Quem não estiver de acordo com a Lusa, ou seja, com o Governo, é exterminado como reles desinformador pela Lusa Verifica
Diogo Pacheco de Amorim
Os partidos ‘populistas’ têm
vindo a alcançar sucesso crescente em sucessivos atos eleitorais um pouco por
toda a Europa nesta última meia dúzia de anos. As causas são por demais
conhecidas para que valha a pena enumerá-las. Os partidos tradicionais e as
suas castas dirigentes, incapazes de lhes fazer face nas urnas, resolveram
fazer frente de outra forma, pouco democrática, é certo, mas a única com alguma
possibilidade de ter êxito. Uma forma que se define em duas frases: uma censura
a que dão o nome de ‘combate à desinformação’, por um lado; e a ‘utilização das
instâncias judiciais ‘no combate ao discurso de ódio’ e ‘na defesa das
instituições e da legalidade democrática’, pelo outro. Quando os dois
movimentos anteriores correm mal, em última instância, anulam as eleições
quando o vencedor não é o pretendido pela casta. Resumindo: é a ditadura, mas
do Bem. Organizados a partir de Bruxelas, os oligarcas resistem,
desesperadamente, à perda de poder, influência, rendas e prebendas. A
oligarquia de Bruxelas desenhou as grandes linhas. Os oligarcas dos variados
países adaptam-nas aos seus países.
Bruxelas. factos:
Em Bruxelas, foram criados dois instrumentos base para estruturar um regime de censura permanente partindo de conceitos vagos e subjetivos como ‘desinformação’, ‘manipulação da informação’, ‘riscos sistémicos’, ‘risco para o discurso cívico’. São esses instrumentos o Digital Services Act e o Democracy Shield, sim, leram bem, Escudo da Democracia. Ambos estendem uma teia tecida entre a Comissão Europeia, o Serviço Europeu para a Ação Externa, reguladores nacionais e entidades ditas de fact-checking , uma teia com validade legal em todos os países da UE. Revisitando Orwell, teremos em Bruxelas um ‘Comissário da Verdade’ e em cada uma das colónias europeias um ‘Ministro da Verdade’ a trabalharem em íntima conexão e dotados de um sofisticado aparelho daquilo a que antigamente se chamava censura. Assim Bruxelas definiu e balizou o campo, financiando largamente os pequenos oligarcas que governam as províncias do ‘Império’ para fazerem eles o trabalho sujo. Caro leitor, esta minha breve descrição apenas peca por defeito. Vá ao ChatGPT e dedilhe Digital Services Act ou Democracy Shield e veja o que o espera na primeira curva do caminho. Na Alemanha são centenas todos os meses na cadeia por delito de opinião.
Portugal. Factos:
O Governo é dono da RTP,
com vários canais. O Governo é dono de 95,86% da Lusa, agência
noticiosa que está na base do essencial do conteúdo noticioso da generalidade
dos órgãos portugueses de comunicação social. Mas mais, a Lusa acaba
de lançar a sua própria empresa de fact checking, a Lusa Verifica.
Ou seja: a Lusa propaga a verdade do Governo. Quem não estiver
de acordo com a Lusa, ou seja, com o Governo, é exterminado como
reles desinformador pela Lusa Verifica. Provavelmente vai
fazer também o trabalho para a RTP. Querem melhor? La
boucle est bouclé, como dizem os franceses.
O nosso ‘Ministro da Verdade’
é particularmente competente, como atrás fica claro. Deixemos a sua
apresentação a cargo do diretor de uma revista semanal: «Com o ministro
Leitão Amaro a CS passa a estar no centro das atenções políticas deste governo.
Boas notícias». Sim, Leitão Amaro é um dos poucos ministros competentes
deste Governo. Para bem da nossa oligarquia caseira, mas para mal das nossas
liberdades.
Título e Texto: Diogo Pacheco de Amorim, Vice-presidente da Assembleia da República, SOL, 30-6-2025, 22h07
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