Luciano Henrique

Esse é nosso grande desafio.
Hoje em dia, a direita que consegue usar a linguagem como uma “arma” (assim
como a esquerda já o faz) é ínfima. Devemos aumentar esse contingente
urgentemente. Até acredito que no cotidiano, as pessoas de direita usem a linguagem
a seu favor. Na hora de fechar um contrato, fazer uma negociação, nos
relacionamentos, etc.
Por exemplo, existe uma
diferença entre o que pensamos e o que falamos. Imagine alguém conhecendo uma
bela garota e pensando: “Quero levar ela para cama hoje pois eu não consigo
pensar em outra coisa”. Mas na hora da sedução, com certeza a verbalização será
bem diferente do pensamento, até porque se fosse exatamente igual tudo que ele
falasse iria distanciá-lo de conseguir seduzir a garota de fato. Enfim, pela cabeça
passam todos os tipos de pensamentos. Mas ao falarmos em situações onde estamos
sob avaliações externas, a coisa muda de figura, e devemos aliar o discurso aos
resultados esperados.
É claro que o direitista não é
uma figura inábil para a vida social, quando comparado aos esquerdistas. São
tão aptos quanto. Porém, quando falamos do debate público, a coisa desanda. O
analfabetismo político torna tudo até engraçado.
A boa notícia é que podemos
fazer algo a respeito. O primeiro pontapé é começarmos a entender que a guerra
política é vencida (ou perdida) enquanto cada lado abre sua boca, e decide,
pela sua própria consciência, o que será expressado. Em tempo: “abrir a boca” é
uma metáfora para qualquer expressão humana, seja por via oral ou pela via escrita.
Vamos a um exemplo. Leonardo
Sakamoto fez um post se fingindo de vítima de ódio. Usou vários posts de
oponentes em seu fórum dizendo “você devia morrer” ou “melhor se você for
estrangulado”, etc.
Na hora de abrir a boca,
Sakamoto optou pelo shaming em cima do que oponentes fizeram. Essas pessoas que
o atacaram optaram pelo discurso da ameaça direta, um dos discursos mais
falidos da era atual, onde a dissimulação é necessária ao menos em alguma
medida. A pergunta a ser feita é: “em busca de qual resultado cada um ali abriu
a boca?”. É claro que Sakamoto, estrategicamente falando, sabe escolher suas
verbalizações. Muitos de seus adversários, inocentemente, nem pensam nisso.
Eu não estou querendo propor
que todas as pessoas de direita sejam estrategistas verbais. Nem a esquerda
consegue isso. Mas o fato é que na esquerda a falta de tato verbal hoje é um
comportamento desviante, enquanto na direita é demasiadamente pervasivo.
Muitas das críticas que faço
são focadas exatamente neste problema. No momento em que nos expressamos
politicamente, qual o objetivo de fazermos uma determinada comunicação?
Já vi muitos argumentadores de
direita dizendo “ah, a constituição permite que eu defenda (x) ” ou “está na
lei previsto que eu posso dizer (y) ”. Ok, talvez. Mas a pergunta: “Em que
momento a constituição ou a lei citam quais comunicações geram melhores ou
piores resultados?”.
Uma vez que entremos em um
fórum para opinar (ou atuar em qualquer ambiente de interação humana), estamos
executando uma ação política. A comunicação expressada é escolhida conforme
nossa consciência. Mas a pergunta é: “para que resultado é feita a
comunicação?”.
Imagino um leitor de Hans
Herman Hoppe entrando em um fórum e dizendo “ah, mas a democracia fracassou
mesmo”. Volto com a questão: “para que você está em público dizendo isso?”.
Será que alguém que se declara “contra a democracia” realmente se compromete
com algum resultado político de qualquer forma?
Uma das maiores críticas que
faço aos intervencionistas refere-se ao fato deles verbalizarem frases que só
servem para que seus oponentes da esquerda os ridicularizem. O mais absurdo é o
esforço retórico hercúleo que eles fazem em torno de justificar a manutenção do
“direito” de continuarem fazendo tal discurso. Bem, é claro que eles têm o
direito de falar o que quiserem. Mas não o direito moral.
Quando um petista fala em
“democratização de meios de comunicação”, enquanto pensa em totalitarismo
completo, isso demonstra um perfeito entendimento da noção de que o resultado
político é obtido a partir dos frames escolhidos. Quando o intervencionista diz
que “intervenção militar é a solução“, isto não irá resultar em nenhum ganho
político para seu lado. Ocorrerá o contrário, pois declarações comprometedoras
sempre são um presente para o oponente. O mesmo vale para os que falam que “a
democracia não funcionou”. Se o mais esperto é o que sempre se agarra melhor ao
rótulo “democracia”, o que tem na cabeça alguém dizendo que “democracia já
era”? Nos dois últimos casos a resposta é simples: não há comprometimento em
relação a resultados, e, pior, nem sequer mesmo a consciência de que a guerra
política é vencida na batalha da comunicação.
No empreendimento de remodelar
a estrutura mental da direita (uma das coisas mais urgentes para o momento) o
primeiro desafio é conseguir fazer com que muitos entendam onde a guerra
política ocorre. A resposta é simples: na linguagem.
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