Não se sabe ao certo se esta rainha de Portugal,
espanhola de nascimento, matou o marido, D. João VI, mas que fez tudo para lhe
azedar a vida, isso fez
Luís Almeida Martins
É garantido. Se pedirmos a um português medianamente
culto que indique o nome de uma grande megera da História, há todas as
probabilidades de ele referir o de D. Carlota Joaquina. Infanta espanhola,
filha de Carlos IV e neta de Carlos III,
era feia, vaidosa, desagradável, intriguista, adúltera e inclusive assassina,
segundo a imagem que dela nos chegou. Esta recordista da antipatia veio para
Portugal em 1786, com 10 anos, para casar com o príncipe D. João, filho de D.
Maria I, quando este ainda nem o herdeiro do trono era, pois tinha um irmão mais
velho. Mas a inesperada morte de D. José, o primogénito de D. Maria,
transformou D. João em futuro rei e a birrenta criança em futura rainha.
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Retrato da Infanta Carlota
Joaquina, de Anton Raphael Mengs
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Imagem: Manuel António de Castro |
Megera de Queluz e Messalina são dois dos epítetos que os escritores liberais deram mais tarde à menos simpática das rainhas de Portugal. Já os defensores do Antigo Regime, que a idolatravam (tal como ela idolatrava o filho D. Miguel, futuro Rei Absoluto) preferiram sempre descrevê-la como esposa generosa e mãe extremosa. A sua generosidade como esposa é um conceito que está nos antípodas da teoria segundo a qual teria sido ela a envenenar (ou a mandar fazê-lo) as laranjas que mataram o marido. Como seria de esperar, durante os muitos anos em que as suas relações com o rei foram pouco mais do que formais, Carlota Joaquina terá sido íntima de outros homens, uns fidalgos e outros plebeus. Por estas e por outras, a famosa Laure Junot, duquesa de Abrantes e mulher do general napoleónico que comandaria a primeira invasão francesa depois de ter sido embaixador da França em Lisboa, escreveu nas suas Memórias acerca da rainha Carlota Joaquina e da sua exuberante fealdade: “Não podia convencer-me de que ela era uma mulher e, no entanto, sabia de factos que comprovavam largamente o contrário.”
Carlota Joaquina está
sepultada no panteão dos reis da dinastia de Bragança, na igreja de São Vicente
de Fora, em Lisboa. O seu túmulo foi colocado exatamente ao lado do do marido,
D. João VI. Separados em vida, ficaram simbolicamente unidos na eternidade.
Título e Texto: Luís Almeida Martins, in
“365 DIAS com histórias da HISTÓRIA de PORTUGAL”, páginas 386/387/388.
Digitação: JP
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