O ex-diretor do Mossad (o
Serviço de Inteligência israelense) Danny Yatom (foto) disse que “os americanos
de há muito espionam o estado judeu e querem saber o que Netanyahu está a
pensar sobre o Irã, sobre as questões palestinas”, entre outros
interesses.
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Danny Yatom, o ex-diretor do
Mossad que já sabia de tudo, mas que acha que isso não atrapalha a relação
bilateral. Ffoto: Olivier Fitoussi/Flash90
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"Os EUA realmente não dão
a mínima ao que os países possam pensar ou dizer dessa atividade de monitoração
a que se dedicam com relação a praticamente todos os países do mundo. Pensam
apenas em saber de tudo para que não sejam surpreendidos, apesar de negarem no
momento veementemente tudo isso", disse Yatom ao jornal israelense Maariv
na sexta-feira de ontem. "Pode ser perfeitamente que isso esteja ocorrendo
aqui e agora enquanto sou entrevistado pelo jornal. Não é uma ação apenas
direcionada ao Brasil ou à Alemanha, mas, literalmente a todos os países do
mundo. Eles têm essa capacidade tecnológica e não abrirão mão dela de jeito
nenhum e quem não quiser ser espionado que desenvolva tecnologias capazes de
evitá-lo”, explicou o veterano oficial de inteligência do estado judeu.
Yatom explicou que há duas
questões pelas quais os americanos estão provavelmente a espionar Israel: as
negociações com os palestinos e o programa nuclear do Irã. "É importante
para eles saber exatamente o que o Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pensa
sobre esses dois itens, e quais as suas ações locais, regionais e
internacionais com relação a eles”... “O interesse de Washington é querer ser
capaz de lidar com as alegações israelenses, ou de qualquer outro país, a serem
exteriorizadas quando se discute sobre tais assuntos nos foros internacionais”,
disse o ex- chefe do Mossad.
Yatom também ressaltou que os
EUA procuram obter informações sobre a posição "real" de Israel
vis-à-vis às negociações e quais os obstáculos que se interpõem no caminho de
fazer avançar as negociações de paz. “Ora, se fazem isso com seus principais
aliados, como Israel, Alemanha, Reino Unido, França, e outros, com os quais
mantêm uma relação profunda de cooperação de alinhamento político e ajuda
econômica, imagine o que não fazem com governos que são costumeiramente hostis
aos americanos por motivos ideológicos ou até mesmo por colaboração com
inimigos declarados de Washington”, argumentou Yatom. “Não posso dizer que eles
estejam errados por usar suas capacidades e habilidades para a função que
exercem no mundo de hoje”, concluiu o veterano funcionário israelense.
Também criticou os países que
são aliados dos EUA ao acharem que isso seria um abuso de poder da principal
potência mundial, e assinalou que “é preciso que se diga que, num conflito
qualquer, serão aqueles mesmos países que vão querer contar com o apoio militar
dos EUA tanto para se defender de uma agressão externa, como para controlar uma
conflagração interna. Os norteamericanos, com razão, se veem como uma
superpotência, e por isso acham que podem fazer o que quiserem em termos de
espionagem, que consideram essencial para a sua própria defesa", disse
ele.
Explicou ainda que,
"apesar de os EUA e a União Europeia serem parceiros, inclusive na OTAN,
segundo disse Angela Merkel, deveria haver mais entrosamento entre os serviços
de inteligência, mesmo porque não há o que ocultar entre amigos".
Vários líderes europeus
observaram ontem que os fortes laços políticos e comerciais do continente com
os EUA devem ser protegidos através de uma disciplina maior e interação desses
serviços de inteligência e que, infelizmente Obama não parece buscar isso.
Já o francês e socialista
François Hollande veio a público para dizer que "o que está em jogo é a
preservação de nossas relações com os Estados Unidos e que, graças a essa
espionagem americana, a confiança mútua tem de ser restaurada e
reforçada".
"A principal coisa que
devemos visar é o nosso futuro que é todo pensado em função da parceria
transatlântica", disse a presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite, cujo
país ocupa a presidência rotativa do bloco de 28 países na ONU.
Apesar dos resmungos de Merkel
e de Hollande que não gostaram de saber que seus celulares haviam sido
monitorados, ambos admitiram que, além de serem plenamente informados sobre o
que aconteceu no passado, os aliados europeus e Washington precisam criar
regras comuns para a vigilância americana – que consideram um fator importante
de defesa mútua – que não privem de todo o seu direito de privacidade.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 27-10-2013
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