terça-feira, 16 de dezembro de 2025

[Livros & Leituras] Angola, a guerra dos traídos

Fernando Luís da Câmara Cascudo, Bloch Editores, Rio de Janeiro, Primeira Edição: 1979, 190 páginas. 

Este livro é um documento e um testemunho. Como documento, nele o leitor encontrará um pedaço importante da história do nosso tempo. O cenário é a África negra, a guerra em Angola, o ocaso de um tipo de colonialismo e o surgimento de outro. O testemunho, humano e emocional, em cima do lance, é de quem viveu extensa e intensamente os fatos que se desenrolaram na luta angolana, palcos de vários apetites, cujo ato final talvez seja um entretanto.

Fernando Luiz da Câmara Cascudo, conhecido nacionalmente como repórter, tornou-se cronista e personagem da guerra de Angola. Neste seu livro, narrando com objetividade e isenção o que presenciou na qualidade de jornalista imparcial e aliado incondicional de uma das facções, ele demonstrou as suas qualidades de escritor, herdades de seu pai, Luíz da Câmara Cascudo. O jornalista não se deixou influenciar pelo combatente. O combatente não perdeu a óptica impessoal da história.

Por tudo isso, 'ANGOLA, A GUERRA DOS TRAÍDOS', é um livro que na dupla qualidade de documento e testemunho reflete uma realidade do nosso tempo e mostra com detalhes o drama de um povo que, como outros povos, tem o seu destino nacional dependendo de interesses remotamente ideológicos e cujos centros de decisão estão bem distantes de África. 

Na página 100:

“O que deve fazer o leitor meditar um pouco sobre todas estas informações é o fato de elas serem, todas, de inteiro e total conhecimento das potências ocidentais, que acompanhavam, através de agentes em Brazzaville, em Luanda, em Kinshasa, mesmo em Ponta Negra, a marcha da invasão soviética/cubana.

O que é de admirar, é a inteira e total indiferença do Alto-Comissário Leonel Cardoso, já em Luanda, que participava de comícios populares e concentrações políticas ao lado do líder Agostinho Neto, permitindo que um verdadeiro arsenal de guerra fosse introduzido em Angola, quando, meses atrás, seu antecessor, Brigadeiro Silva Cardoso, negociava vários acordos de cessar-fogo, sempre com a preocupação de evitar maior concentração armada dentro de Luanda.

Diante da evidência dos fatos, que culpa podem ter os responsáveis pela FNLA, nas frentes de combate, sem a devida e necessária assistência logística, para fazer frente a um poderio nunca antes deslocado para outro país, depois do Vietnã?” 

Duas pequeninas atualizações:
Quifangondo
Quimbundo

👍👍👍👍👍

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Descolonização - 'ANGOLA - A GUERRA DOS TRAÍDOS', de Fernando Luís da Câmara Cascudo - Rio de Janeiro 1979

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