terça-feira, 11 de novembro de 2025

[Livros & Leituras] Jim

“Jim”, texto e ilustrações: François Schuiten, Edições ASA, Lisboa, junho de 2024, 125 páginas.

Carta de amor ao meu cão

Uma pequena crônica desenhada sobre o luto por um grande cão negro

No dia 24 de janeiro de 2023, por volta das 11h, o Jim partiu serenamente.

Ao ser confrontado com o seu desaparecimento, nas horas que se seguiram tive apenas um desejo: desenhá-lo… talvez para o manter por perto durante mais um bocadinho. Só consegui parar a meio da noite. Isto foi bom para acalmar as lágrimas e poder reencontrar e guardar todas as emoções que ele me trazia.

Vivemos juntos durante treze anos, dia e noite. Ele estava entranhado em mim, e eu estava ainda mais entranhado nele. Desenhá-lo parecia ser a única terapia válida. Acontecesse o que acontecesse, eu fazia todos os dias um desenho dele. 

Assim, esta pequena rotina substituiu os nossos passeios, aqueles momentos especiais que partilhávamos no dia a dia e que me permitiram muitas vezes me libertar das tensões da vida.

Queria desenhar o Jim para fazer o luto e aceitar que tinha de o deixar partir. Queria desenhá-lo para compreender tudo o que se passou entre nós. Para compreender esta relação invisível e tão misteriosa, mas que é, ao mesmo tempo, tão compensadora…


O Jim me abriu os olhos, me fez sair de mim mesmo. Ele expandiu o meu mundo.

Queria desenhá-lo para explorar aqueles lugares tão íntimos que ele ocupou. Para poder ter a esperança de alcançar aquilo que não conseguimos expressar por palavras.

(…)

Espero que estes desenhos digam algo a todas as pessoas que já perderam um cão e que conheçam ou temam o fim inevitável a que chega esta ligação extraordinária.

François Schuiten

*****

Nascido numa família onde a arquitetura desempenha um papel importante, François Schuiten é argumentista e desenhador.

Produziu Aux medianes de Cymbiola e Le Rail com Claude Renard e depois com Luc Schuiten, o ciclo Les Terres Hollows.

Desde 1983, trabalhou com Benoît Peeters nas séries Les Cités obscures e Revoir Paris, cujo último volume foi publicado em 2016.
Em 2012, publicou La Douce como autor completo.

Em 2002, recebeu o Grande Prêmio do Festival BD de Angoulême.

Ele também decorou várias estações de metrô, projetou pavilhões de exposições universais e projetou o Train World Museum em Bruxelas.

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