domingo, 23 de novembro de 2025

[As danações de Carina] Se cada um tivesse ficado na sua...

Carina Bratt

ENQUANTO Anne Frank* escrevia o seu famoso e fantástico ‘diário secreto’ e antes de morrer de tifo no campo de concentração Bergen Belson, Kin Edwards* dava vida e forma a um romance sombrio, cheio de aventuras e suspenses ao qual intitulou de ‘O Guardião de memórias’. O irlandês John Boyne*, nascido em Dublin, até onde se sabe, bateu o seu próprio recorde. Superou a ele mesmo. Alto lá. Superou como, ou de que maneira? Calma gente. Eu explico. Ele escreveu ‘O menino do pijama listrado’ em dois dias e meio, assim mesmo, de uma vez, sem parar.

Nem quando ia ao banheiro para as necessidades fisiológicas (notadamente para se livrar da operação conhecida como a de número dois). Sempre apressado para concluir seu romance, por vezes esquecia de dar descarga e o computador portátil que usava, nessas horas, (seu amigo inseparável, segundo ele conta) prometia solenemente dar pau. Do lado de cá do mesmo mundo conhecido como Terra, Cresida Cowell* sem barquinhos ou canoas, ensinava ‘Como navegar em uma tempestade de dragão’.

Dan Brown*, por seu turno, tentava decifrar o ‘Código Da Vince’ e Markus Suzak* transformou uma jovem mocinha numa ladra nota mil e ela, em face desses ensinamentos, ficou conhecida como ‘A menina que roubava livros’. Deu sorte. Nunca foi presa. Diferentemente dos irmãos gêmeos Zhores A Medvedev e Roy A. Medvedev* que correram atrás de Stalin por um bom tempo e apesar dos esforços empregados nessa aventura desenfreada toda ela, até hoje, continua o cidadão Stalin (pelo menos, para eles), ‘Um desconhecido’.

José Mauro de Vasconcellos* vivia de caso com seu ‘Pé de laranja Lima’. Namorou com ‘Rosinha, minha canoa’, comeu a ‘Banana Braba’ com casca e tudo. Morou ‘Longe da terra’, numa ‘Rua descalça’, num suntuoso ‘Palácio Japonês’ e apesar dessa sorte caída do céu, nunca deixou de cuidar carinhosamente da sua ‘Arara Vermelha’, tampouco da ‘Arraia de fogo’. ‘Doidão?.’  Doidão, talvez! Nunca ninguém falou que sim ou afirmou categoricamente que não. Jorge Amado*, ao contrário, gostava, ou melhor, amava de paixão o ‘Pais do Carnaval’. Contudo, jamais se afastou da sua querida e adorada Salvador.

Preferiu a calmaria da Rua Alagoinha, nº 33, no Bairro do Rio Vermelho e ali, antes da Zélia Gattai, teve um caso passageiro com uma jovem conhecida como “Lenita”. Calma gente. Nada de pensar em traição. Jorge Amado nunca colocou chifres em Zélia. ‘Lenita’ não foi nenhuma amante do autor de ‘Cacau’, ‘Suor’, ‘Jubiabá’ e ‘Mar morto’. entre outros. ‘Lenita’ a bem da verdade, foi seu primeiro romance. Um opúsculo que ele considerou pobre e de concepção menor.

Em outras palavras, nunca o trouxe à berlinda, em face de ter colocado na mente ser essa preciosidade uma obra menor e, sem valor, e igualmente, por representar ‘a vergonha (imagine!) de ser o seu primeiro romance’.  José Lins do Rego* criou, desde tenra idade, focando a sua vida inteira como pai do ‘Menino do Engenho’, mas, em decorrência dos ‘Cangaceiros’, perdeu parte da sua pureza. Por conta, seu ‘Fogo morto’ se fez apagado, e ele acabou em 1957 enterrado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Raquel de Queirós*, ficou famosa quando gozava o albor dos ‘Quinze’. Apesar de toda a popularidade alcançada, José Américo de Almeida* achou tudo isso que ela escreveu, pura ‘Bagaceira’. Teria dito, depois de morto, ‘À grita de suas primas devotas, em nenhum momento lhe chegou a doer na consciência’. Pois bem: Tristão de Athayde* não era nenhum bocadinho tristão, tampouco ficou brabo, furioso ou colérico, quando ao morrer lhe colocaram num ataúde escrito erradamente como ‘Athaide do Tristão’. Esse erro de redação não lhe tirou  de forma nenhuma o sabor do estrelato, apesar de suas ‘Memórias improvisadas’. Afinal ele e Alceu Amoroso Lima eram a mesma pessoa. Poderia ter escrito um livro com o nome Dois em Um,

Ellen G White* se meteu ‘No Grande conflito’ enquanto Gabriela de Souza Santos* ensinava ‘Madalena’ a seguir os passos do ‘Leão de Sangue’. Em oposto a ela, detestando leões, o doutor Marco Aurélio Dias da Silva* ensinou a todos nós, uma grande lição: ‘Quem ama, não adoece’. João Bafo* se tornou um excêntrico ‘Noviço Rebelde’ juntamente com Mark Finley*. Ambos se uniram para ir além da crise e plantaram a ‘Esperança’. Klaled Houssein* parou de correr no encalço do ‘Caçador de pipas’ e preferiu a calma da ‘Cidade do Sol’.

Nessa confusão toda, foi a jovem, linda e esfuziante R.J. Palácio*. Através do (Auggie Pulman, um garoto nascido com uma síndrome genética cuja sequela se transformou numa severa deformidade facial, o que lhe impôs, vida à fora, diversas cirurgias e complicações médicas). Seu romance de estreia meritoriamente alcançou e não poderia deixar de ser diferente. R.J. Palácio*, galgou os píncaros do ‘Extraordinário’. Raphael Montes*, é um jovem de cara nova e apesar de bonito e charmoso e usar óculos de formato legal não conseguiu encontrar seus ‘Dias perfeitos’.

Acabou de passar um mês numa localidade conhecida como ‘O Vilarejo’. Segundo ele, valeu a pena.  Me contou ontem, em troca de e-mail, por lá, num saboroso, majestoso e inesquecível ‘Jantar secreto’, encontrou a sua mina de ouro por pura sorte. Ainda assim, humilde, segue vida afora, sendo eternamente grato à ‘Uma mulher no escuro.’ Aparecido Raimundo de Souza*, em confronto com a Lei Maria da Penha, ensinou os homens a ‘Como matar sua mulher sem deixar vestígios’. Os mais rabugentos sustentam que ele se meteu numa enorme ‘Boca de encrenca’, em face de orgias espalhafatosas e também de uma infinidade de saborosos ‘Cinco Contra Um’ a se perderem de vista, trazidos a efeito e à tona, pelas escolhas das beldades de tirarem o fôlego que caíram de paraquedas em sua cama.

Com as ‘Confissões de um pau perfeito’, apanhou feito burro teimoso, quando em outra cidade interiorana ensinou para umas mocinhas da roça todas ‘As mentiras que as mulheres gostam de ouvir’. Ao pretender fugir para uma localidade próxima disfarçado de Salsicha, no caminho que o levaria para ‘Babilônia’, deu com ‘O Cristo Recrucificado’ e ‘Ele’, o majestoso Homem de Nazaré, perdoou seus pecados. Aparecido prometeu que ‘talvez volte para casa na primavera’. Será?!  Enquanto não temos resposta, fixemos em Frank G. Slaughter*, e seu ‘Médico e amante’. Complicado.

Já Rodolfo Caliggaris* preferiu a vidinha pacata em família, distribuindo entre seus pares, ‘O Perfume de Jitterbug’, ou melhor, de Tom Robbins*. Charlie Donlea* foi outro que trocou a família pela ‘Garota do lago’ ao mesmo tempo em que Herbert Farias* seguia por uma senda estranha tentando achar um novo ‘Itinerário de uma ausência’ nos cafundós do seu ‘eu’ atormentado. Acabou derreado, como Henry Milher* se fartando entre corridas desenfreadas atrás de ‘Sexus’, ‘Plexus’ e ‘Nexus’, todavia, sem muito nexo. Apregoaram as más línguas, depois da sua morte, que o infeliz subiu para o andar de cima seco feito pau de virar tripa. Na verdade, ele veio à óbito por problemas circulatórios. O povo é desbocado e sem noção. Fala demais.

Explicações necessárias:

Após cada nome citado, o (*) asterisco faz menção as obras escritas pelos seguintes autores:

1) Anne Frank,

2) Kin Edwards,

3) John Boyne,

4) Cresida Crowell,

5) Dan Brown,

6) Markus Suzak,

7) Zhores A Medvedev e Roy A. Medvedev,

8) José Mauro de Vasconcellos, 

9) Jorge Amado,

10) José Lins do Rego,

11) Raquel de Queirós,

12) José Américo de Almeida,

13) Tristão de Athayde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima),

14) Ellen G White,

15) Gabriela de Souza Santos,

16) Marco Aurélio Dias da Silva,

17) João Bafo,

18) Mark Finley,

19) Klaled Houssein,

20) R.J Palácio,

21) Raphael Montes,

22) Aparecido Raimundo de Souza,

23) Frank G Slaughter,

24) Rodolfo Caliggares,

25) Ton Robins,

26) Charlie Donlea

27) Herber Farias, 

28) Henry Millher.

Título e Texto: Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 23-11-2025

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