quinta-feira, 18 de setembro de 2025

[Daqui e Dali] Conhecem os políticos as dificuldades do povo?

Humberto Pinho da Silva

Durante o tempo que fui redator de publicação local, realizei várias entrevistas a figuras notáveis.

Certa ocasião, entrevistei conhecida deputada. Tentei combinar o local do encontro. Não queria o parlamento. Propôs-me sua casa, num fim-de-semana.

À hora combinada bati levemente à porta. Decorridos segundos, abriram-na e mandaram-me entrar para pequena salita, que abria para jardim.

Em breve surgiu a ilustre deputada. Trazia a boca cheia de alegres sorrisos.

Conversamos detalhadamente. Na hora da chã, convidou-me, como se fossemos velhos e íntimos amigos, para lanchar com a família.

Durante a merenda, enquanto se servia a chã, contou-me porque não gostava de ser entrevistada:

"Em norma, os jornalistas, não querem conhecer o meu pensamento, mas apanhar-me num deslize, fazendo-me perguntas traiçoeiras.”

Acontece a todas. Certa vez, Nicolau Breyner foi a S. Bento e perguntou no corredor às deputadas que deparou: "Quanto custa um papo-seco” (pãozinho). Apanhadas de surpresa, habituadas a comer em restaurantes, não souberam responder gaguejando.

No dia imediato, o jornal dizia: "Como podem as deputadas defenderem o povo, se nem sabem quanto custa o pãozinho?"

Ao recordar o já remoto diálogo, lembrei-me que tanto eles, como elas, encontram-se tão distantes dos cidadãos, que é-lhes difícil compreenderem a precisão da população. Por isso, é que ouvi, certo político, afirmar que: "Com pouco mais de mil e trezentos euros, já se era rico em Portugal!"

Já se passaram décadas, que a Doutora Manuela Ferreira Leite, afirmou na TV: "Governar, não é muito diferente do trabalho da boa dona de casa – gastar de harmonia com o que se recebe."

Mas, como já não há donas de casas – ou são raras – talvez seja a razão, porque os países andam tão malgovernados...

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, setembro de 2025 

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