sábado, 22 de novembro de 2025

Assim como o biscoito Globo e o mate Leão, aviãozinho publicitário é uma tradição das praias do Rio

Há décadas, a publicidade no ar encanta frequentadores das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, com mensagens variadas

Patricia Lima

Tão tradicional como mate Leão e o biscoito Globo, as praias da Zona Sul carioca tem no aviãozinho monomotor que voa com uma faixa publicitária presa à cauda outro símbolo identitário. Há décadas, a publicidade no ar encanta frequentadores das praias sejam locais, de outros estados, ou até mesmo, do exterior. “Desde pequena, eu vejo a movimentação dos aviões. Tem dias que ele passa várias vezes, repetidamente”, disse Carolina Oliveira à revista Manchete

De acordo com a publicação, a passagem dos voos publicitários pelo céu praias cariocas é a etapa final de um processo que começa a mais de 20 km de CopacabanaIpanema e Leblon. Tudo começa no hangar 3, do Clube de Aeronáutica, localizado na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste da cidade. No local, operam os três aviões e o escritório da RIOARnoar, empresa responsável pela publicidade aérea há mais de 30 anos.

“A praia é a audiência mais democrática que existe. Todo mundo vai à praia. Por isso, você consegue falar com qualquer público”, afirmou o dono da empresa, Sérgio Alexandre, à publicação. O empresário acrescentou que a publicidade “nas alturas” “sempre funciona, para qualquer situação, para qualquer orçamento”, por isso se popularizou e ficou mais acessível.

O gerente da churrascaria TourãoFrancisco Givanildo, contou que o estabelecimento investe em várias modalidades publicitárias, mas o aviãozinho sempre faz o caixa levantar voo: “A gente investe em vários formatos de propaganda. Mas o aviãozinho é imediato: a gente anuncia e o público responde na churrascaria, na hora”, disse o gerente ao veículo.

Assim como a praia, o aviãozinho publicitário também é bem democrático, como contou o barraqueiro Ricardo Antunes, que já viu de tudo nas mensagens aéreas, sendo a mais surpreendente uma denúncia de traição: “A mensagem dava um toque no cara no melhor estilo ‘fique de olho na sua namorada’. E ele estava aqui, na minha barraca na hora em que o avião passou”, contou Antunes à Manchete.

Apesar da inusitada indiscrição, 99% das comunicações são de publicidade. “De óticas, aplicativos de relacionamento, churrascaria até jogos e sorteios. Todos sabem o potencial de uma praia lotada”, explicou Sérgio Alexandre sobre os anunciantes que contrataram os seus disputados voos. De acordo com o empresário, um fim de semana de verão pode alcançar cerca 2 milhões de banhistas de várias gerações, “do Leme ao Pontal”.

Após anos de ausência no mercado: “A Revista Manchete está de volta”. O anúncio foi feito pelo aviãozinho e encantou as pessoas que estavam na praia, como o vendedor de mate e biscoito Globo, Isaías Santos: “Era uma revista de renome e não era barata. Só as pessoas mais grã-finas liam”, disse ele à reportagem da Manchete. 

Ao contrário do que muitos pensam, o aviãozinho não decola com a faixa publicitária já instalada. A operação é muito mais complexa e segue normas de segurança rígidas, além de exigir grande perícia do piloto, que deve viajar sozinho na aeronave.

Para que a faixa não fique destruída antes mesmo do voo pelo seu atrito com o chão enquanto o avião toma velocidade para decolar, a estratégia usada é de levantar voo primeiro e encaixar a faixa depois. Assim, a decolagem acontece em uma pista gramada no Clube de Aeronáutica. O piloto então segue para uma aproximação no Aeroporto de Jacarepaguá, ao lado do terminal da Aeronáutica.

A faixa é posicionada na pista asfaltada do aeroporto de Jacarepaguá de forma que o piloto consiga “pescá-la”, sem tocar no solo. Com atenção e perícia, o piloto dá um rasante sobre a pista e libera uma corda com um gancho de metal na ponta, tipo um anzol, e “pesca” o encaixe perfeito da faixa. Uma vez encaixada, a operação é bem-sucedida e mais uma comunicação vai rasgar o céu do Rio de Janeiro.

Título e Texto: Patricia Lima, Diário do Rio, 22-11-2025

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