José Manuel
Por ocasião do quinquagésimo
aniversário do assassinato da Panair, acabo de rever o vídeo que contém relatos
de ex-funcionários, de figuras proeminentes à época, artistas, enfim, muita
gente, e cada vez mais me convenço do absurdo cometido contra uma empresa
sólida que representou internacionalmente o país durante décadas.
Emoções e simpatias à parte, a
Panair não era só uma empresa de aviação com equipamentos de ultima geração,
mas a responsável pela instalação de todos os sistemas de comunicação ao longo
da imensidão continental, dona dos aeroportos mais importantes do país, desbravadora
da Amazônia com os seus Catalina, dona da maior empresa de insumos técnicos
para a aviação, a Celma em Petrópolis e até hoje operando em parceria com a GE,
que fazia inclusive a manutenção não só de aeronaves estrangeiras bem como da
FAB.
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Constellation PP-PCG, dentro do hangar no Aeroporto Santos Dumont, no início da década de 1950. Esse hangar ainda existe, como parte das instalações do 3º COMAR. Fonte: Cavok Brasil |
Isso, se imaginarmos, só para
exemplificar, nas décadas de 50 e 60 era um feito espetacular em relação a
outros países, inclusive Estados Unidos e Alemanha.
Aí, em 1965, não vou entrar em
detalhes porque absurdos não têm paternidade, resolveram, com uma assinatura,
decretar a falência de uma empresa vitoriosa, sem dívidas com ninguém, com
caixa positivo e muito estruturada.
Com uma simples assinatura
colocaram no olho da rua da amargura milhares de funcionários, centenas de
técnicos em aeronáutica civil, pilotos, comissários, enfim, uma plêiade de
gente gabaritada tecnicamente, levando ao sofrimento centenas e centenas de
famílias.
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Aeromoças da Panair acampadas e à espera de uma audiência com o presidente, em 1965, ano em que a empresa encerrou suas atividades. Acervo: UH/Folhapres |
Anos após a sua absolvição, no
levantamento da falência, ninguém consegue responder o porquê de tal
arbitrariedade, tampouco liberam a certidão de óbito, muito menos a causa mortis.
Não satisfeito, o país que não
gosta de ser país, muito menos dos seus ativos mais valiosos, quarenta e cinco anos
depois, em uma situação totalmente oposta, mas também arbitrária, repetindo o
rosário de sofrimento anterior, decreta a falência da Varig, que superava
algumas das melhores empresas aéreas do mundo, novamente colocando no olho da
rua mais de vinte mil funcionários, e provocando a segunda maior diáspora de
pilotos e técnicos em aviação comercial de que se tem notícia no planeta.
Hoje os céus estão abertos ao
mundo, que os explora magnificamente enviando divisas para a suas matrizes, e
as empresas maiores já não são genuinamente nacionais pois a maioria é de capital
estrangeiro, mas o país dá mostras alegres e sorridentes de que essa é a
situação ideal para uma economia de Estado.
Saindo de um passado
vergonhoso e entrando num presente mais ainda, o país que não se suporta, ao
ver que uma empresa petrolífera genuinamente Pindoramense se atreveu a chegar a
ser uma das mais importantes no cenário mundial, caiu de tapas e bofetões na
desdita, até que a coitada perdeu o seu valor de mercado, vale menos do que uma
cervejeira e está sendo processada nas terras do tio Sam, por falcatruas
inimagináveis a seus acionistas gringos.
Conheço um microempresário,
aqui em Pindorama, que tem uma pequena empresa, funcionando e com endereço
reconhecido, CNPJ atualizado, sem dívidas para com o Estado ou bancos oficiais,
vem há anos solicitando um cartão BNDES, tendo sempre como resposta, a negativa
de que o seu faturamento não comporta a liberação do referido cartão.
Pois bem, o ex-presidente do
banco oficial do país, com vários problemas judiciais, não fala inglês, não tem
formação tecnológica, recentemente foi promovido a presidente da Petrobras, uma
multinacional em que o idioma inglês é recorrente, sem entender a diferença
entre petróleo e gasolina, mas se aposentando pelo fundo de pensão estatal
anterior com R$ 60.000,00 mensais.
Ora, como deverá ganhar lá na
Avenida Chile, cerca de 150 , mais os 60 da aposentadoria, vai dar uma pancada
nos cofres públicos de mais ou menos 210 mil mensais, numa empresa
que hoje está com a sede ícone, aquela da Avenida Chile, penhorada por falta de
pagamento a uma refinaria de pequeno porte.
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Foto: Felipe Borges |
Porém, antes de fazer as malas
para a petroleira, conseguiu um empréstimo para uma amiga, a Val, através do
mesmo BNDES no valor de dois milhões e setecentos mil, cliente essa
inadimplente no banco oficial, sem comprovar faturamento adequado e dando como
endereço de fachada uma agência do próprio banco. Portanto, aqui fica
evidenciada a confirmação de que o país realmente se odeia.
Recentemente, a valorosa
Polícia Federal comandada por um juiz patriota e firme em seus objetivos, uma
das poucas exceções do universo Pindorama, resolveu dar um basta na festa de
arromba que há décadas infringe os mais duros golpes, sem que o país se importe
com isso, e mandou prender os reis ou, talvez, imperadores das bandalhas empreiteiramente
nacionais.
O rombo e os saques criminosos
nos cofres públicos já passam de mais de CEM bilhões e as operações para tirar
tudo a limpo não param tanto aqui como no exterior.
Pois bem, como isso iria tirar
o país das páginas sujas do mundo e livrar a cara dos Pindoramenses sem culpa,
eis que de repente, não mais do que de repente, surge um The Flash em pleno carnaval e em apenas quatro horas,
numa velocidade incrível, articula com o TCU junto à AGU, uma
normativa para passar a ser o avalista dos acordos com as empreiteiras. Está claríssimo que isso
irá prejudicar o andamento da operação lava-jato.
Também um ex-Ministro do
mesmo TCU (tribunal de contas da União), surge agora dizendo que a
presidência nas mãos do PT, deixou de contabilizar 2,3 trilhões de Reais. Por
que, Ministro, não relatou à sociedade essa manobra há mais tempo?
Por onde anda esse dinheiro,
ninguém sabe, porque segundo a própria presidência é segredo de Estado.
Lamento mas isso não é
segredo, é uma bomba de efeito retardado.
E assim, ao longo dos anos,
empresas gigantes e genuinamente nacionais, importantíssimas em sua história
pela criação de empregos e tecnologia desenvolvida aqui em Pindorama, foram
sendo abatidas e entregues aos abutres internacionais, com a remessa de lucros
ao exterior cada vez crescendo mais. Nenhuma dessas empresas estrangeiras
aplica os lucros aqui, porque sabem que não haverá retorno governamental e
porque também sabem que correm o risco de perderem o que investiram.
Bem, isto tudo parece ser uma
espécie de síndrome de automutilação, auto sabotagem em que o ente não gosta de
si próprio, infringindo a si as mais variadas formas de golpes contra a sua
própria integridade.
Talvez fosse o caso de termos
a pasta ministerial da Psiquiatria e um ministro médico com expertise no
assunto, que tentasse resolver de vez estes mistérios insondáveis através de
uma psicanálise aplicada.
Quem sabe?
Título e Texto: José Manuel, não é borderline, tampouco
bipolar, 18-2-201
Vídeo:
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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