quinta-feira, 11 de setembro de 2025

[Daqui e Dali] Onde se fala de imigrantes e incêndios

Humberto Pinho da Silva

Estando a ver canal de televisão, não me recordo quando, nem qual, apenas sei que foi há muitos anos, escutei o seguinte:

Jornalista fora passar férias ao campo, era em Trás-os-Montes, e deparou com rapazinho a pastorear seu rebanho.

Francesco Londonio, 1764

Como era menino, indignou-se por ser tão jovem e estar a trabalhar.

Investigou de quem era filho, e resolveu ir inquerir o pai. Este, ficou surpreso e repostou: o filho andava na escola, mas gostava de permanecer na serra, guardando o rebanho paterno.

Acrescentou que não lhe faltava nada, pois sua casa era farta.

O jornalista foi para a capital indignado e, perante as câmaras, insurgiu-se por haver, no seu país, crianças que trabalhavam. Talvez com apoio de telespectador, levou o garoto à capital, para ver um jogo de futebol.

Agora, na época dos incêndios, todos se lamentam de não haver cabras e rebanhos, para "limparem" os terrenos...

Recentemente, escutei comentador declarar: "Paguem cinco mil euros e não faltará quem queira ser pastor". Até doutores, digo eu, se ofereceriam para essa humilde tarefa...

Quando vivia nos arredores da minha cidade, tive que reformar a casa. Apareceu homem com aprendiz. O rapaz falava inglês e arranhava alemão, mas não sabia fazer massa!...

Tenho prima que vive em Cascais, que tem como empregada doméstica, economista; e tinha amiga, que possuía uma formada em Letras! Pensei que com a entrada maciça de imigrantes, vinham profissionais: canalizadores, eletricistas, carpinteiros... mas não se encontram facilmente...

Conheço vinicultora do Douro, que teve de contratar africanos, para colher as uvas, já que os jovens da terra emigraram ou foram viver para a cidade.

Quase ninguém quer trabalhar na terra, é por isso que há tantos incêndios. O interior está mosqueado de lindas moradias, mas os proprietários só vão lá para veranear. Nem eles, nem os descendentes, querem trabalhar na agricultura. Há exceções, mas são raríssimas.

Com tal pensar o país não pode progredir sem os imigrantes...

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, setembro de 2025

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