segunda-feira, 15 de setembro de 2025

América condenada

Paulo Hasse Paixão

O registro do debate político nos EUA resume-se agora à lei da bala. E isto não devia espantar ninguém


Até porque, se é verdade que a radicalização do discurso político começou à esquerda, é hoje claro que a direita optou também pela virulência retórica.

A diferença é que os radicais de esquerda parecem agora mais propensos ao morticínio do que os radicais de direita, mas isso pode mudar com rapidez tempestuosa. Convém lembrar que a América já foi vitimizada pelo extremismo de direita, também recorrentemente, num passado não muito distante.

Correspondendo aos apelos lunáticos das elites, as massas parecem ter respondido em consonância. Esfaqueia-se uma rapariga porque é branca. Matam-se crianças por serem católicas. Assassinam-se opositores políticos porque sim. Rebentam-se com as vidas pelos mais espúrios motivos, e porque não?

Afinal, tudo é permitido e tudo pode acontecer, num mundo sem Deus.

E é até mais provável que aconteça num país onde os criminosos são protegidos pelos procuradores; onde os tribunais operam em função de agendas políticas; onde as agências de segurança trabalham activamente para proteger as elites do inquérito da cidadania e onde as elites, livres desse inquérito, praticam todo o tipo de abominações morais e materiais; onde os serviços secretos funcionam como uma quinta coluna, à revelia de qualquer controlo político ou dos mandatos eleitorais; onde a lei e a ordem é um chavão datado e a Constituição não mais que um velho papiro para turista ver.

O recorrente argumento da violência é também característico de sociedades de tal forma polarizadas que se tornam fatalmente desagregadas e irredimíveis. Quem é que, nesta altura do campeonato, acredita realmente que os Estados Unidos da América têm viabilidade como uma federação coesa em termos ideológicos e sociais ou que constituem uma nação com valores fundamentais partilhados pela grande maioria dos seus cidadãos?

O que não faltou nos últimos dias foi gente a celebrar, na imprensa corporativa como nas redes sociais, a morte de Charlie Kirk. Enquanto uns americanos sofrem o luto, outros americanos experimentam o júbilo. Isto não tem maneira de ser compaginável.

Entre as faixas litorais, densamente habitadas por neo-liberais ateus, e o interior ferozmente conservador e cristão, que pontes de concórdia podem ser, agora ou no futuro imediato, estendidas? Que feridas serão sanáveis?

Zero. Os americanos odeiam-se loucamente, uns aos outros. O primeiro inimigo da América é a América e a América não é apenas um império em queda acelerada.

É uma federação em morte lenta.

Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 16-9-2025

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