quinta-feira, 24 de julho de 2025

[Daqui e Dali] O censo demográfico de 2022

Humberto Pinho da Silva 

Ao participar no Congresso Interconfessional de Madrid, tive ocasião de conviver com o Movimento Ecuménico de Espanha e conhecer as dificuldades que enfrentavam.

Com espanto, verifiquei que alguns crentes não recitavam fórmulas, mas conversavam com o Pai, como se falassem com familiares e amigos íntimos.

Nessa recuada época, os crentes, na Europa, decresciam e o agnosticismo galopava.

Reconheceu-se que havia católicos que frequentavam o templo, como quem vai às compras no supermercado. Batizam, casam-se (desde que o Estado equiparou a União de Facto ao casamento, nem todos) e realizam cerimónias fúnebres.

Acaba de ser publicado o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, que indica a redução de católicos (8,4%) desde 2010.

Por sua vez, os evangélicos cresceram no mesmo período (5,2%).

Os descrentes, os que assim o declararam, são cerca de 10,5% da população.

Devo dizer que a população brasileira, ronda 203.080.756 habitantes. Sabe-se também que a natalidade decresce, e muitos emigram para a Europa e Estados Unidos. Trata-se de dados estatísticos, portanto, não exatos.

Ao conhecer-se esses dados, buscam-se – como é costume – culpados: a maioria, responsabiliza o clero por não evangelizar, olvidando que a má conduta dos fiéis também afasta muitos da Igreja.

Preocupam-se, os católicos, com a debandada de fiéis para hostes evangélicas. A meu ver, o que os devia preocupar não é a transferência, mas a perda de fé da população. Não são as Igrejas que salvam, mas Jesus.

Verdade é que algum clero costuma nas homilias, espraiarem-se em teorias filosóficas e políticas, em vez de pregar o Evangelho, tal qual como Jesus O ensinou.

O Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer, em artigo publicado na "Folha de São Paulo", reconhece a "nossa prática pastoral, que contempla pouca pregação e pouca catequese, não consegue inflamar nem sustentar a fé nos corações."

A Igreja tem que ser missionária, procurar as ovelhas desgarradas, catequizando-as, inculcando os crentes, a porem em prática, o ensinamento do Evangelho.

A frequência na missa dominical, é diminuta: "que faz pensar numa religiosidade, sem convicção e superficial."

A Igreja deve ser mais cristocêntrica e os fiéis não podem ser "duplos" – crentes no templo e agnósticos ou "envergonhados" na vida quotidiana.

Tem carradas de razão Dom Jaime Spengler, não só preocupar-se com o abandono de fiéis, mas principalmente pela perda de fé de muitos, que já foram cristãos.

Devia ser a primordial preocupação do clero e dos crentes, de todas as denominações – espalhar a Semente, pelo exemplo, para que frutifique.

O Espírito Santo fará, de imediato, ou mais tarde, a colheita, não em quantidade, mas em qualidade, enviando novos e melhores trabalhadores para a seara.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2025

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