Relato
de um cidadão iludido com o seu país cuja geração não verá mais um Brasil
pujante e sério... por conta de governos negativos e ineptos...
Valdemar Habitzreuter
Nasci na década de 40. Em criança
nada atinava sobre política, economia e coisas do gênero. Em 54, num certo dia
– 24 de agosto – meu pai adentrou em casa – estivera na cidade para comprar
mantimentos – e disse preocupado: Getúlio está morto. Eu fiquei surpreso com o
estado emocional de meu pai naquele momento, sem compreender o significado do
fato de o presidente Getúlio Vargas ter cometido suicídio.
Getúlio Vargas era
considerado o protetor dos trabalhadores. Seus discursos sempre começavam com a
epígrafe “trabalhadores do Brasil”, e assim angariava a simpatia do povo
brasileiro. Meu pai era um dos que o admiravam e lhe depositava confiança por
dias melhores.
Mas, Getúlio morreu e, apesar
de a política supostamente fervilhasse nos bastidores em torno da sucessão de
Vargas, nada de novo vinha pelos ares da situação corrente – não tínhamos
acesso a jornais e rádio, interioranos que éramos. Mesmo quando Café Filho foi
empossado como o novo presidente, não havia notícias ou especulações a respeito
do que poderia acontecer no novo governo. Dias melhores?... Bom, a esperança
sempre era o consolo... que, no entanto, é inútil para o bem-estar material
imediato.
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Getúlio Vargas e Café Filho, vice-presidente e sucessor |
A vida continuava e as
dificuldades de minha família, e, creio, para a maioria das famílias
brasileiras, se apresentavam com muita atrocidade, naquela época. É claro, que
eu, então, já adolescente, achava isso uma contingência da vida, pois não
havia, no momento, perspectiva de um porvir melhor.
Veio Juscelino, e sua
preocupação toda foi construir uma nova capital para o Brasil – Brasília. Seu
slogan “cinquenta anos em cinco” empolgou os brasileiros de que dias melhores
viriam. O governo de Juscelino passou e os dias melhores para a maioria da
população, uma ilusão. Após Juscelino, o caos político se instalou no cenário
brasileiro: os governos de Jânio e Jango, que vieram em seguida, foram um
desastre só.
Daí os militares tomarem as
rédeas do governo com o intuito de arrumar a casa e evitar o suposto assalto
comunista. Ficaram arrumando a casa por mais de 20 anos – 1964-1985. Diz-se que
neste período houve o boom do milagre
econômico brasileiro. Mas que milagre foi esse se o povo continuava na miséria
e sua liberdade cívica restringida?
Sem a arrumação devida da
casa, prometida pelos militares, presidentes civis foram novamente eleitos.
Sarney, Color e Itamar passaram pela presidência com atuações pífias, e o povo
continuando sob o jugo do sofrimento pelas diretrizes governamentais
improvisadas e suas políticas distorcidas e errôneas.
Veio FHC. A economia deu uma
guinada para melhor, com a derrubada da inflação que castigava
sistematicamente, desde sempre, o trabalhador brasileiro. Parecia que os tão
esperados dias melhores, desde minha infância e a de todos os brasileiros de
minha geração, haviam chegado. O dinheiro adquiriu um valor real. A inflação
não corroía mais tão amargamente os salários e a vida acenava com um sorriso a
todos os brasileiros. Claro, era um aceno apenas...
A era FHC passou. Lula
assumiu. As bases políticas e econômicas deixadas por FHC para erigir um Brasil
melhor não foram aproveitadas a contento. Em cima dessas bases o PT (governos
Lula/Dilma) tentou e tenta erigir um castelo de areia do bem-estar para todos –
um império socialista, sem saber que o socialismo só se sustenta num regime de
economia forte, dando incentivo ao capital e não considerando-o como um mal
necessário na construção de uma sociedade de bem-estar para todos (ao
contrário, é um bem necessário).
Mas, até que Lula não
desprezou por completo as bases econômicas implantadas por FHC. No entanto, as
bases políticas de uma democracia forte e real foram desprezadas, procurando
modelos estrangeiros tais como o castrismo, chavismo e outros ismos de
conotação socialista populista, sem contar com as simpatias arabescas de
feições terroristas...
Deu no que estamos
presenciando hoje: a insustentabilidade de uma verdadeira meta de progresso
para o Brasil. Mazelas de todos os tipos continuam afligindo os brasileiros. A
economia, que inicialmente teve um relativo impulso com Lula, deu lugar a uma
marcha à ré e um significativo retrocesso com Dilma, a ponto de adentrarmos
numa recessão. Assim, o brasileiro ainda não tem motivo de poder dizer: eis que
agora eu vivo num país ideal. Este ideal fica a eons de distância.
O PT sustenta-se no poder há
mais de doze anos com um discurso mentiroso e hipócrita. Dá migalhas aos
pobres, aos quais promete o céu, e assalta os ricos e a classe média, alegando
que quer a igualdade social. Mas, o que ele realmente quer é locupletar-se do
poder. O roubo do dinheiro dos cofres públicos é sua especialidade para
financiar suas campanhas eleitoreiras. “Nunca antes na história desse país”
presenciou-se uma corrupção tão avassaladora e perniciosa como no atual
governo. Os brasileiros caíram numa cilada insidiosa, deixando-se levar por um
bando de políticos traidores e ladrões.
Agora: qual é a causa de o
Brasil não entrar nos trilhos do desenvolvimento sustentável que culminaria
numa sociedade feliz onde se pudesse usufruir satisfeito a coisa pública: boa
assistência hospitalar, educacional, serviço público exemplar, garantia de
segurança ao cidadão, etc.? Ao meu ver é a política da negatividade. O
governante em exercício não dá prosseguimento ou até destrói as boas
realizações de seu antecessor. Rejeita, talvez, por pura inveja, os feitos
benéficos dos predecessores, caracterizando-os como negativos, prejudiciais.
Assiste-se a acusações mútuas.
Não vemos isso a todo instante entre PT e PSDB. Já virou marca registrada do PT
a expressão: “O FHC é o culpado”. E assim desenrola-se governo após governo a
política da destruição, da negação, da inveja e da inimizade.
Pergunto-me: o que virá após a
era petista? O Brasil tem jeito? Com certeza, minha geração não verá o acordar
do gigante, pois a sordidez de nossos políticos é tamanha que o gigante nem
dormindo mais está, e sim, praticamente, morto de tantas pancadas. Quem o
ressuscitará? Deposito minhas esperanças nas gerações futuras; é claro, sem
petismo e tantos outros ismos destrutivos da vida de um Estado, infernizando
seus cidadãos.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 24-2-2015
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