Estou a ler o Expresso. Acabei
de ler a costumeira prosa do revisionista Daniel Oliveira. Recomendo, diga-se
de passagem. Acho que DO é pessoa recomendável, embora de uma "ileteracia
económica" espantosa para quem almeja aspirar algo mais do que contar
histórias à esquerda.
Mas é um divertido.
Diz o menchevique-socrático
Oliveira que "as despesas sociais" sempre estiveram "abaixo da
média europeia em percentagem do PIB" (...). Percebo que esta malta vive e
respira enganos. E gostam disso.
Não é verdade que as despesas
sociais "sempre estiveram abaixo da média europeia".
Sucede precisamente o
contrário. Basta consultar a base de dados da Comissão Europeia (Ameco). Em
2013, as despesas com prestações sociais em Portugal representavam 19,4% do PIB,
o terceiro país na UE que mais gasta nesta rúbrica, a seguir a Itália e França.
A média europeia é de 17,1%. O problema não é do presente. Já em 2010, em
pensões (com a CGA e SS), Portugal dedicava o equivalente a 12,5% do PIB,
quando a média europeia andava nos 11%. Em 2013, com a pressão do sistema, a
despesa já equivale a quase 15% do PIB (este acréscimo não é explicado pela
queda conjuntural do PIB). Basta, aliás, dizer que entre 2000 e 2013 a despesa
subiu 8 pontos de PIB, algo inédito na UE!
Como a asneira não pode ficar
coxa, o menchevique afirma que foi a crise de 2007/2008 (aí está o lado
socrático do homem) que fez disparar a Dívida Pública, que "até então
estava abaixo da média europeia"...
Mentira.
Ninguém mandou os governos de
Sócrates disparar os défices orçamentais para a casa dos 10% em 2009 e 2010 (a
Dívida Pública, grosso modo, resulta do somatório dos défices). E, em 2011, não
fosse a interrupção patriótica, iria pelo mesmo caminho.
A CE foi taxativa em 2008:
apenas os países em boas condições orçamentais teriam margem para aumentar os
défices. Só que, em 2009, Sócrates comprou as eleições (ai, se fosse o centro a
fazer isso...) ao aumentar os salários da Função Pública, pensões, e... baixa
de impostos. E, mesmo assim, no fim de 2010, o País caiu em recessão económica!
Até hoje não percebem porque
isso sucedeu. Estão atónitos. Desesperados.
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Pior, o mais irritante é como
este governo corta despesa e em vez da tão propalada "espiral
recessiva", o País cresce e sai da recessão!
Isto é que é demais... Não
lhes cabe na cabeça.
Por fim é uma delícia os
mencheviques agarrarem-se a Keynes... Para eles a teoria do economista só é
válida no tempo das vacas magras, porque quando a economia cresce (a teoria
obriga a poupanças orçamentais) estão-se nas tintas para o inglês.
Mencheviquices úteis para uns
tantos sabichões.
Título e Texto: Rudolfo Rebelo, 27-10-2013
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