sábado, 13 de setembro de 2025

“A dimensão moral se esvaziou e toda a interferência na dimensão egoísta é vista como interferência inadmissível.”

João Maurício Brás

(…)

Na ausência de qualquer fundo verdadeiramente ético e moral que assente sempre nos tesouros históricos e culturais, tendo estes sido destruídos, resta a visão liberal jurídico-legal sobre as sociedades e a compensação do vazio moral, como moralismo assente na visão punitivo-histérica de quem não adere à visão do novo homem desenraizado.

Solzhenitsyn, um exemplo moral e cívico, raro na contemporaneidade, nos legou milhares de páginas e, por exemplo, na sua conferência admirável proferida em 1978 na ocasião da entrega de um título de doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Harvard refere o perigo do predomínio dessa visão legalista como fundamento das sociedades. 

Tolstoi, outro grande pensador e escritor russo nos dizia que não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.

A dimensão moral se esvaziou e toda a interferência na dimensão egoísta é vista como interferência inadmissível. A liberdade da escolha de prazeres não pode ser perturbada por qualquer ideia de bem comum ou valores absolutos e superiores que foram remetidos para o mais recôndito de cada um.

Atitudes e valores fundamentais como a decência, a dignidade, a retidão, a justiça são apenas resíduos transformados em abstrações pela lei. A lei é a moral liberal. É a lei que tudo resolve e circunscreve.
Veja-se no campo político como a lei torna inimputáveis as maiores aberrações éticas. Solzhenitsyn nos alertava para que, quando o tecido da nossa vida é traçado por relações legais, o que é mais trivial e medíocre predomina nos homens.

A distopia segundo a qual qualquer capricho ou reivindicação é um direito, que há o direito de ter direitos, a separação sem dependência entre direitos, deveres e obrigações, a ausência de uma base ética levou a que a defesa dos direitos individuais se transformasse numa nova religião bizarra.

Solzhenitsyn nos avisava que este era tempo do Ocidente não apenas defender os direitos humanos, mas, principalmente as obrigações humanas.

(…)

Texto: João Maurício Brás, in “O Laboratório Progressista e a Tirania dos Imbecis”, página 122;  Digitação: JP, 13-9-2025 

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