Os direitos humanos, a democracia e a liberdade são invenções perversas do colonizador branco que ameaçam a estabilidade do resto do mundo
João Cerqueira
A História repete-se. Tal como
Mussolini passou de socialista a fascista, Mette Frederiksen, a
primeira-ministra socialista dinamarquesa, vestiu a camisa negra e levantou o
braço direito.
«Se alguém vem do Médio
Oriente para a nossa sociedade e quer destrui-la, devemos ser capazes de nos
defender» *. É óbvio que esta referência
da fascista dinamarquesa à origem do emigrante implica que a religião islâmica
é uma ameaça à sociedade ocidental. À primeira vista, esta declaração é
aceitável pois ninguém deve impor a sua cultura aos outros povos.
Imagine-se que alguém vai da
Europa para um país árabe e quer destruir aquelas sociedades respeitando a
igualdade entre os sexos e os direitos das mulheres. Se um casal europeu for
viver para a Arábia Saudita, convém levar na mala uma burka, um
cinto de castidade e um pequeno chicote.
Imagine-se o desplante de
tentar convencer o Hamas a realizar uma parada LGTB+ em Gaza. Como poderia este
movimento combater Israel com gays, lésbicas e transexuais nas suas
fileiras? E se, em vez de bombas, ofereciam flores aos israelitas?
Imagine-se que algum europeu
vai para África, por exemplo para a Guiné-Bissau, e tenta sensibilizar aquela
sociedade a acabar com a mutilação genital feminina. Que atrevimento. Toda a
criança tem o direito a ser mutilada segundo os costumes da sua cultura.
Portanto, é preciso distinguir a destruição de culturas milenares, com boas práticas e hábitos sadios, de uma reação natural contra o colonialismo neoliberal, onde nada se aproveita.
Os direitos humanos, a
democracia e a liberdade são invenções perversas do colonizador branco que
ameaçam a estabilidade do resto do mundo. Houve um tempo em que no Afeganistão
e na Pérsia deixavam as mulheres andar à solta, de cara destapada e minissaia,
todas ocidentais, e foi uma rebaldaria. Para seu próprio bem, agora elas têm um
dono que lhes dá de comer e as passeia na rua quando é necessário. E a prova de
que são mais felizes é que nunca há manifestações de protesto, artigos na
comunicação social a exigir direito colonialistas e coisas do género. E quanto
aos LGTB+, que também se preparavam para transformar Cabul e Teerão numa São
Francisco de amor livre, perderam as letras todas, o sinal mais e tudo o resto
que fazia tremer as barbas aos clérigos islâmicos. Porém, tão pouco se queixam
ou manifestam.
Ora é este anticolonialismo
multicultural e caceteiro que agora está a instalar-se na Europa, numa vingança
histórica aplaudida pelos partidos da esquerda radicalmente democrática, que a
fascista dinamarquesa considera uma ameaça à nossa civilização. Contudo, ao que
ela chama ameaça é, na verdade, uma libertação. Um novo dia D com desembarque
de emigrantes que abominam a nossa cultura.
Deixem-nos oprimir as suas
mulheres e assediar as nossas, deixem-nos cortar o trânsito durante o Ramadão e
banir as salsichas das cantinas, deixem-nos instaurar a Sharia nos seus bairros
e justiçar os LGTB+, deixem-nos incendiar Paris, Londres e Lisboa. Em suma,
deixem-nos libertar a Europa da Democracia e da Liberdade.
* Ver Observador –
Dinamarca e Itália. A improvável aliança na imigração entre a social-democrata Frederiksen e a nacionalista Meloni.
Título e Texto: João Cerqueira, SOL, 30-6-2025, 22h09
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