Carina Bratt
A POPULAÇÃO BRASILEIRA, precisa, de uma vez por todas, entender que o ‘Feminicídio’ não é apenas um crime é o reflexo brutal de uma sociedade tacanha que ainda falha em proteger, respeitar e valorizar a vida das mulheres. Se faz mister encarar de frente o ‘Feminicídio’ que acima de qualquer coisa exige mais do que a indignação momentânea diante de manchetes trágicas. Exige ação contínua, transformação cultural e coragem política. ‘Feminicídio’ é o assassinato brutal de mulheres motivado por gênero, ou seja, por serem mulheres.
Muitas vezes, essa barbárie ocorre dentro de
casa, cometido por parceiros ou ex-parceiros, e é precedido por um histórico de
violência psicológica, física ou sexual. Encarar esse fenômeno começa por
reconhecê-lo como parte de um sistema de opressão que normaliza o controle, o
silenciamento e a subjugação feminina. A raiz do ‘Feminicídio’ está na cultura
patriarcal que ensina que o corpo da mulher é propriedade, que o ciúme é prova
de amor, e que a submissão é virtude. Bater de frente com o ‘Feminicídio’ é confrontar
essas ideias desde cedo nas escolas, nas famílias e nas mídias.
É ensinar meninos a respeitarem as meninas a
se protegerem, mas também a se ‘empoderarem.’ Para quem não sabe o que é
‘empoderar’ ou nunca ouvir falar, essa palavrinha não foi feita para se comer
com pão e manteiga, ou ser devorada no almoço. ‘Empoderar,’ significa, em
geral, segundo a feminista americana Diana Russel, ‘aquela ação coletiva
desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados ou de
decisões, de consciência social dos direitos sociais.’’ Resumindo, a impunidade
alimenta o ciclo da violência.
Levar a sério o ‘Feminicídio’ no dizer de Ana Kiffer ‘é cobrar do Estado políticas públicas eficazes: delegacias especializadas, que realmente funcionem, criar medidas protetivas que deem resultados, acolhimentos dignos às vítimas e penas rigorosas para os agressores.’’ É garantir leciona Marguerite Duras ‘que a nossa justiça não seja falha, capenga, inoperante, cega, como até agora, ou seja, que vá além de promessa, e encare sem medos essa realidade que deveria, antes de qualquer coisa, ser levada com respeito’’.
Muitas mulheres Brasil à fora, vivem em
silêncio por medo, vergonha ou falta de apoio. Acabar com o ‘Feminicídio’ é
criar redes de solidariedade, ouvir sem julgar, oferecer ajuda concreta e não
distribuir paninhos quentes. É entender que cada denúncia pode salvar uma vida
e ter consciência que o silêncio, seja a começar pela delegacia da mulher, seja
do delegado, do promotor e do juiz, caso alguém nessa corrente ‘falhe’ pode
custar uma morte que poderia ser evitada’’.
Olhar com olhos de alerta o ‘Feminicídio’ é
também imaginar um futuro onde mulheres possam viver sem medo. Onde o amor não
machuca, nem ‘ferimenteia’*,
onde o respeito é regra, e onde a liberdade feminina não seja vista como
ameaça. É um trabalho coletivo, diário e urgente. Quando as nossas leis
deixarem de ser de brincadeira, para ingleses verem, grosso modo, levadas com
pulso e mãos fortes, os números estratosféricos que estamos cansados de ver nos
jornais e nas televisões, certamente um marido agressor, um namorado, pensará
duas vezes antes de se dignar a partir para o ‘tudo ou nada.’’
Os cidadãos brasileiros precisam aprender que
o ‘Feminicídio’ é uma ferida sem cura, tipo uma chaga aberta, um câncer
destruindo a sociedade brasileira. Mais do que estatísticas alarmantes, ele
representa vidas interrompidas por uma violência que tem nome, rosto e causa: o
‘machismo estrutural.’ Dar porradas no ‘Feminicídio’ não é tarefa exclusiva das
autoridades é responsabilidade de todos nós. Percebam: cada mulher assassinada
por um parceiro, ex-companheira ou alguém que se sentia no direito de controlar
a vida, da sua consorte, se deixarmos ao acaso, seremos confrontadas com a
falência de um sistema que deveria protegê-las.’’
A cultura patriarcal, que romantiza o ciúme e
normaliza o controle, é o terreno fértil onde essa violência germina, cria asas
e se propaga. Se faz mister romper com esse ciclo. Isso começa (e aqui
repetindo o já dito acima) com a educação, não apenas nas escolas, mas em casa,
nas redes sociais, na mídia. Meninos devem aprender que respeito não é
opcional, e meninas devem crescer sabendo que a sua liberdade não é negociável.
Além disso, o Estado precisa se levantar de sua letargia, criar vergonha,
deixar de ser covarde e cumprir seu papel. ‘Delegacias da mulher’ devem
funcionar com estrutura e sensibilidade.
Medidas protetivas serem mais eficazes e
ágeis. E os agressores punidos com rigor. A impenitência é cúmplice do
‘Feminicídio. ’ Em paralelo, há algo ainda mais urgente: ‘escutar.’ Muitas
mulheres vivem em silêncio, com medo de denunciar. Criar redes de apoio
‘operantes’ acolher sem julgamento e oferecer ajuda concreta pode ser a
diferença entre a vida e a morte. Roberta Borges de Barros em ‘Feminicídio: Uma
Análise dos Critérios de Interpretação da Elementar Mulher no ‘Feminicídio’ à
Luz do Princípio da Legalidade’’, (Brasília 2018) bate na tecla de que ‘O
‘Feminicídio’ não é um problema das mulheres, é um problema da sociedade.
Enquanto não o encararmos com a seriedade que exige, continuaremos a contar
corpos em vez de construir pontes’’.
Devemos desconstruir mitos sobre
‘Feminicídio’ e mobilizar a sociedade para prevenção e denúncia. Trago, abaixo,
um slogan que poderia ser usado pelas emissoras de televisão, em lugar de
programas idiotizados que não levam a nada, a não ser a bestificação em massa
de seus telespectadores. ‘Ela não morreu por amor. Veio a óbito por machismo’;
‘Feminicídio tem que parar.’ Pensemos nessas ‘Mensagens-Chave’ que abaixo
trouxe à baila:
‘Feminicídio é crime, não tragédia
doméstica’.
‘Ciúme não é prova de amor. Controle é
violência.’
‘Denunciar salva vidas. Silenciar mata.’
‘Toda mulher merece viver sem medo.’
Por conta, também alinho, abaixo algumas
ações que entendo deveriam estar acima de qualquer chuva de atoleimados e
grosseiros, imbecilizados e acaipirados, e, nesse tom, levadas dia após dia ao
ar pelas redes famosas de televisão. Se faz mister campanhas nas redes sociais
com depoimentos reais, vídeos curtos e artes visuais com dados e frases de
impacto. Parcerias com escolas e universidades para rodas de conversa e
oficinas sobre violência de gênero. Distribuição de cartazes e panfletos em
locais públicos com orientações sobre como denunciar e onde buscar ajuda.
Criação de uma ‘hashtag’ (tão em moda) mas
que fosse mobilizadora, como #FeminicídioNuncaMais, para engajar a população. A
enorme massa humana, como um todo, vive perdida, deixada de lado, às sanhas do
‘Deus dará.’ De contrapeso, a nossa justiça sobrevive de venda nos olhos e
também de uma toalha suja e fedorenta na alma. Sugeriria, por derradeiro, criar
frases de impacto, do tipo: ‘Se ela tivesse sido ouvida, estaria viva.’’
‘O machismo mata. A omissão também.’
‘Não é sobre ela. É sobre todos nós.’
Mesma curva do caminho longo, campanhas nas
redes sociais têm um alcance poderoso e podem gerar impacto real. Nas redes
sociais existem propostas completas e inéditas para quem deseja se
conscientizar sobre o ‘Feminicídio’. No mais, caras amigas e leitoras da
‘Grande Família Cão que Fuma.’’ Corram, voem, desembestem, de companheiros
abusivos.’’ FIQUEM BEM, SOBRETUDO, SE MANTENHAM VIVAS.
*Ferimenteia: variante de ferimentar, ou seja,
o mesmo que arranhar, escoriar, lanhar e melindrar. ‘Poemas’ de Catulo da Paixão Cearense.
Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha
no Espírito Santo, ES, 14-9-2025
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