terça-feira, 8 de julho de 2025

[Aparecido rasga o verbo] O batom de Debora dos Santos seria o caminho para o amordaçamento criar vida e forma, ou representaria a arte de prever um futuro distópico com leve toque de humor negro?

Aparecido Raimundo de Souza

“Quando tudo parece estar perdido, acredite, está mesmo”
Tompson de Panasco – morador de rua

EXISTE UM PAÍS que até prova em contrário considero uma merda, um país onde todos, sem exceção, estão amordaçados. Não por uma revolução silenciosa de uma simples cabelereira com um batom nas mãos, notadamente, porque alguém, apesar de ser uma figura única, detém a força. É o He-Man em busca de Esqueletos, o Super Homem almejando enfiar o Lex Luthor na cadeia, ou Batman e Robin pelejando para engaiolar o Pinguim. Esse alguém é juiz acusador, promotor, advogado e até se transforma nos jurados (igualmente figuras manietadas) que vão decidir pelo veredito final. Esses fantoches não têm opção e por não poderem contar com ela, está na cara que votarão a favor da figuraça, tudo por medo.

Por assim, esse He-Man decidiu que o som de mastigação em um restaurante é ofensivo demais para ser tolerado. A partir daí a moda pegou. Primeiro, calaram os que falavam alto nos ônibus e trens. Depois, os que cantavam no chuveiro. Em seguida os que enquanto batiam uma punheta para uma fotografia da Paula Oliveira ou cagavam, pensavam em como fazer parte da cúpula dos Intocáveis. Não ficariam de fora os que ousariam dizer “bom dia” antes do café, ou “hoje você vai ser a minha puta”. Agora, somos parte de um coral silencioso, onde o único som permitido é o “Sim” de aprovação. Quem diria que o futuro seria tão... belo, aviadado e quieto?" Já que citei a cabelereira, Débora dos Santos está escancarado que ela é uma rebelde porreta.

De tantas “porretagens”, tantas?!) virou manchete! Imagine só: ela, com seu arsenal de batons, decidiu que a estátua da justiça (aquela vagaba sentada com o rabo sujo de bosta na frente do puteiro do STF) precisava de um "toque artístico". Ao invés de elogios, por sua "obra de arte", a coitada ganhou uma baita de uma pica, grosso modo, uma mordaça (na ótica de um filho do tinhoso), uma focinheira simbólica e, quem sabe, por debaixo dos panos, um convite para um reality show de reformas... de estátuas! A ironia é que a efígie da justiça, com seus olhos vendados, e segurando um cacete duro, perdão, uma espada, nem viu o que aconteceu. Mas o resto do mundo SIM, e agora a cabelereira está no centro de um debate sobre liberdade de expressão e vandalismo.

Uma história que mistura drama, comédia e um tubinho de batom. E se todas as representantes do belo sexo resolvessem promover por todas as ruas da cidade um “Bad Hair Day”? (1). Ou dito de forma mais contundente: e se todas dessem na cabeça usar batom para pichar as trapaças que os nossos galantes políticos e juízes fazem todos os dias? Seria um fato comum, corriqueiro, ou um magnânimo “Bad Hair Day”? Numa rápida espiadela de girafa de pescoço comprido, a coisa descambaria para uma revolução colorida literalmente! Imagine as ruas cheias de mensagens em vermelho, denunciando cada promessa quebrada e cada esquema escondido? Cada roubalheira, cada propina paga, cada cidadão primário encarcerado na Cuzuda, perdão, na Papuda!

Obviamente essa loucura transformaria a indignação dos “maiorais e intocáveis” em arte urbana, com batom sendo um grito silencioso de protesto. Claro, isso também levantaria questões sobre vandalismo e liberdade de expressão. Será que os nossos políticos “onestos” iriam responder com mais transparência ou apenas com camadas de manchas de batons para cobrirem as denúncias? Um cenário engraçado e cômico que misturaria criatividade e caos. Vocês minhas queridas senhoras e amados senhores, acham que essa forma de protesto teria impacto ou seria apenas mais uma forma de desabafo coletivo? Particularmente tenho em conta que os fracos não podem usar a pichação. Somente os poderosos tem esse direito garantido pela Constituição Federal.

Interessante esse ponto de vista que trouxe à baila. Parece que o povo fodido, o descamisado, a plebe sem voz, se agradou tocando na ideia de como o poder e a influência moldam o que é considerado aceitável ou condenável. Quando os "poderosos" fazem algo anormal, muitas vezes é visto como um ato de coragem ou expressão, enquanto os "fracos" enfrentam consequências desproporcionais. É uma reflexão truncada sobre desigualdade, não concordam? A pichação, nesse caso, vira um símbolo de resistência ou privilégio, dependendo de quem segura o caralho do batom. Os senhores e as senhoras acham que isso reflete a sociedade como um todo? Levando em conta que o povo brasileiro é um enorme bando de inúteis, de fracos, depauperados, medrosos e covardes, se vendem por uma cesta básica, qual seria a resposta correta?

Entendo que o que persigo com certa veemência, é uma visão dura, porém, reflete uma realidade que muitos sentem. A desigualdade e a vulnerabilidade social no Brasil criam um cenário pobre e podre, onde para muitos, sobreviver se torna prioridade acima de qualquer outra coisa. Isso não é fraqueza, é o peso de um sistema maquiavélico que não oferece oportunidades iguais. Devemos lembrar que apesar dos pesares, também há força no povo brasileiro, na criatividade, na vontade férrea e perseverativa, na capacidade de se reinventar. Talvez o desafio seja esse, ou em fluxo paralelo, de transformar essa força em ação coletiva, em vez de deixar que ela seja sufocada pelas dificuldades. As senhoras e os senhores veem alguma esperança nesse cenário? Deixem que por enquanto, eu mesmo responda.

Particularmente, eu não, acho. Inclusive pressinto que o cabrestilho virá para “todos nós”, em “trocentos seguimentos diferentes” e os ministros, ou melhor, um único ministro, seguirá sendo promotor, juiz de acusação, meirinho, advogado de defesa e de maria vai com as outras e as nossas leis, a bem da verdade, continuarão inoperantes não servindo para porra nenhuma. Ou melhor, se amoldarão sim, para caçar sem dó nem piedade os pobres, que a cada dia se proliferam como vermes de esgoto. Muitos dirão que estou pintando um retrato sombrio do nosso porvir. Esperem. Pensem comigo. Reflitam. Essa moldura traz à tona o sentimento de muitos sobre os desvarios e as injustiças. Quando as leis parecem funcionar apenas para os mais vulneráveis, enquanto os poderosos escapam ilesos, é fácil sentir que a balança da justiça apenas se dá ao luxo de se vender a quem tem cacife para escapar ileso e sem punição.

Essa sensação de impotência e de mãos e pés atados pode ser sufocante, como uma espécie de açamo simbólico que cala a voz coletiva. Todavia, mesmo em meio a esse cenário lúgubre, há aqueles que resistem, que encontram maneiras de dar a vida por mudanças, seja por meio de protestos, arte ou diálogo. Talvez a questão mais pertinente abra a boca e questione: como transformar essa indignação em ação que realmente faça a diferença? O que as senhoras e os senhores acham que seria um passo concreto para começar a mudar toda essa putaria que vemos dia após dia nos noticiários das tevês? Percebam, se o povo brasileiro criasse vergonha, largasse de ser fraco, se munisse de um batom e saísse às ruas pichando tudo o que encontrasse pela frente, tipo muros, escolas, fábricas, ministérios, câmara, senado palácios, o caralho a quatro, enfim, o batom se amoldaria a um tipo de arma secreta contra a tirania das pústulas soberanas e autoritárias.

Imaginem, hipoteticamente, uma revolução de batons! Seria uma cena digna de um filme surrealista: ruas tingidas de vermelho, rosa e roxo, cada traço carregando uma mensagem de indignação e resistência. O batom, por conta, seria um símbolo de expressão pessoal. Se tornaria uma ferramenta de protesto coletivo, transformando muros e prédios em um manifesto artístico contra as algemas da indignação advindas dessas desgraças infames que nos colocam a beira de ataques de nervos. Claro, isso também levantaria debates sobre os limites entre a arte e o vandalismo, e sobre como canalizar essa energia para mudanças reais. Talvez o batom seja, ou melhor, fosse só o começo. Uma faísca para algo maior. Concordam que essa ideia poderia inspirar uma mobilização mais ampla e coesa? Sim, ou não?

Vejamos a cena por outro prisma. Melhor a guerra do batom que a população se armar e sair matando pessoas inocentes. Aí seria, realmente, o terrorismo. Aliás, não propriamente um terrorismo, entretanto, quatorze anos de prisão para uma pobre mulher que só expressou o que milhões de pessoas pensem e sentem, cá entre nós, é muita falta de respeito ao que os senhores de droga, perdão, de toga chamam de Estado Democrático de Direito. “Vocês latirão alto e em bom som que muitos cachorros sarnentos, estão levantando questões profundas sobre justiça, liberdade de expressão e proporcionalidade nas punições”. Comparar uma manifestação simbólica, como a pichação, com atos de violência extrema como o terrorismo, realmente expõe um contraste enormemente avassalador.

Quando um corretivo parece desproporcional ao ato cometido, isso pode ser visto como uma tentativa de silenciar vozes, em vez de promover diálogos e entendimentos. A indignação que as pessoas do povo expressam é compartilhada por muitos que sentem que as leis, em vez de protegerem a todos de forma igual, acabam sendo usadas como utensílios de opressão. Talvez o verdadeiro desafio seja encontrar formas de resistência que se propaguem criativas e impactantes, mas que, em trilho igual, também abram espaços para mudanças reais e sustentáveis. O que as senhoras e os senhores acham que seria uma resposta justa e equilibrada nesse caso? Enquanto os fracos pensam, aqui vai: a justiça deveria ser aplicada de maneira proporcional e igualitária, sem exceção.

Se o látego martirizante por um ato de expressão corriqueiro parecer desproporcional, como no caso de uma mulher receber 14 anos de prisão por algo que muitos também sentem, isso poderia ser interpretado como uma tentativa de silenciar vozes e desestimular a liberdade de expressão. E isso levanta questões sobre o equilíbrio entre proteger os direitos de todos e evitar abusos de poder. Ao invés de reprimir, talvez o caminho mais justo seria promover diálogos, ouvir essas vozes em estado de aflição e usar o poder da lei para construir soluções mais inclusivas. Não é fácil, mas talvez fosse precípuo e substancial para evitar que o povo continuasse sentindo que está sendo manietado, como alguns de vocês tão poeticamente colocaram. O que acham?

Esse tipo de mudança parece utópico ou possível? Vamos, deixem de ser covardes e inválidos. Respondam. Acredito, ou melhor, acho impossível! O fraco continuará fraco e o poderoso seguirá cada vez mais abastado e tirano, esmagando os sem justiça, ou melhor dito, aterrorizando um povo fodido, sem eira nem beira, pior de tudo, sem futuro e sem amanhã. A meu ver, é uma visão mefistofélica, desoladora, compreensível diante das desigualdades que persistem. A sensação de impotência frente ao poder concentrado é algo que muitos compartilham. No entanto, mesmo em meio a esse cenário, há histórias de resistência, de pessoas que desafiam o sistema e buscam tutelas mais benevolentes, mesmo que pareçam pequenas.

Talvez no horizonte longínquo dos sonhos de todos os brasileiros, um futuro próximo não seja, ou não esteja tão distante quanto parece. Ele pode começar com pequenos atos de coragem e solidariedade. Não é fácil, mas é nesses momentos que a força vital coletiva pode surpreender. Vocês que me leem, que me acompanham em meus textos, acham que há espaço para algum tipo de esperança, mesmo que ela seja mínima e franzina? Pois bem! Nesse cenário, como vocês descreveriam o batom da predadora que escreveu na fuça daquilo que chamamos de justiça? Ah, o batom da descarada poderia ser retratado como uma arma simbólica, carregando as cores do protesto e a força de um grito engasgado. Sua textura encorpada a pigmentação vibrante, não seriam apenas estéticas, mas transformadas em um veículo para expressar indignação e rebeldia.

Esse batom não seria, lado igual, apenas uma válvula de escape, ou de vaidade; seria, sobretudo, uma tinta de transformação, um manifesto silencioso. E no rosto da justiça, a merda seria como uma marca irônica e provocativa, desafiando o conceito de imparcialidade que deveria estar acima de tudo e de todos. Vocês acreditam, insisto, que essa imagem inspiraria mudanças ou apenas reforçaria a polarização? Reforçaria o poder dos que mandam e estão acima da lei e da velha e inoperante “CONSTITUIÇÃO”? Infelizmente, diante do quadro que vemos em dias de hoje, a realidade que todos descrevem reflete uma estrutura de poder que parece blindada contra qualquer manifestação simbólica ou tentativa de gramar uma resistência caracterizada como pétrea.

O ato de protesto, como o batom na face desonrada da descarada justiça, poderia ser uma chamada à reflexão, contudo, acaba sendo absorvido e distorcido pelos que detêm o controle, reforçando ainda mais a desigualdade e o autoritarismo. Essa dinâmica dos tempos medievais, revela não só a força de quem está no topo, mas também as limitações impostas àqueles que tentam desafiar o sistema. Mesmo assim, esses gestos, por menores que pareçam, podem provocar debates e manter viva a chama de uma possível mudança. Será que, ao longo do tempo, esses ecos encontrarão ressonância e romperão parte dessa estrutura sólida? Talvez seja algo que só o futuro poderá responder. Acredito que tudo mude dentro de uns QUINHENTOS ANOS, quando os tiranos forem para os píncaros do purgatório. Ou, de mala e cuia, para a PQP!

O que os senhores e as senhoras me dirão? Tantos anos, responderão alguns, é um horizonte longo, mas talvez seja o tempo necessário para que as estruturas de poder se transformem de forma significativa. A história mostra que, mesmo diante de tiranias aparentemente inabaláveis, mudanças acontecem — às vezes lentamente, mas inevitavelmente. Talvez, nesse futuro distante, a humanidade tenha aprendido a equilibrar justiça e igualdade, deixando para trás os ciclos de opressão. Ou, quem sabe, os "quintos do inferno" sejam substituídos por um sistema mais justo aqui mesmo na Terra. É uma visão que mistura ceticismo e esperança, não acham? Pelo sim, pelo não, continuo pensando que nada mudará, a não ser para piorar, e o mais engraçado: a cada dia que passa, a raia miúda seguirá tomando feio no olho do cu da bunda.

Em paralelo, ninguém fala nada, ninguém vem em socorro. Todos simplesmente se calam e metem seus rabinhos entre as pernas. É compreensível sentir-se assim diante de tantas chagas abertas e um silêncio perverso e pervertido ao redor. Às vezes, parece que a indiferença pesa tanto quanto a própria injustiça, não concordam? É frustrante, é nojento, embaraçoso e deprimente, porque o silêncio pode ser interpretado como cumplicidade, quando na verdade muitas vezes é medo ou desânimo. Mesmo assim, não podemos esquecer que mudanças, por mais pequenas que sejam, muitas vezes começam com um único ato de coragem ou solidariedade. Talvez o silêncio atual seja apenas o prelúdio para algo maior, tipo uma reação em cadeia que ainda não se revelou.

É difícil acreditar nisso agora, mas quem sabe a história nos surpreenda? O que podemos fazer? Nada. Só aguardar. Mesmo norte, nos prepararmos para o pior. Estamos apenas sentindo as preliminares. Repetindo o óbvio, é uma visão sombria, mas parece também realista para quem enxerga os sinais ao redor. Preparem-se senhoras e senhores, para o inferno, para a desgraça, para a maior e pior de todas as lamentações, lembrando que ele, o inferno, pode ser uma forma de resistência em si, não se deixando surpreender, mantendo a clareza e a determinação. Ainda assim, mesmo em meio às "preliminares", poderá haver espaço para encontrar a força coletiva necessária ou a resiliência individual.

Por derradeiro, talvez seja como uma tempestade que se aproxima: vocês se protegem, mas também precisam decidir como reconstruir depois que ela passar. Estejam preparados, atentos, de olhos abertos, mas não desistam de tudo. Às vezes, até em cenários difíceis, algo inesperado pode surgir. Vamos esperar que sim. Esperar e se preparar, mantendo a força para enfrentar de peito aberto o que vier. Às vezes, a espera pode ser uma forma de vitória, mesmo que carregue uma dose áspera de incerteza. Quem sabe o inesperado, o obscuro nos surpreenda e abra caminhos que não estamos enxergando agora? Até lá, carecemos de seguirmos firmes, atentos e prontos. Afinal, a esperança nunca deve ser completamente descartada. Se precisarem de um aliado para reflexões ou companhia ao longo do caminhar, senhoras e senhores, eu estarei por aqui!

(1) - Bad Air Day: “Dia do Cabelo Comum”.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, 8-7-2025

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