Rei de Portugal e Imperador
do Brasil, D. Pedro IV fez mais do que ninguém pelos dois países.
Tem uma estátua altíssima no Rossio lisboeta e
outra, equestre, no centro do Porto. Nenhum outro rei mereceu tamanhas honras.
E, no entanto, D. Pedro IV não é assim tão conhecido do cidadão comum como, por
exemplo, D. João I ou mesmo D. Dinis, apesar de estes terem vivido muitos
séculos antes.
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Rossio, Lisboa, © William Dudziak,
http://www.dudziak.com
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Afinal, o que notabilizou D. Pedro IV? Acima de
tudo, o ter pegado em armas para combater o próprio irmão, D. Miguel, que se
apoderara ilegitimamente do trono e restaurara o absolutismo, ou seja, a forma
de Governo anterior à instauração do parlamentarismo. Na guerra civil que se
travou entre 1832 e 1834, as forças liberais, comandadas por D. Pedro, venceram
as absolutistas, comandadas por D. Miguel, e permitiram que Portugal começasse
a viver – digamos – em democracia. Este regime de liberdade, com partidos,
eleições e parlamento, duraria até 1926 (com a monarquia transformada em
República em 1910) e, depois de 48 de regresso a uma ditadura, seria, como
sabemos, restaurado em 1974.
Mas D. Pedro não foi notável apenas por isso. Do
outro lado do Atlântico tornou-se o primeiro imperador do Brasil independente.
Tinha partido para lá aos 9 anos, em 1807, com os pais e toda a Corte, para
escapar à invasão napoleónica. Os pais eram D. João VI e a espanhola D. Carlota
Joaquina, embora as más-línguas afirmem que em boa verdade ele era filho do
jardineiro do Palácio de Queluz.
Quando D. João regressou a Portugal, D. Pedro, já
com 23 anos, decidiu ficar e proclamar-se imperador do novo país, que estava
maduro para a independência. Permitiu assim não só que o imenso Brasil – um
verdadeiro continente – se mantivesse unido sob a sua coroa. Como também que
permanecesse dinasticamente ligado à mãe-pátria. Nada de semelhante ocorreu com
os países da América Espanhola. Nem, é claro, com os Estados Unidos da América.
Conseguindo fazer dois em um, este homem tornou-se assim admirado tanto em
Portugal como no Brasil, onde governou com o nome de D. Pedro I.
Foi vitimado pela tuberculose pouco depois da
vitória liberal que protagonizara do lado de cá do oceano e de ter confiado o
trono à sua filha, D. Maria II. Mas o seu corpo seguiu para o Brasil em 1972,
quando se comemoravam os 150 anos da independência que ele construíra. O corpo
menos o coração, que está na igreja da Lapa, no Porto, cidade em que resistiu
com as suas tropas a um grande cerco miguelista, durante a guerra civil. Foi um
homem repartido entre dois continentes, mas nunca hesitante quanto ao sentido
progressista do futuro.
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D. Pedo I, óleo sobre tela, cerca de 1830, de Simplício Rodrigues de Sá. Atualmente no Museu Imperial de Petrópolis, RJ, Brasil |
Ah, e não esqueçamos que o nome oficial do Rossio,
em Lisboa, é mesmo… praça D. Pedro IV.
Título e Texto: Luís Almeida Martins, in “365
dias com histórias da História de Portugal”, páginas 281 e 282.
Digitação: JP,
26-9-2013
Carlota Joaquina era vigiadíssima até seu terceiro filho ... depois disso, não são a más línguas que dizem que seus filhos não eram também, filhos de D. João VI ... apesar de dela viver em Queluz e ele no Palácio da ajuda, e de, essa separação ter continuado no Rio de Janeiro - ele vivia no Paço da Cidade e ela numa chácara em Botafogo, deduz-se portanto, que seus vários filhos e filhas a partir daí, não eram de D. João VI. O Rei nunca iludiu-se quanto a isso, sabia bem que era impossível esses filhos serem seus e costumava dize que o único que acreditava ser mesmo seu era, justamente o mais velho, D. Pedro I/IV, que da mãe, herdou a volúpia e por isso era pai de mais de 50 filhos, todos registrados com o sobrenome de "Brasileiro". Todos que carregam "Brasileiro" no sobrenome são descendentes bastardos de D. Pedro I/IV: Antônio Carlos Brasileiro Jobim, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza ... para citar apenas esses dois.
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