Elisabete Tavares
Nos últimos dias,
multiplicaram-se as celebrações, os comentários jocosos e os memes virais
devido à “gaffe dos hambúrgueres” cometida por André Ventura,
presidente do partido Chega!.
Os comentários na imprensa e nas redes sociais foram implacáveis com Ventura, que confundiu o evento Bürgerfest – Festa dos Cidadãos – com um festival de hambúrgueres. O evento, que se realizou a partir de sexta-feira em Berlim, teve Portugal como país convidado e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença – graças aos contribuintes que “assumiram” as despesas de deslocação.
Mas os opositores e críticos
de Ventura deitaram os foguetes cedo demais. Abriram prematuramente as garrafas
de champanhe, vaticinando o início da queda de popularidade do presidente do
Chega! — e atual líder da oposição —, que continua em ascensão.
Aliás, quem se tem rido à
custa da gaffe de Ventura está, na realidade a fazer-lhe um
enorme favor. Por três motivos.
Por um lado, os portugueses
não parecem apreciar muito os “sabichões”. Aquelas pessoas que corrigem as
outras. Que citam trechos de livros. Que sabem tudo. Também não parece serem
grandes fãs de malta intelectual, que, mesmo sem querer, dá naturalmente ares
de superioridade. A não ser que sejam um pouco freaks — como
Marcelo, com as suas selfies, modo peculiar de falar e episódios caricatos.
Por outro lado, os portugueses
parecem ter uma “queda” para os “pobrezinhos”, os injustiçados, os vitimizados,
os perseguidos. Os “coitadinhos”. Não é que Ventura seja um coitadinho ou
pobrezinho, mas, claramente foi diminuído e escarnecido em público pela cômica gaffe que
cometeu.
Por fim, com esta gaffe,
Ventura mostrou ter fraquezas e vulnerabilidades. Mostrou que também comete
erros. Enfim, mostrou que é humano. Como todos. E comete erros e gaffes.
Ventura não é um intelectual.
Um sabichão. Um sabe tudo. Ventura é um tipo “normal”. E isso é muito apelativo
a quem já o admira. Cria empatia. E é apelativo para quem já cometeu erros
e gaffes. Para quem não sabia o que é, afinal, o evento Bürgerfest,
na Alemanha. Para quem não pertence ao clube restrito dos “intelectuais” de
topo do país.
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