Francisco Vianna
Depois da súbita, mas quase
unânime destituição constitucional de Fernando Lugo da presidência do Paraguai,
muitos davam como favas contadas que o seu sucessor, o então vice-presidente
Federico Franco, seria um mero ‘presidente-tampão’, até às eleições
presidenciais de abril do ano que vem e que não seria capaz de fazer praticamente
nada no período em que ficasse no cargo. Mas ao longo das últimas cinco
semanas, Franco
surpreendeu a todos com sua capacidade de governar e de fazer as coisas
acontecerem, para desespero da esquerda sul-americana que fará tudo para
prejudicar o pequeno, mas valoroso país.
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O Dr. Federico Franco Gómez, ao fazer o juramento sobre a Constituição e ser empossado como Presidente da República do Paraguai |
Franco, um médico cardiologista, vem
acumulando conquistas que nem de longe foram conseguidas por governos
anteriores, tais como a de ter acelerado o processo de reforma agrária e ter
conseguido a aprovação de um imposto sobre a renda individual, entre outros
feitos. Toda a esquerda ‘socialista’ criticou a forma pela qual Lugo foi
defenestrado do seu cargo, embora ela tenha seguido estritamente o que reza a
Constituição do seu país, e, por isso, não houve sanções econômicas nem perdas
significativas para a economia, muito embora o Paraguai tenha sido suspenso do
MERCOSUL e de alguns foros regionais fortemente dominados por socialistas.
Na
verdade, sua suspensão do bloco comercial sul-americano lhe deu mais liberdade
de ação e maneabilidade em negociar apoios essenciais, principalmente
direcionados à entrada do país na ALCA, ainda que por meio de acordos bilaterais
com os EUA, Chile e Colômbia e, agora, Franco se beneficia do apoio dos
legisladores que votaram quase unanimemente a favor da destituição de Lugo para
imprimir um impressionante ritmo de realizações administrativas, cujo sucesso
está sendo propagandeado com vistas às eleições presidenciais de 2013 com o
novo mandatário, de 50 anos, prometendo mais medidas nos 13 meses que lhe
restam no poder. “A maior alegria que pretendo levar para casa é a de ter
começado a inaugurar um país sério e amplamente previsível”, comentou o
Presidente Franco numa recente entrevista cedida à TV.
Franco destacou o seu
sucesso em acelerar os processos de titulação de terras para levar adiante a
sonhada reforma agrária, uma promessa antiga que o governo de Lugo não pode (ou
não quis) cumprir e cujo fracasso, segundo muitos acreditam, juntamente com a
violência típica dos protestos e ocupações ilegais dos “sem-terra”, acabou
custando a Lugo o seu apoio constitucional no Congresso, o que pavimentou o
caminho para a sua rápida defenestração do poder. “Num período de 15 dias,
entregamos títulos dominiais a 74 pessoas que eram posseiros antigos no país.
Sabem quantos títulos como esses foram entregues nos últimos seis meses antes
do ‘impeachment’? Apenas três, o que significa que aqui agora existe a vontade,
a decisão de solucionar o problema da terra de produção agropecuária”, disse
Franco com orgulho.
Ao que parece, o novo presidente está estabilizando
rapidamente o Paraguai, após várias semanas de turbulência política e de
agitação social causada pela incompetência aliada a motivos ideológicos do
ex-presidente Lugo, conforme explicou Hugo Saguier Guanes, presidente do Foro
de Análise Estratégica Nacional e Internacional do país. Disse ainda que
“Franco deseja ser reconhecido como alguém que levou adiante um projeto sério
de país, democrático e capitalista de mercado, para que o próximo presidente
tenha um ponto de partida seguro para continuar a construção de uma nova nação,
de modo organizado e em franco desenvolvimento”, comentou Saguier. “A gente
agora trabalha com mais segurança jurídica, tanto na parte pública como na
parte privada, o que deverá atrair ao país muitos capitais externos,
principalmente do Brasil”.
Os ‘socialistas’ partidários de Lugo, de fato,
continuam sendo um obstáculo para Franco, e têm prometido que vão continuar
resistindo ao seu governo de transição. Falta-lhes o necessário patriotismo
para virar a página e colaborar na nova construção nacional. Acusam Franco de
ter ascendido ao poder mediante artimanhas e por golpe, embora quando ambos,
ele e Lugo, foram eleitos como companheiros de chapa em 2008, nenhum deles
reclamou. Trata-se da choradeira própria dos vencidos e, no caso, mal-intencionados.
Franco começou sua carreira política quando ainda estudava Medicina, mas há
tempos ansiava em ser presidente. Foi membro de Conselho Municipal (Câmara de
Vereadores), Prefeito, e a seguir Governador. Não é, pois, um retirante
analfabeto que veio para Assunção em busca de emprego.
Plenamente qualificado
ao exercício da “real politik”, este ano ele foi candidato a candidato
presidencial por seu partido, mas ficou em terceiro lugar. Agora, em função de
seu cargo de vice-presidente de Lugo, chegou ao topo do poder de um
presidencialismo que não é tão forte no Paraguai como é em outras repúblicas
sul-americanas. Embora a sua carreira política possa terminar rapidamente
quanto ao retorno à presidência, o que ele tem feito em tão pouco tempo no
cargo, bem como pelo seu passado funcional, não é o que as pessoas pensam no
Paraguai. Como não existe reeleição do presidente no Paraguai.
Franco deverá
entregar a faixa presidencial ao candidato eleito em abril de 2013 e não poderá
voltar mais a candidatar-se à presidência da república, por uma medida
constitucional altamente profilática, decente, e inteligente.
Outra medida de
Franco que o Paraguai inteiro comemora, foi ter conseguido a aprovação pelo
Congresso de um imposto de 10 por cento sobre a renda das pessoas que ganham
mais de 4 mil dólares por mês, o que equivale a uma arrecadação substancial
neste país, mormente agrário. O Paraguai era o único país na região que não
tinha um Imposto de Renda.
O Senado também aprovou uma tomada de empréstimo de
125 milhões de dólares do BIRD destinados a construir um sistema de transporte
rápido em Assunção, provavelmente um metrô de superfície. A Câmara dos
Deputados (chamada Câmara Baixa) provavelmente aprovará esse empréstimo em
breve, embora durante o governo de Lugo, o tenha rechaçado.
Franco tem indicado que iniciará negociações
com a multinacional canadense ‘Rio Tinto Alcan’ para um projeto de produção de
alumínio que não se concretizou também durante a gestão de Lugo. Estima-se que
o projeto implicará num investimento de 3,5 bilhões de dólares no Paraguai.
Franco também prometeu por fim à situação anárquica na região norte do país (El
Chaco), onde um grupo guerrilheiro conhecido como ‘Exército do Povo Paraguaio’
– sob a aquiescência velada do socialista Lugo – tem sequestrado civis, matado
um policial e atacado granjas e chefaturas de polícia.
Na verdade, só há uma
decisão de Franco que tem causado polêmica e controvérsia: a de tentar por fim
ao nepotismo no governo e substituí-lo por um sistema de valorização do mérito
e da competência, como ele se refere ao problema. Se ele vai conseguir ou não, só
o tempo dirá, mesmo porque acaba de nomear sua cunhada, Mirtha Vergara de
Franco, com o cargo de confiança de assessora para a represa hidrelétrica de
Itaipú. Vergara de Franco, ex-senadora e ex-embaixadora no Uruguai, e que ganha
13.330 dólares por mês, 36 vezes o salário mínimo vigente no país (de 370
dólares), e mais de três vezes o salário presidencial, é tida, no entanto,
altamente capacitada para a tarefa.
Franco disse que as críticas ao processo
político que o levou à presidência estão amplamente equivocadas. “Refuto-as
categoricamente”, pois o processo foi democrático porque foi constitucional e
tudo o que foi feito visou apenas o cumprimento da Lei Maior. Assegura que,
hoje, tem uma quase unânime aceitação do povo paraguaio e que o ambiente político
em seu país é o melhor dos anos recentes.
Os países vizinhos que se negaram a
reconhecer o novo governo – que o consideram fruto de um “golpe institucional”
– hoje veem que o Paraguai foi beneficiado pela suspensão que lhe causaram –
mormente o Brasil – tanto do MERCOSUL como da UNASUL, foros dominados pelas
lideranças socialistas da região. Franco faz piada com relação a isso, dizendo
que, ao ser suspenso o seu país desses foros regionais, o Paraguai se beneficia
por não ter que gastar dinheiro com viagens para assistir reuniões infrutíferas
num ambiente opressivo comandado por Chávez, Cristina Kirchner e Dilma Roussef,
sem que o seu país jamais pudesse ter voz ativa.
Só não diz que o maior
benefício, talvez, seja a liberdade que o país tem agora de fazer acordos
bilaterais de livre comércio com os EUA, o Chile e a Colômbia, o que pode
garantir ao Paraguai um progresso vertiginoso caso tais acordos sejam de fato
celebrados.
Título, Imagem e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 26-7-2012
De Otacílio Guimarães
ResponderExcluirCaro Chico,
Não sei não... O que sempre veio do Paraguai nunca me agradou, principalmente os produtos falsificados e o contrabando. E este presidente que estão incensando vai ficar pouco tempo no poder. O que virá depois é uma incógnita.
É claro que ao se libertar do Mercosul, da Unasul e do Foro de São Paulo, o Paraguai respirou alividado. Mas é preciso entender que o seu povo é tão ignorante quanto os demais povos sul- americanos. Qualquer picareta que fale a mesma língua da maioria, engana facilmente um povo assim. Veja o caso de Lula Ladrão da Silva. Povos que não sabem o que é uma democracia, um livre mercado, e que não têm acesso à cultura, só podem ser governados por títeres tipos Lula Ladrão da Silva e Hugo Chávez.
Acho bom você não ficar muito otimista com o Paraguai.
Abraços,
Otacílio