Luciano Henrique

Gramsci se definia como um
pragmático, em oposição ao socialismo fatalista. Ele entendia que a visão
fatalista (a qual defendia que o comunismo era inevitável, portanto uma atuação
‘light’ se basearia em esperar o colapso do capitalismo) não gerava resultados.
Não gerava motivação suficiente. Ao mesmo tempo, a visão fatalista gerava um
discurso radical, facilmente derrubado pelos opositores. Ele também compreendia
que a cultura ocidental rejeitaria uma ruptura tal qual ocorrera na Rússia.
Nascia aí o primeiro “molde”
do que viria a se tornar a estratégia gramsciana. Mas o primeiro estímulo veio
da noção da crítica aberta às estratégias dos socialistas ao seu redor. Isto é,
Gramsci achava que todos eles deveriam ser julgados pelos resultados de suas
táticas, e não tanto pela autoridade moral que acreditavam possuir por estar
“do lado certo da história”.
O conceito da crítica contínua
às táticas para obtenção de poder provocaria uma seleção natural das melhores
táticas. Politicamente, as pessoas deveriam ser julgadas pelos seus resultados.
Grupos, sindicatos, partidos e o que valha. Todos estariam nessa esfera de
julgamento. Entretanto, criticar táticas de outros socialistas não é o mesmo
que atacá-los como se ataca um oponente. O oponente é um só e precisa ser
destruído. O socialista divergente em táticas é apenas alguém cujas táticas
precisam ser desafiadas em termos de resultados.
Evidentemente, a direita
precisa de mais inspirações gramscianas. Algumas pessoas precisam aceitar
melhor as críticas às suas táticas. Para alguns, é preciso também ter a coragem
de se colocar como um agente tático sob teste. Mas este procedimento deve ser
dialético e enriquecedor. É isto que daria musculatura a uma direita focada em
resultados.
Só conseguiremos alcançar tal
estágio quando substituirmos as rixas internas na direita por um Quality
Assurance de táticas, onde cada lado entra na mesa para dizer: “Eu fiz (x)
durante (r) meses, e consegui um resultado que pode ser dimensionado assim: (j)
”.
Se você não gosta de uma
tática, qual é a sua? Em quanto tempo ela dará resultados? Como ela pode ser
aplicada? Como saberemos se esses resultados estão acontecendo especificamente
por causa de sua tática? Questões assim demonstram maturidade neste tipo de
debate.
Pensar gramscianamente começa
assim. A dialética central é feita comparando-se estratégias, planos, táticas
e, mais do que tudo, resultados.
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