verídicas, veiculadas nos mais diversos meios de comunicação.

Desenraizados do processo de estabilização econômica, fustigados a toque de caixa, outros “despreparados”, com novas escolas se abrindo a cada novo pôr do sol, tentam se implantar no país. Muitos desses falsos empresários (ou professores), com seus estabelecimentos a toque de caixa, conseguem.

Nessas horas, entra em cena, o famoso “jeitinho brasileiro”, regado a propinas por debaixo dos panos. Nesse diapasão, segue o vandalismo da não cultura, a linha solta, se multiplicando como os pombos de Maomé.

Com esse desacerto a mil por hora, e por falta de uma logística honesta, sedimentada num plano coerente para eles, os malandros estão usando e abusando do direito de serem mesquinhos, impondo a seus indefesos usuários (os futuros estudantes) os mais elevados custos. 

Tão altos e desconexos esses valores que, num quadro geral, chegam a dar medo. Não estamos falarmos aqui num outro “xis” importante e fundamental. A organização ordenada, clara e consciente de um ensino de categoria, excelente, robusto, valoroso e altaneiro.

O que nos é legado ou o que nos é dispensado, a altos gastos, nem sempre atende o imprescindível, o substancial, o dominante. Em resumo, nossos filhos pagam rios de dinheiro, por uma educação truncada, desequilibrada, quando deveria ser exatamente o contrário. 

Tabelas e reajustes, mês a mês, com os mais variados argumentos, são impostos aos estudantes, sem que definitivamente, essas aberrações sejam coibidas por quem deveria preservar a moral da educação e do ensino.

Vemos, por essa ótica esdrúxula, espalhada Brasil afora várias fuzarcas abertas, como puteiros de beira de estrada, sem que seus executores, ou coordenadores, sejam autuados e penalizados na forma da lei.

Por essa razão, a gritaria é geral. O pânico também.  Todavia, nada tem conseguido domar e acorrentar a ganância desmedida de certos empresários inescrupulosos (se é que assim podemos chama-los), que fazem de seus negócios um meio vil e torpe de ganhar dinheiro fácil apelando para a lei do menor esforço.

O que temos, nesse seguimento (de escolas irregulares, de cursinhos de fundos de quintais, de professores e “mestres” despreparados, “nós cegos”), chega a dar calafrios na alma. Além de nos sentirmos envergonhados e lesados.

No mesmo calcanhar de Aquiles, associações as mais diversas foram criadas com o objetivo de intermediarem essa absurda e polêmica situação. Antigamente, tínhamos a SUNAB, (lembram dela?!). Foi para as cucuias...

Depois apareceu em cena o PROCOM, e, no mesmo lance, de roldão, o pro isso, o pro aquilo atrelado a um mundaréu de más notícias voltadas para os descalabros. Sem mencionarmos o leque de denúncias que esse ou aquele estabelecimento arregimentou em prática, na fomentação de atos ilegais e abusivos em relação aos consumidores.

Essas falcatruas acabaram virando manchetes na grande imprensa, que denunciou num primeiro momento as várias escolas, a pluralidade delas, fora dos parâmetros exigidos pela legislação, repetindo a batida na mesma tecla, com professores feitos nas coxas, seguidas de um encalistrado de enunciações catastroficamente naufragadas. 

Velhos filmes repetidos (como nas sessões das tardes da Rede Globo) películas vistas e revistas “trocentas” (incontáveis) vezes em todos os períodos pré-matriculares.

A bem da verdade, por uma plateia coadjuvante, tão responsável quanto seus opressores, isto é, a própria sociedade, omissa pelo descaso que impôs às questões de ensino de norte a sul do país.

Este ensino hoje abandonado ao deus dará, e sucateado pelos governos, lentamente desaparece do nosso processo educacional, para desespero e agonia das nossas famílias e, lado outro, em linha igual, a valorização plena e feliz das instituições de ensino particulares.

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Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Vila Velha no Espírito Santo, 15-2-2017   

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