Roger Roberto
A candidata Marine Le Pen,
preferida da direita na eleição presidencial da Franca, se recusou a usar
o véu para se reunir com o mufti da República do Líbano em Beirute.
Na manhã desta terça-feira, a
presidente da Frente Nacional (FN) chegou para se reunir com o xeique Abdelatif
Derian em seu gabinete de Aicha Bakkar, e recebeu um véu. Em resposta, ela
disse: “Transmita ao grande mufti minha consideração, mas não usarei um
véu.” Ela deixou o local imediatamente.
“Ontem indiquei que não
colocaria um véu. Não cancelaram o encontro. Acreditei, portanto, que
aceitariam que não usasse um véu (…) Tentaram me impor isso”, disse Le Pen
aos jornalistas. O Dar al-Fatwa, maior autoridade sunita no Líbano, declarou
nesta terça-feira em um comunicado que “seu gabinete havia informado a
candidata presidencial sobre a necessidade de cobrir a cabeça durante sua
reunião com sua eminência (o mufti), segundo o protocolo de Dar al-Fatwa.”
Cinicamente, a instituição se
declarou “surpresa por esta rejeição a se conformar a uma norma bem
conhecida” e lamentou este “comportamento inadequado.”
Pulando a conversa fiada sobre
isso ser desrespeitoso ou não – porque é claro que não é – o fato é que Le Pen,
na prática, deu um baile nas ministras suecas que se dizem feministas e
independentes, mas que se rebaixaram a usar hijabs em sua
visita ao Irã, respeitando uma tradição da religião mais misógina do mundo.
Título e Texto: Roger Roberto, Ceticismo Político, 21-2-2017
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