domingo, 23 de junho de 2024

[As danações de Carina] Chegou a hora de olharmos com mais acuidade para o futuro

Carina Bratt 

A NOSSA VIDA, na maioria das vezes, prefere ser levada a sério. É bom que se diga, acho que ela tem uma quedinha especial para ser dessa forma empertigada, aplumada, enrijecida e se fazer de cara completamente amarrada. A vida, a nossa vida de hoje, nos leva a fugir a toda hora da rotina dos tempos de mocinha, bem como das brincadeiras, do marasmo e se apresentar aos nossos olhos, como uma senhora de caráter ilibado. Claro que por esse motivo, a gente esquece um pouco o tempo de criança. Não totalmente, mas às vezes se faz necessário. 

Em razão disso, aquele nosso tempo bonançoso, o período em que não precisávamos largar as bonecas no quarto, às pressas, tomarmos o café correndo, se aprontarmos para deixar a casa materna e nos preocuparmos com as atribulações do mundo que se mostrava cheio de artimanhas a partir do momento em que colocávamos nossos pés na rua deixando a calmaria e a tranquilidade do mundinho papai-mamãe. Nessa hora, o tempo de menina levada da breca -, a cabeça cheia de ideias abarrotadas e mirabolantes precisava ficar para outra hora, ou para uma outra oportunidade. 

Lembro das bagunças e arruaças que promovia, quando na esteira dos treze saia apertando as campainhas das outras residências próximas à minha, e, em seguida, carecia de sair correndo... em outras, derramando querosene nos rabinhos dos animais (cachorros e gatos) que dormiam ao longo das calçadas e depois tocando fogo neles, só para ver as criaturinhas sofrerem o diabo, ou furando os pneus dos carros, atirando pedras nas janelas... meu Deus, quanta maldade! Em dias de hoje, certamente teríamos uma série infindável de problemas. 

O que pretendo dizer é que no agora da nossa maturidade, carecemos de abandonar essas coisas de meninas tresloucadas dentro de uma caixinha de lembranças num lugar bem escondido, onde ninguém possa achar e abrir, como se fosse uma Pandora adormecida achada ao acaso. Obviamente, se tal coisa acontecesse, ressuscitaria uma coleção infindável de maldades, as mais rudimentares crueldades e desumanidades que nos deixariam de cabelos em pé e o coração em frangalhos. Por conta da passagem do tempo, tenho plena convicção de que hoje se faz mister e se mostra imprescindível deixarmos no esquecimento do ontem. 

Essa fase (por vezes engraçada, mas também de muitos sofrimentos e amarguras) do nosso tempo de ‘criança-menina’ de sapeca e desmiolada, deve se arquivar divorciada, para nos adaptarmos ao cotidiano e tentarmos viver intensamente o ‘agora-hoje,’ todavia, sem as loucuras e os suplícios de um tempo funesto em que não sabíamos discernir o bem e o mal.  Precisamos, queridas amigas da ‘Grande Família Cão que fuma’, deixamos de ser sapecas e desmioladas, e nos concentrarmos ao mundo atual. Esquecermos, como disse acima e volto a repetir, para deixarmos bem sintetizado, as travessuras e as molecagens.  

A idade adulta chegou e nos abraçou. Em nosso socorro, em total apoio, o 1º Coríntios, Capítulo 13, onde o apóstolo Paulo nos recomenda o seguinte: ‘porque quando eu era menino, falava como menino, e pensava como menino, mas quando cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.’ De forma mais clara, para que entendam (e aqui englobo todas nós) ‘quando eu era uma bebê, no colo da minha mãe, eu balbuciava, como qualquer bebê. Depois que cresci, deixei para sempre as coisas de bebê’. O que pretendo deixar nessa mensagem das minhas ‘Danações’ desse domingo, 23, não outra senão a certeza de que, de uma vez para sempre, precisamos abandonar as nossas coisas de bebê. 

Virarmos pessoas sérias. Temos ao alcance das mãos, as nossas vidas, o nosso agora, o nosso futuro a ser edificado. A cada dia, uma luta diferente, uma peleja nova, um leão faminto surge do nada, para liquidarmos. A vida nos ensina e nos desafia a olharmos o porvir com mais seriedade e discernimento. O físico alemão Albert Einstein deixou um pensamento que nos direciona a acreditar piamente que ‘a maturidade começa a se manifestar em nós, quando sentimos que a nossa preocupação é maior pelos outros, que por nós mesmos.’ 

Ou seja, quando atingimos uma idade mais robusta, e, dentro dela, uma certa maturidade nos envolve -, diria que até em certos momentos nos importamos com nós mesmos. A ideologia do nosso tempo, vem tentado, de todas as formas, reverter essa situação fazendo com que nós nos preocupemos com nossos próprios umbigos. Essa tendência, porém, é uma inclinação perigosa. Entretanto, é bom que se diga, enquanto cuidamos de nós, o Pai Maior vela pelo nosso amanhã. É hora, pois, de sermos mulheres de verdade assumindo as posturas corretas de vivermos intensamente uma longevidade plena, perfeita, absoluta... e que agrade, sobretudo, os olhos cálidos e imensos do Eterno. 

Título e Texto: Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 23-6-2024 

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