Após ser acusada pela
Promotoria Pública de ter encoberto os iranianos responsáveis pelo atentado a
bomba que destruiu o centro judaico da AMIA em Buenos Aires, os cupinchas da
mandatária chamam os promotores de mentirosos e de “desestabilizadores da
democracia”...
Francisco Vianna
O promotor de justiça que
herdou o caso de grande repercussão contra Kirchner, do colega morto, na
sexta-feira, reafirmou as acusações, renovando formalmente a investigação sobre
se a presidente ajudou ou não autoridades iranianas a encobrir seu suposto
papel no atentado a bombas do centro comunitário judaico da AMIA em 1994.
A decisão do Procurador
Gerardo Pollicita de avançar com a investigação e tocar o caso adiante, agora
com muito mais fervor, foi de fundamenta importância porque prepara o terreno
para uma análise aprofundada da investigação que o promotor Alberto Nisman
estava realizando e da tese que estava construindo antes de ser encontrado
morto em 18 de janeiro. No dia seguinte, Nisman tinha programado elaborar suas
acusações contra a Casa Rosada no Congresso Argentino.
Nisman tinha acusado Cristina
Kirchner, o Ministro das Relações Exteriores chanceler Héctor Timerman e outros
da administração federal de intermediar um acobertamento dos iranianos
causadores da destruição da AMIA (onde
morreram 85 pessoas e centenas ficaram feridas) em troca de acordos
favoráveis de petróleo e outros bens iranianos. Kirchner e Timerman já negaram
veementemente as acusações, e o Irã tem repetidamente negado o envolvimento no
atentado.
Em seu comunicado, divulgado
ontem à tarde, Pollicita manteve as acusações de Nisman sem fornecer análise
sobre elas. Concluiu que uma investigação rigorosa e imparcial é absolutamente
necessária para que se "alcance um grau de entendimento e para provar ou
refutar os extremos de fato e as manifestações dogmáticas expressas nos
parágrafos anteriores".
![]() |
Alberto Nisman dá uma entrevista coletiva em Buenos Aires em 20 de maio de 2009. Foto: AFP |
Pollicita vai apresentar seus
resultados para o julgamento de Daniel Rafecas, o magistrado federal designado
para o caso, que acabará por decidir se vai rejeitá-los ou enviá-los ao grande
juri.
Enquanto isso, na última
sexta-feira, outros três procuradores e um coordenador foram nomeados para
assumir a investigação geral de Nisman sobre o atentado a bombas em si, sobre o
qual ele vinha investigando já por 10 anos. Por enquanto, ninguém foi condenado
ainda no caso.
Mesmo antes da decisão de
Pollicita, em meio a rumores de que ele estava vindo com tudo para tocar o caso
adiante, a administração de Cristina Kirchner estava a se preparar para
rejeitar e minimizar as acusações.
O chefe do gabinete, Jorge
Capitanich, chamou a providência de “golpe judiciário” durante uma entrevista à
imprensa. “O povo argentino deve saber que nos estamos nos referindo a uma
mentira vulgar, de uma enorme operação da mídia, de uma estratégia de
desestabilização política e o maior golpe de estado do judiciário da história
da Argentina para encobrir os reais perpetradores do crime”, disse ele.
Da mesma forma, o porta-voz presidencial,
Aníbal Fernandez, disse que se o inquérito avançar será uma "manobra clara
para desestabilizar a democracia", mas que em última análise, "não
tem valor legal. Não importará".
A força do inquérito de 289
páginas de Nisman, apresentado a um juiz poucos dias após a sua morte, tem sido
um tema quente do debate dentro da comunidade jurídica.
A base da sua investigação no
caso são as escutas telefônicas de funcionários do governo supostamente falando
sobre um acordo secreto em torno do tempo de um tal "Memorando de
Entendimento" que a Argentina chegou a assinar com o Irã em 2013. O acordo,
cuja validade que está sendo contestada em tribunais argentinos, de saída
define as condições para os dois países investigarem o atentado.
Juan Jose Avila, um advogado
criminal, disse argumentando que o caso de Nisman não era forte o suficiente e
tinha perdido o foco, uma vez que nesta fase, nenhuma investigação está pronta
para ser julgada em tribunal. "Nenhuma acusação, feito por ele desde o
início, foi provada", disse ele.
Enquanto isso, ex-mulher de
Nisman na quinta-feira pediu uma investigação internacional sobre sua morte
misteriosa.
O fato é que o governo de
Cristina Kirchner, assim como o do PT e "base alugada" no Brasil,
começa a juntar cadáveres no armário...
Título e Texto: Francisco Vianna, 16-2-2015. Publicado em Centro de Mídia Independente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-