Há décadas, a publicidade no ar encanta frequentadores das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, com mensagens variadas
Patricia Lima
Tão tradicional como mate Leão e o biscoito Globo, as praias da Zona Sul carioca tem no aviãozinho monomotor que voa com uma faixa publicitária presa à cauda outro símbolo identitário. Há décadas, a publicidade no ar encanta frequentadores das praias sejam locais, de outros estados, ou até mesmo, do exterior. “Desde pequena, eu vejo a movimentação dos aviões. Tem dias que ele passa várias vezes, repetidamente”, disse Carolina Oliveira à revista Manchete.
De acordo com a publicação, a
passagem dos voos publicitários pelo céu praias cariocas é a etapa final de um
processo que começa a mais de 20 km de Copacabana, Ipanema e Leblon.
Tudo começa no hangar 3, do Clube de Aeronáutica, localizado
na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste da cidade. No
local, operam os três aviões e o escritório da RIOARnoar, empresa
responsável pela publicidade aérea há mais de 30 anos.
“A praia é a audiência mais
democrática que existe. Todo mundo vai à praia. Por isso, você consegue falar
com qualquer público”, afirmou o dono da empresa, Sérgio
Alexandre, à publicação. O empresário acrescentou que a publicidade “nas
alturas” “sempre funciona, para qualquer situação, para qualquer orçamento”, por
isso se popularizou e ficou mais acessível.
O gerente da
churrascaria Tourão, Francisco Givanildo, contou que o
estabelecimento investe em várias modalidades publicitárias, mas o aviãozinho
sempre faz o caixa levantar voo: “A gente investe em vários
formatos de propaganda. Mas o aviãozinho é imediato: a gente
anuncia e o público responde na churrascaria, na hora”, disse o
gerente ao veículo.
Assim como a praia, o aviãozinho publicitário também é bem democrático, como contou o barraqueiro Ricardo Antunes, que já viu de tudo nas mensagens aéreas, sendo a mais surpreendente uma denúncia de traição: “A mensagem dava um toque no cara no melhor estilo ‘fique de olho na sua namorada’. E ele estava aqui, na minha barraca na hora em que o avião passou”, contou Antunes à Manchete.
Apesar da inusitada
indiscrição, 99% das comunicações são de publicidade. “De óticas,
aplicativos de relacionamento, churrascaria até jogos e sorteios. Todos sabem o
potencial de uma praia lotada”, explicou Sérgio Alexandre sobre os
anunciantes que contrataram os seus disputados voos. De acordo com o
empresário, um fim de semana de verão pode alcançar cerca 2 milhões de
banhistas de várias gerações, “do Leme ao Pontal”.
Após anos de ausência no mercado: “A Revista Manchete está de volta”. O anúncio foi feito pelo aviãozinho e encantou as pessoas que estavam na praia, como o vendedor de mate e biscoito Globo, Isaías Santos: “Era uma revista de renome e não era barata. Só as pessoas mais grã-finas liam”, disse ele à reportagem da Manchete.
Ao contrário do que muitos
pensam, o aviãozinho não decola com a faixa publicitária já instalada. A
operação é muito mais complexa e segue normas de segurança rígidas, além de
exigir grande perícia do piloto, que deve viajar sozinho na aeronave.
Para que a faixa não fique
destruída antes mesmo do voo pelo seu atrito com o chão enquanto o avião toma
velocidade para decolar, a estratégia usada é de levantar voo primeiro e
encaixar a faixa depois. Assim, a decolagem acontece em uma pista gramada no
Clube de Aeronáutica. O piloto então segue para uma aproximação no Aeroporto de
Jacarepaguá, ao lado do terminal da Aeronáutica.
A faixa é posicionada na pista
asfaltada do aeroporto de Jacarepaguá de forma que o piloto consiga “pescá-la”,
sem tocar no solo. Com atenção e perícia, o piloto dá um rasante sobre a pista
e libera uma corda com um gancho de metal na ponta, tipo um anzol, e “pesca” o
encaixe perfeito da faixa. Uma vez encaixada, a operação é bem-sucedida e mais
uma comunicação vai rasgar o céu do Rio de Janeiro.
Título e Texto: Patricia
Lima, Diário do Rio, 22-11-2025


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