quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Eliminando as liberdades civis

Robert Gellately

O entendimento de Lênin de “verdadeira liberdade” foi logo esclarecido. A primeira liberdade civil a ser removida como um membro gangrenado foi a liberdade de expressão- Menos de 48 horas após a revolução, um “decreto sobre a imprensa” foi emitido com a assinatura de Lênin. Isso aconteceu em 27 de outubro e já marcou o fim de qualquer esperança de que o novo regime fosse ser tolerante, quanto amis de que estabelecesse a democracia.

Ele ousadamente declarou que estava mantendo a promessa de fechar a imprensa da classe média, ou burguesia. Quaisquer opiniões divergentes identificadas com os interesses dessa classe eram condenadas. A partir daí, qualquer jornal que incitasse (segundo vagas definições) a resistência ao Sovnarkom podia ser fechado.

John Reed, o americano que registrou a revolução, anotou, sem fazer crítica, a lógica de Lênin durante um debater no Congresso dos Sovietes: “Nós, bolcheviques, sempre dissemos que quando chegássemos a uma posição de poder, fecharíamos a imprensa. Tolerar jornais burgueses significaria parar de ser um socialista.

Quando se faz uma revolução, não se pode ficar parado, é preciso avançar sempre – ou recuar. Quem agora fala sobre ‘liberdade de imprensa’ retrocede e detém nosso curso impetuoso rumo ao socialismo”

Leon Trótski também falou longamente a favor da resolução. Disse que “durante a guerra civil o direito de usar a violência – isso menos de 48 horas após o início do que ainda era uma revolução sem derramamento de sangue – “pertence somente ao oprimido”. Houve vaias na reunião: “Quem é o oprimido agora? Canibal!”

Trótski seguiu em frente: “Se vamos nacionalizar os bancos, podemos tolerar os jornais econômicos? O velho regime tem que morrer: é preciso entender isso de uma vez por todas.

A supressão da imprensa não foi bem recebida por todos os bolcheviques, e Kamenev, Ziniviev e outros renunciaram ao Comitê Central. (Jamais seriam perdoados.) A nova censura chocou apoiadores da revolução, que corretamente a interpretaram como um sinal de que ainda viria coisa pior.

A desculpa de Lênin ao Sovnarkom foi a de que “a guerra civil ainda não acabou; o inimigo ainda está conosco; consequentemente, é impossível abolir as medidas de repressão contra a imprensa.”

Sua opinião era decisiva em quase todas as instâncias, mas Trótski, que mais tarde culparia Stálin por tudo que deu errado, apoiou o mesmo curso. Os poucos que renunciaram ao Comitê Central ou a Sovnarhom por causa da eliminação da imprensa e de outras medidas antidemocráticas, rapidamente buscaram a paz com Lênin e imploraram para reconquistar seu beneplácito antes do final do ano, mesmo enquanto ele estabelecia uma ditadura absoluta baseada no terror.
Eles colocaram “a causa” na frente dos direitos civis e legais.

Título e Texto: Robert Gellately, in “Lênin, Stálin e Hitler – A era da catástrofe social”, Páginas 63 e 64; Digitação: JP, 18-9-2025 

Por que este excerto me lembrou… a regulamentação das redes sociais?! 🤔

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