quinta-feira, 25 de setembro de 2025

[Daqui e Dali] "Honra teu pai e mãe"

(Dt.5:16; Lc.18:20; Mt.19:19; Mc.10:19; Ef.6:2; Mc.7:10)

Humberto Pinho da Silva

Eu tinha um amigo, generoso e leal, que com mágoa citava a cada passo, o conhecido adágio "A casa dos pais é sempre a dos filhos; mas, a destes pode ser ou não."

Reformado, recolheu-se à terra natal, cultivando o quintal da casa que construiu com amor e sacrifício. Andava de fisionomia sempre alegre, mas, sabe-se lá, a tristeza que residia no âmago do coração.

Um dia, ao podar árvore frutífera caiu, estatelou-se. Foi para o hospital. Andou em cadeira de rodas, mas conseguiu recuperar graças à fé inabalável.

Depois... faleceu-lhe a mulher. De início, andava de filha em filha, acabando a residir com a mais velha – talvez por possuir melhor condição financeira – que cuidou dele com carinho e amor.

Dias antes do acidente que o vitimou encontrei-o em companhia da filha, numa confeitaria gaiense. Verifiquei, então, a dedicação e a ternura como era tratado.

Infelizmente nem todos os idosos têm igual sorte. A maioria dos progenitores são estorvos, que não permitem aos filhos, viajarem e levarem vida folgada.

Terminam, em geral, o crepúsculo da vida num lar. Se possuem posses, acolhem-se em hotéis, onde nada lhes falta; carinho, amor e alimentos bem confecionados; mas, caso contrário, são depositados em asilos.

Conheci idoso Bragançano, que me confessou no lar em que vivia: "De início estranhei. Reparto o quarto com dois companheiros de infortúnio. Como sou cego, acomodei-me… mas sentia não ter privacidade. Depois... acostumei-me."

Também conheci filha que tratou o pai com grande ternura e extrema dedicação. Certa ocasião resolveu ausentar-se, de férias. Pediu aos irmãos para o receberem durante esse período. Nenhum o queria, porque a casa era pequena ou por exercerem atividades incompatíveis.

A não ser as beneméritas Misericórdias, quase ninguém se lembra dos idosos pobres e remediados.

Os Municípios pensam apenas erguerem lares para estudantes e turistas, mas olvidam sempre construírem Casas de Repouso para naturais e residentes no concelho

Por quê? Os velhos ficam dispendiosos e pagam, quando pagam, mal. As reformas são insignificantes em geral. Os que auferem rendimentos elevados e reformas chorudas, hospedem-se em hotéis… ou não lhes falta quem os queira em sua casa...

Mas os pobres e remediados, quem cuida deles, mesmo conhecendo o preceito evangélico?

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, setembro de 2025 

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