Seguranças flagraram o suspeito tentando fugir com 10 metros de fio de cobre entre as ruas Uruguaiana e Ouvidor. Furtos semelhantes aumentam e causam prejuízos recorrentes na região
Gabriella LourençoO suspeito estava escondido em um bueiro e foi contido por seguranças até a chegada da Polícia Militar. Foto: Divulgação/ Polícia Militar
Um homem foi preso em flagrante na madrugada deste domingo (13) após tentar furtar cabos de energia de uma galeria subterrânea da Light, em frente ao Shopping Paço do Ouvidor, no Centro do Rio. O crime deixou o estabelecimento sem luz, após o roubo de grande parte da fiação na esquina das ruas Uruguaiana e Ouvidor, na altura do número 161.
O suspeito estava escondido em um bueiro e foi contido por seguranças até a chegada da Polícia Militar. Vídeos gravados no momento da ação mostram o homem tentando sair do bueiro, fazendo barulho sob uma lona preta. Para impedir a fuga, um dos seguranças permaneceu sobre a tampa até a chegada da polícia.
A superintendência do shopping informou que, desde as 4h47 da manhã, a Light ainda não compareceu ao local para verificar a situação. Apesar de terem acionado a concessionária, não houve retorno, e o prédio permanece sem energia até o fechamento desta reportagem. Procurada pelo DIÁRIO DO RIO, a Light declarou que enviará uma equipe ao local para apurar o problema.
Com o suspeito, os policiais
apreenderam cerca de 10 metros de cabos de energia, um alicate, um arco de
serra e outros materiais usados no furto. Ele foi levado à 4ª Delegacia de
Polícia (Praça da República), onde o caso foi registrado. O homem foi autuado
por furto qualificado, com base no artigo 155 do Código Penal, cuja pena varia
de um a quatro anos de prisão.
Furtos de cabos no Centro
do Rio já causaram apagões e prejuízos milionários
Este não é o primeiro caso do
tipo na região central. Em janeiro deste ano, o Edifício Menezes Cortes teve o
fornecimento de energia interrompido por sete horas após o roubo de cabos nos
compartimentos subterrâneos da Light. O mesmo prédio já havia enfrentado, em
dezembro do ano passado, um apagão de 22 horas por conta de crime semelhante.
A direção do edifício estima
um prejuízo superior a R$ 200 mil, considerando danos operacionais e a
substituição de componentes eletrônicos, especialmente nos elevadores voltados
para a Avenida Erasmo Braga.
Comerciantes e empresários da
Rua São José relatam que os furtos não são praticados por moradores em situação
de rua ou usuários de drogas, mas por uma quadrilha especializada. Segundo
eles, os criminosos atuam em estruturas subterrâneas com acesso restrito,
geralmente utilizadas apenas por equipes técnicas da Light.
Estado tenta coibir crimes
com aplicativo e novas regras
Os furtos de cabos de cobre e
outros materiais metálicos no Rio de Janeiro não são obra de criminosos
isolados, mas de quadrilhas organizadas que atuam em toda a região. Elas roubam
fios e cabos de cobre, tampas de bueiro, trilhos ferroviários ou metroviários,
ralos, portões e peças em aço, cobre, zinco e ferro, além de fibra óptica.
Para tentar frear esse avanço,
o governo do Estado lançou em 2023 o aplicativo Sucata On-line e publicou um
decreto que criou o Cadastro de Estabelecimento de Reciclagem (CER). A
ferramenta obriga ferros-velhos e recicladoras a registrar detalhadamente todas
as compras de materiais metálicos, incluindo dados do vendedor, origem e tipo
do item.
Empresas do ramo tiveram prazo
de 90 dias para se cadastrar, sob pena de multa que pode ultrapassar R$ 43
milhões. Além da multa, o estabelecimento pode ter a inscrição no ICMS
cancelada e ser proibido de atuar no setor por até cinco anos.
O objetivo da medida é
dificultar a revenda de materiais furtados, que geralmente são misturados a
peças legais e vendidos em lotes para recicladoras. Após o beneficiamento, os
metais se tornam praticamente impossíveis de rastrear — tampas de bueiro e até
esculturas inteiras são prensadas e diluídas em fardos, dificultando a
identificação da origem ilícita.
Apesar dessas iniciativas, os
furtos continuam crescendo no estado. Toneladas de materiais são apreendidas
diariamente por agentes de segurança, como a Secretaria Municipal de Ordem
Pública (SEOP), mas o problema persiste.
*Matéria em atualização.
Título e Texto: Gabriella
Lourenço, Diário
do Rio, 13-7-2025
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