Robert Gellately
O
entendimento de Lênin de “verdadeira liberdade” foi logo esclarecido. A
primeira liberdade civil a ser removida como um membro gangrenado foi a
liberdade de expressão- Menos de 48 horas após a revolução, um “decreto sobre a
imprensa” foi emitido com a assinatura de Lênin. Isso aconteceu em 27 de
outubro e já marcou o fim de qualquer esperança de que o novo regime fosse ser
tolerante, quanto amis de que estabelecesse a democracia.
Ele
ousadamente declarou que estava mantendo a promessa de fechar a imprensa da
classe média, ou burguesia. Quaisquer opiniões divergentes identificadas com os
interesses dessa classe eram condenadas. A partir daí, qualquer jornal que
incitasse (segundo vagas definições) a resistência ao Sovnarkom podia ser
fechado.
John
Reed, o americano que registrou a revolução, anotou, sem fazer crítica, a
lógica de Lênin durante um debater no Congresso dos Sovietes: “Nós,
bolcheviques, sempre dissemos que quando chegássemos a uma posição de poder, fecharíamos
a imprensa. Tolerar jornais burgueses significaria parar de ser um socialista.
Quando
se faz uma revolução, não se pode ficar parado, é preciso avançar sempre – ou recuar.
Quem agora fala sobre ‘liberdade de imprensa’ retrocede e detém nosso curso
impetuoso rumo ao socialismo”
Leon Trótski também falou longamente a favor da resolução. Disse que “durante a guerra civil o direito de usar a violência – isso menos de 48 horas após o início do que ainda era uma revolução sem derramamento de sangue – “pertence somente ao oprimido”. Houve vaias na reunião: “Quem é o oprimido agora? Canibal!”
Trótski
seguiu em frente: “Se vamos nacionalizar os bancos, podemos tolerar os jornais
econômicos? O velho regime tem que morrer: é preciso entender isso de uma vez
por todas.
A
supressão da imprensa não foi bem recebida por todos os bolcheviques, e Kamenev,
Ziniviev e outros renunciaram ao Comitê Central. (Jamais seriam perdoados.) A
nova censura chocou apoiadores da revolução, que corretamente a interpretaram
como um sinal de que ainda viria coisa pior.
A
desculpa de Lênin ao Sovnarkom foi a de que “a guerra civil ainda não acabou; o
inimigo ainda está conosco; consequentemente, é impossível abolir as medidas de
repressão contra a imprensa.”
Sua
opinião era decisiva em quase todas as instâncias, mas Trótski, que mais tarde
culparia Stálin por tudo que deu errado, apoiou o mesmo curso. Os poucos que
renunciaram ao Comitê Central ou a Sovnarhom por causa da eliminação da
imprensa e de outras medidas antidemocráticas, rapidamente buscaram a paz com
Lênin e imploraram para reconquistar seu beneplácito antes do final do ano,
mesmo enquanto ele estabelecia uma ditadura absoluta baseada no terror.
Eles colocaram “a causa” na frente dos direitos civis e legais.
Título e Texto: Robert Gellately, in “Lênin, Stálin e Hitler – A era da catástrofe social”, Páginas 63 e 64; Digitação: JP, 18-9-2025
Por
que este excerto me lembrou… a regulamentação das redes sociais?! 🤔
17-9-2025: Oeste sem filtro – Câmara aprova urgência da anistia + Governo americano considera julgamento de Bolsonaro uma farsa política + Barroso acha que salvou a democracia com ajuda da imprensa + Proposta que reduz poderes do STF é aprovada na Câmara
A fórmula do neototalitarismo
O jornalismo confusionista
O inacreditável acontece: MPF pede FECHAMENTO de um órgão de imprensa por CRIME de OPINIÃO!
15-9-2025: Oeste sem filtro – Moraes tenta humilhar Bolsonaro mais uma vez + Ato em Londres reúne multidão em defesa da liberdade de expressão + Lula distribui dinheiro para barrar projeto de anistia
O que o nobre 'Valor Econômico' está sugerindo? A resposta está clara
Processo totalitário em curso no Brasil: Jair Bolsonaro condenado por conspiração golpista
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