Humberto Pinho da Silva
Ao perpassar por estaleiro
de obras de empresa de construção, que construía hotel na cidade do Porto,
escutei o seguinte diálogo: “Estou a aprender brasileiro, para entender-me com
os operários."
Seria natural que
residentes, embora temporariamente – penso eu – fossem se habituando aos termos
e expressões usuais na terra onde vivem. Assim fiz, quando permaneci em São
Paulo.
Mas, parece-me não
acontecer assim. Quando chegam a Portugal o WC continua a ser banheiro, o
castanho "marron", e o telemóvel celular...
Compreendo que fosse
assim, mas decorridos meses ou anos, seria normal que abandonassem essas
palavras “enxertadas” na língua portuguesa.
Todos os povos têm
tendência, com o passar de décadas, a incorporarem neologismos.
Mas, julgo – gostaria de
estar enganado – que existem ainda, infelizmente, intelectuais que alimentam o
desejo de criar nova língua.
Quando o Brasil se separou, tornando-se independente, pensaram também que deveriam ter língua própria.
Esse desejo já vem de
longe, como prova o artigo do Académico Conde de Afonso Celso, publicado no
"Correio do Povo", de Porto Alegre, a 7 de setembro, de 1923,
profetizando – com orgulho, penso eu – de ver, no futuro, nascer a língua
brasileira, tão diferente da portuguesa, como esta é do latim
O brasileiro é e sempre
foi bem recebido em Portugal - tanto o turista, como o imigrante - com amizade,
de modo muito diferente, como Silva Pinto escreveu “No Brasil", os
portugueses no início do século XX, em terras de Santa Cruz.
Assistindo na TV a
entrevista de cidadão inglês, que vive há mais de trinta anos no Algarve,
verifiquei, com espanto, que este não sabia exprimir-se em português.
É difícil compreender que
quem vive tantos anos no nosso País desconheça, por completo, a língua onde
vive. Leva-me pensar que o desinteresse não é falta de inteligência, mas
desprezo pelo povo que o acolheu tão carinhosamente.
Espero que o Brasil
receba, igualmente, com carinho, o povo irmão ou pai, como ouvi a político
brasileiro, de forma tão cordial, como são acolhidos os seus cidadãos em
Portugal.
Não julguem que tenho
alguma mágoa da terra de Santa Cruz, País que amo e guardo no coração, como se
fosse a minha própria Pátria e estou ligado, por laços de sangue e por
casamento.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2025
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