quinta-feira, 10 de julho de 2025

[Daqui e Dali] O povo irmão da terra de Santa Cruz

Humberto Pinho da Silva

Ao perpassar por estaleiro de obras de empresa de construção, que construía hotel na cidade do Porto, escutei o seguinte diálogo: “Estou a aprender brasileiro, para entender-me com os operários."

Seria natural que residentes, embora temporariamente – penso eu – fossem se habituando aos termos e expressões usuais na terra onde vivem. Assim fiz, quando permaneci em São Paulo.

Mas, parece-me não acontecer assim. Quando chegam a Portugal o WC continua a ser banheiro, o castanho "marron", e o telemóvel celular...

Compreendo que fosse assim, mas decorridos meses ou anos, seria normal que abandonassem essas palavras “enxertadas” na língua portuguesa.

Todos os povos têm tendência, com o passar de décadas, a incorporarem neologismos.

Mas, julgo – gostaria de estar enganado – que existem ainda, infelizmente, intelectuais que alimentam o desejo de criar nova língua.

Quando o Brasil se separou, tornando-se independente, pensaram também que deveriam ter língua própria.

Esse desejo já vem de longe, como prova o artigo do Académico Conde de Afonso Celso, publicado no "Correio do Povo", de Porto Alegre, a 7 de setembro, de 1923, profetizando – com orgulho, penso eu – de ver, no futuro, nascer a língua brasileira, tão diferente da portuguesa, como esta é do latim

O brasileiro é e sempre foi bem recebido em Portugal - tanto o turista, como o imigrante - com amizade, de modo muito diferente, como Silva Pinto escreveu “No Brasil", os portugueses no início do século XX, em terras de Santa Cruz.

Assistindo na TV a entrevista de cidadão inglês, que vive há mais de trinta anos no Algarve, verifiquei, com espanto, que este não sabia exprimir-se em português.

É difícil compreender que quem vive tantos anos no nosso País desconheça, por completo, a língua onde vive. Leva-me pensar que o desinteresse não é falta de inteligência, mas desprezo pelo povo que o acolheu tão carinhosamente.

Espero que o Brasil receba, igualmente, com carinho, o povo irmão ou pai, como ouvi a político brasileiro, de forma tão cordial, como são acolhidos os seus cidadãos em Portugal.

Não julguem que tenho alguma mágoa da terra de Santa Cruz, País que amo e guardo no coração, como se fosse a minha própria Pátria e estou ligado, por laços de sangue e por casamento.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho de 2025 

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