“Que fazem as estrelas durante o dia?”
Mardien Calixte em seu livro “Atlantico!”
Publicado por Matzneller Editions, Vila Montello, 23 39100 Bolzano — Verona 1994
Aparecido Raimundo de Souza
Chove no telhado — o fim do mundo cochila no colo da flor.
Tecnologia
Toque na tela fria — a solidão se esconde na luz do visor.
Infância
Chão de terra e riso — a pipa sobe dançando com sonho no fio.
Madrugada
Silêncio pingando no copo sujo da pia — a lua vigia.
Amor inesperado
No ponto vazio do ônibus atrasado — um olhar sorri.
Flor no velório
Um perfume antigo fica no adeus.
Cova aberta à luz
Uma borboleta pousa sem pressa nenhuma.
Entre soluços
Um verso escorre da dor — nasce poesia.
A magia do retrato
O tempo apaga sorrisos com dedos de pó.
Último suspiro
A cortina se move sem vento algum.
Saudade
Amor defeito
Promessas partidas decoram a estante como porta-retratos.
Lágrimas em vão
Choram meus olhos carentes — atormentam meu coração
Goteira no teto
Ninguém nota a tempestade dentro do olhar
Monotonia
Brisa da manhã sussurra segredos calmos — folhas balançam.
Eterno
Lua no espelho reflete sonhos antigos na água parada.
Devaneio
Silêncio azul invade o fim da tarde, passa um sabiá.
Inexplicável partitura
Silêncio denso — no vão entre duas notas, a dor se esconde.
Sempre igual
O grito contido pesa mais que tempestade. Cai sem alarde.
Vazio
Som nenhum resta, só o pulsar da ausência na pele da alma.
Sem voz
Chuva no vidro, como lágrimas do céu. Ninguém responde.
Escombros
Entre ruínas, flores ainda resistem. Melancolia.
Sem explicação
Saudade… aquela presença que se faz sentir na ausência.
Estranho
Vento no portão, eco do que já foi riso— volta só a brisa.
Álbum de fotografia
No velho retrato, o tempo dorme em silêncio. Saudade desperta.
Mar aberto
No céu da memória brilham os olhos de antes — lágrima e farol.
Sem sentido
Ramo quebrado. O pássaro não volta. Só o vento.
O peso de uma ausência
Chão de folhas. Ninguém passou por aqui. Mesmo assim pesa.
Depois de tudo
Fumaça sobe. O tempo nem responde. Cinza no ar.
Dor ingente
Casa vazia. O som do relógio dói devagar.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, 1-7-2025
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