Aparecido Raimundo de Souza
Em meus olhos, sombras lúgubres dançam num baile dantesco. O
silêncio rouba o caminho. Perdido, respiro o desespero.
Vento contra folhas.
Algo sem endereço. Busca sem traços. Me perco entre estrelas desfalecidas.
Nenhuma se faz cadente.
Dor de um amor
proibido que não respira. A sombra
aperta o pulso lento. Em algum lugar o silêncio gira descompassado.
No escuro, um peso.
Lágrimas caem sem dor. Dor que não some, apenas cria vazios imensuráveis.
Sol nas linhas de
minhas mãos abertas. Risos de felicidade ecoam em meus ouvidos. Uma alegria sem
fim me prende num redemoinho.
Pétalas dançam leves.
O coração pula. A luz transborda, a felicidade flui. Contudo, não a encontro em
mim.
Rodas no asfalto dessa
estrada sem fim giram atormentadas. Horizontes logo à frente se fazem sem
fronteiras. A liberdade do amanhã nem ao
menos dá sinais de vida. Tampouco sussurra.
Passos sem destino. A
sua sombra some., o vento grita, a liberdade numa poça se afoga.
Coração pulsa leve.
Mãos invisíveis me tocam sem calor. Parece até silêncio de amor sem talvez.
Rodas cortam o vento. Estradas sem fim logo a frente. Vejo uma caurva. O medo dança. Liberdade se faz em fuga.
Pedaços no chão, a dor
vira um cachorro que late raivoso.
Silêncio sangra temendo o pior.
Mãe, são mãos que
abrigam a vida. Cuidados existem em cada gesto, em cada dobra, entretanto, o
amor sem medida prevalece.
O tudo é um suspiro
sem nada. As ondas somem. O vento quebra. É o fim
Sombras me cercam.
Olhos vazios, fazem mil perguntas e eu
nem sei os porquês. Pra variar, uma dor se agiganta sem resposta coerente.
Asas de um pássaro de
fogo cortam o vento. Nuvens são degraus de alma solta, elas flagram a liberdade
e a deixam sem peso.
Meus pensamentos
desmancham num tremendo céu escuro. O real do meu agora se desfaz em uivos esvoaçantes
Lua nova brilha no meu
céu tresloucado. Sombras dançam. Sonhos se fazem tremer na base. A noite
esconde segredos que nunca desvendarei.
Achei um coração em
chamas. Vi setas no ar, enquanto sombras bebiam refri. De repente, uma dor sem
voz, gritou em vão
A morte me envolve.
Respiro a vida. Estrelas riem de mim. O silêncio se faz cada vez mais presente.
Endoideci.
A chuva rasga o chão de terra batida. Raízes bebem a
vida que ainda resta ao redor. No horizonte, nada vejo, apenas o medo do
amanhã.
Rodas giram num baile
sem o fluxo normal, vidas somem, o tempo se esvai. Caminho sem saída me espera
logo ali adiante.
Meus passos seguem
pela calçada. No meio da rua, olhos incertos se cravam em mim. Cada passo que
dou, é um risco a ser superado;
O espelho do meu
"eu" interior, mente. Os reflexos que vejo nele,somem. A dor
fustigante que me espia, fica em estado de alerta. Nada por aqui me faz
acreditar que é real.
Bordas traiçoeiras no
abismo, pés nús, vento esquisto sopra ruidoso. Percebo queda sem freio. Não
tenho como me parar. A qualquer minuto despenco dentro de mim mesmo
Sombras dançam ao meu
entorno. A luz clara, do nada se ofusca. Toques silenciosos me amedrontam. Meu
espírito se desmancha. Nada por aqui é verdade.
Cinzas no meu céu
enegrecido. Sussurros se findam sem dizer nada. O silêncio que me abraça é apenas uma miragem.
Três luas vejo no céu.
Todas dançam ao redor dele. Melhor fugir e me esconder no não sei onde.
Nos trilhos, um trem
corta a noite. As sombras que se projetam
nele, parecem medrosos. O vento
que vem do maquinista se esconde num vagão de carga. Dizem foi uma
partida sem adeus.
Gotas na pele ardem
como remédio em machucado aberto. O dia
se fecha, o corpo da menina grita por liberdade. Perduram em seu âmago segredos
insondáveis.
Beijos desesperados em
bocas entreabertas não trazem amor. O coração que ele suporta no peito, quer
parar, mas os lábios ressequidos lhe enviam sinais estrepitosos. Sabe que não é
o amor. Tudo não vai além de uma louca ilusão
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, da cidade de Atafona, no Rio de Janeiro, 25-11-2025
O Ódio e a sua doce face adulterada
Tipo assim: meus dias em formatos cada vez mais curtos
Provocado
A casa das bundas ditosas

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