Marc A. Thiessen
![]() |
Donald Trump, discursando na
ONU, 19-9-2017, foto: Andrew Gombert/EPA
|
Julgando os críticos da
esquerda por suas reações histéricas, eles parecem temer que o presidente siga
os mesmos passos de George W. Bush. A Senadora Dianne Feinstein falou que o
discurso foi “bombástico”. A representante democrata Barbara Lee disse que ele
representa uma “abdicação de valores”. Hillary Clinton disse que era “obscuro”
e “perigoso”. Essa é a crítica liberal padrão ao internacionalismo conservador.
A esquerda dizia a mesma coisa sobre o presidente Ronald Reagan.
Em Nova Iorque, Trump convidou
outras nações responsáveis a se juntarem aos EUA no que chamou de “praga”
composta de “um pequeno grupo de regimes que… não respeitam nem seus cidadãos
nem o direito à soberania de seus países”. Essa missão pode ser cumprida,
segundo Trump, se reconhecermos que “os estados nação continuam sendo o melhor
veículo para elevar a condição humana”.
Ele está certo. O comunismo e
o fascismo não foram derrotados pelas Nações Unidas, e instituições globais não
alimentaram drasticamente a expansão da liberdade e prosperidade humanas no
último quarto de século, desde o colapso da União Soviética. O que inspirou e
possibilitou a disseminação da paz, da democracia e das liberdades individuais
foi a projeção de poder dos países democratas, comandados pelos EUA.
É isso que precisamos hoje - e o que Trump prometeu em seu discurso. Ele relança sua política internacional “America First” (EUA Primeiro) não como uma chamada ao isolacionismo, mas como uma chamada para a liderança global das nações responsáveis. Ele abraça o Plano Marshall - o esforço massivo dos EUA para apoiar a recuperação da Europa no pós-guerra. E declara que “se os justos não confrontarem os poucos malvados, o mal vai triunfar” porque “quando as pessoas e as nações decentes se tornam observadores da história, as forças da destruição juntam mais poder”.
Trump continuou no tema da
soberania para desafiar os grandes adversários americanos, a China e a Rússia,
insistindo que “devemos rejeitar as ameaças à soberania vindas da Ucrânia ao
Mar da China Meridional”.
O presidente tinha também uma
mensagem para a Coreia do Norte. Ele se referiu ao líder do país, Kim Jong Un,
como “Rocket Man” (Homem Foguete) e disse que Kim “está em uma missão suicida
para si mesmo e seu regime”. Ele deixou claro que os EUA “têm muita força e
paciência, mas que se forem forçados a defender a si ou seus aliados, não terão
outra escolha senão eliminar a Coreia do Norte”. Essa mensagem deixou algumas
pessoas balançadas, mas esse era o objetivo. Durante a Guerra Fria, líderes
soviéticos realmente acreditavam que Reagan estava se preparando para a guerra
e que faria o primeiro ataque. Essa crença é um dos motivos pelos quais uma
guerra cataclísmica nunca aconteceu.
Se esperamos evitar uma guerra
com a Coreia do Norte hoje, o regime de Pyongyang deve ser levado a acreditar
que Trump está, como disse na ONU, “pronto, desejoso e capaz” de agir
militarmente. Seu tom pesado não era direcionado apenas a Pyongyang, mas também
para a China e outros países cuja cooperação é necessária para espremer o regime
coreano e achar uma solução pacífica. Essas palavras devem ser seguidas de
passos concretos para deixar claro que são sérias e que a Coreia do Norte não
pode ameaçar cidades americanas de aniquilação nuclear.
Trump se posicionou ao lado da
moralidade na política internacional, defendendo explicitamente aqueles que
buscam liberdade ao redor do mundo. Ele prometeu apoiar “o sonho constante dos
cubanos de viverem em liberdade”. Ele declarou também que “regimes opressivos
não resistirão para sempre” e acusou o regime iraniano de mascarar “uma
ditadura corrupta com guias falsas de democracia”. Ofereceu apoio, porém, aos
“bons iranianos que querem uma mudança”. Ele falou ainda sobre “o regime
criminoso de Bashar al-Assad” na Síria, cujo “uso de armas químicas contra os
próprios cidadãos, incluindo crianças inocentes, choca a consciência de
qualquer pessoa decente”.
O melhor momento do presidente
foi quando chamou atenção para o que chamou de “ditadura socialista” de Nicolás
Maduro, declarando que “o problema na Venezuela não é que o socialismo foi mal
implementado, mas que o socialismo foi fielmente implementado”. Trump prometeu
ajudar os venezuelanos a “reconquistar a liberdade, retomar seu país e
restaurar sua democracia”.
Esse é o clássico
internacionalismo conservador: uma defesa vigorosa da liberdade, um desafio
arriscado para ditadores perigosos e um comprometimento ao princípio de paz
pela força. Não é à toa que os críticos de esquerda de Trump ficaram tão
incomodados
Título e Texto: Marc A. Thiessen, Thiessen é
ex-redator dos discursos do presidente George W. Bush. The Washington Post, 21-9-2017
Tradução: Gisele Eberspächer, Gazeta do Povo, 22-9-2017
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-