Humberto Pinho da Silva
O grande Aquilino encontra-se um pouco esquecido, todavia é dos maiores prosadores da língua portuguesa.
Pena é, a meu ver, que o
nome do extraordinário prosador, esteja manchado por atividade política pouco
recomendada, e pelo facto de ser testemunha no testamento de Manuel Buiça,
realizado três dias antes do regicídio, segundo Rocha Martins, e registrado por
António Manuel Ferreira, no livro "De Marquês de Pombal ao Dr. Salazar”.
"Ora o Mestre Aquilino em "Escritor Confessa-se", afirma "Na nossa terra, basta esbracejar, dar murros na mesa, bramar, romper contra a corrente do bom senso, armar em teso, para ganhar fama de valente ou superioridade, e fama que não é fácil extirpar com duas razões, no bestunto do nosso próximo."
É o que fazem, em geral,
sindicalistas e alguns políticos, que arrastam multidões...
Essa valentia lusa é
igualmente utilizada por cabeças ocas, que passam por sábias, e abundam pelas
empresas, impressionando dirigentes “medrosos”, que ocupam cargo por favor do
partido que militam, cuja ideologia asseveram acreditar.
Ninguém melhor os retratou do que o nosso Bocage, em "O Macaco Declamador":
Entre brutal multidão
Dizem lhe deu na cabeça
Fazer uma pregação.
Creio que seria o tema
Indigno de se tratar
Mas isso pouco importava,
Porque o ponto era gritar
Teve mil vivas, mil palmas,
Proferindo à boca cheia
Sentenças de quinze arrobas,
Palavras de língua e meia.
Isto acontece ao poeta,
Orador, e outros que tais;
Néscios o que entendem menos,
É o que celebram mais."
Quem não conhece, na
política, na associação cultural e desportiva, o mono palrador que berra de
cátedra e de voz ardilosa, pretendem esmagar tudo e todos?
Encontram-se nas empresas,
em bicos de pés, "para serem vistos" (como disse Diderot) com voz de
bordão e ares doutorais, pretendem impressionar, para subirem na hierarquia.
António Lopes Ribeiro, em
"Anticoisas & Telecoisas", escritor e cineasta famoso, conhecedor
perfeito da nossa sociedade, afirma:
"Fazer barulho e dar
nas vistas – tal é a chave do êxito em nossos dias."
E mais adiante "(...) Quem for discreto, modesto, púdico, reservado, recatado e respeitador, não vai longe em qualquer carreira,” mormente, escrevo eu, na política e funcionalismo público.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, novembro de 2025
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