Cesar Maia
1. A Independência do Brasil ocorreu em 1815, a 16 de dezembro,
quando foi elevado à condição de reino – Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves. Essa decisão foi construída na Europa pós-napoleônica.
2. Em 11 de abril de 1814, as nações europeias assinam o Tratado de Fontainebleau, que reconhece a abdicação de Napoleão ao trono. Em seguida é
convocado o Congresso de Viena, a partir de 2 de maio de 1814, para redesenhar
o mapa político da Europa pós-napoleônica, aplicando o Princípio da Legitimidade.
O Congresso se estende por mais de um ano, entrando por 1815.
3. Em março de 1815 Napoleão foge de Elba e reassume o trono
francês. O Congresso de Viena não interrompe seus trabalhos. Em 18 de junho de
1815, Napoleão é derrotado em Waterloo, Bélgica, e vai finalmente preso/exilado
para a ilha de Santa Helena, na costa africana, de 15 de outubro de 1815 até à sua
morte.
4. O Brasil era colônia de Portugal e a Dinastia de Bragança
instalada numa colônia só poderia ter sua legitimidade reconhecida se
retornasse a Lisboa e assim participar e assinar os termos do Congresso de
Viena. Quem encontrou a solução foi Talleyrand (ministro do governo
revolucionário, de Napoleão, da monarquia Bourbons e depois do rei Luis Felipe),
delegado francês ao Congresso, propondo elevar o Brasil à categoria de Reino
Unido.
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Charles-Maurice de
Talleyrand-Périgord
|
5. Talleyrand justificou para que “estreitasse por todos os meios
possíveis o nexo entre Portugal e Brasil, devendo este país, para lisonjear os
seus povos e para destruir a ideia de colônia, que lhes desagrada, receber o
título de Reino”.
6. O Príncipe-Regente, D. João, assinou, em 16 de dezembro de 1815,
uma carta-régia que criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Desapareciam, assim, oficialmente, os últimos vestígios do Pacto Colonial no
Brasil. D. João aceitou esta nova situação não só por influência da diplomacia
francesa: a elevação do Brasil a Reino foi na verdade uma afronta aos
interesses da Grã-Bretanha. Efetivamente, enquanto o governo português
estivesse instalado em área colonial (o que, legalmente, significava uma permanência
temporária, caracterizar-se-ia a sua condição de refugiado, o que daria à
Inglaterra condições para lhe impor sua tutela, à guisa na condição de
protetorado.
7. A criação do Reino Unido, portanto, regularizaria a situação do
Estado Português no Brasil, conferindo-lhe todos os atributos de um governo
soberano instalado em seu próprio território. Por outro lado, a presença dos
Bragança na América, na medida em que constituía um prolongamento das
monarquias absolutas europeias, representava um obstáculo à expansão da
influência inglesa no Novo Mundo, sob a égide do liberalismo.
8. Por imposição das Cortes após a Revolta Liberal do Porto, D.
João VI retorna a Portugal, saindo do Rio em 25 de abril de 1821 e chegando em
Lisboa a 3 de julho. Mas o status do Brasil como Reino Unido permanecia. A nova
constituição de Portugal foi aprovada pelas Cortes a 23 de setembro de 1822. O
Rei a jurou em 1 de outubro de 1822. A Independência do Brasil proclamada
informalmente a 7 de setembro foi declarada legalmente pelo poder legislativo a
12 de outubro de 1822 e, então, D. Pedro I é proclamado Imperador do Brasil.
9. A nova Constituição de Portugal desfaz a condição de Reino Unido
e reintroduz a condição de Colônia. Mas o Brasil, nesse momento, declarara sua
Independência e, portanto, não era mais de Colônia. Dessa forma, a
Independência do Brasil é contínua desde 1815.
10. Que se comemore, este ano, os 200 anos da efetiva, legal e
legítima, Independência do Brasil.
Título e Texto: Cesar Maia, 20-2-2015
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