Aleksandr Soljenítsin
(…)Na guerra com a Finlândia
fez-se uma primeira experiência: julgar como traidores à Pátria os nossos
soldados que caíram prisioneiros. Primeira experiência na história da
humanidade! – mas vejam lá, nós não demos por nada!
Terminaram o ensaio – e
precisamente começou a guerra e com ela uma grandiosa retirada. Na Lituânia
foram abandonados à pressa unidades militares inteiras, regimentos, divisões de
artilharia e de defesa antiaérea – mas conseguiram deslocar vários milhares de
famílias de lituanos suspeitos.
Esqueceram-se de evacuar
fortalezas inteiras, como a de Brest, mas não se esqueceram de fuzilar os
presos políticos nas celas e nos pátios das prisões de Lvov, Rovensk, Tallin e
muitas outras prisões das regiões ocidentais. Na prisão de Tartu fuzilaram 192
pessoas e atiraram os corpos para um poço.
Em 1941 os alemães
cercaram e isolaram tão depressa Taganrog, que na estação ficaram vagões de
mercadorias carregados de presos para evacuação. Que fazer? Não vamos agora
libertá-los. Nem entregá-los aos alemães. Mandaram vir cisternas cheias de
petróleo, regaram os vagões e depois deitaram fogo. Todos morreram queimados
vivos.
Na retaguarda, logo a primeira torrente da guerra foi a dos propagadores de boatos e semeadores do pânico. Depois fia a vaga dos receptores de rádio ou peças de aparelhos de rádio. Por uma lâmpada de rádio encontrada (por denúncia) aplicavam dez anos.
Ao mesmo tempo, houve a
torrente dos alemães – alemães da região do Volga, colonos da Ucrânia e
do Cáucaso do Norte, e em geral todos os alemães que viviam na União Soviética.
O critério determinante era o sangue, e até os heróis da Guerra Civil e velhos
membros do partido, mas que eram alemães, iam para o desterro.
(…)
Texto: Aleksandr Soljenítsin, in “O Arquipélago Gulag”, página 61; Digitação: JP, 19-11-2025
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