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Charles Chaplin no fime "O grande ditador" |
Adriano Benayon
Tirania é o nome adequado para designar o “governo
mundial”, na direção do qual avança o império. No campo da informação e da
comunicação, para alcançar seus objetivos, a oligarquia tirânica:
1) põe a mídia e formadores de opinião a distorcer os
fatos ou a simplesmente mentir;
2) arrasa as culturas nacionais, bases da cultura
universal, e destrói os valores que sustentam as civilizações; cria idéias
falsas e injeta-as em massa nas mentes das pessoas.
2. Dessas idéias fazem parte ideologias, como:
1) as de que os mercados livres resultam em uso eficiente
dos recursos disponíveis e favorecem as economias locais e a economia
internacional (liberalismo, monetarismo e outras);
2) a idéia de que os bancos podem ser controlados por
donos e acionistas privados sem que os governos dos países não fiquem
subordinados a eles;
3) a idéia de que a concentração
financeira e econômica, uma vez constituída, pode ser controlada pelo
Estado e não implica necessariamente:
a) a destruição da concorrência nos mercados;
b) o não-desenvolvimento de formas de energia, modos de transporte,
tecnologias e produtos necessários ao bem-estar da sociedade, inclusive nos
alimentos e no setor da saúde;
c) a supressão total de qualquer forma de democracia e de
governo favorável à sociedade.
4) a idéia de que existe uma comunidade internacional.
3. Esta só teria como existir se as nações se
autoderminassem e se interagissem em cooperação profícua para todas as partes
envolvidas. Na realidade, não há nação alguma autodeterminada: as próprias
sedes do império - Estados Unidos e Reino Unido (Inglaterra) - são dominadas pela
oligarquia mundial, e as organizações “internacionais”, a começar pelas “Nações
Unidas”, não passam de instrumentos a serviço da tirania globalista.
4. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, além da contínua e
sempre intensificada intervenção da mídia e dos formadores de opinião,
pré-pagos e pós-pagos, os países da periferia do império - notadamente o
Brasil, em função de seus recursos naturais sem par - sofreu pressões
político-militares, inclusive golpes de Estado, para enfraquecer e desarticular
o nacionalismo e o papel diretor do Estado na economia.
5. As campanhas ideológicas regidas pelo império associaram
o nacionalismo ao fascismo, ideologia que se apresentou como nacionalista, mas
nunca foi senão instrumento dos concentradores financeiros mundiais.
6. Nas periferias também predominaram as ditaduras
subordinadas ao império anglo-americano, mais submissas a este do que as
fascistas européias, que fizeram o jogo do império, embora, na aparência, a ele
hostis.
7. Atualmente, o Brasil precisa preservar-se como nação,
pois esta está a ponto de se desintegrar, e isso seria desastroso para os que
vivem no território nacional. Não importa se o nome disso (preservar a Nação) é
nacionalismo ou não: é o que tem que ser feito.
8. Deixo para artigos subseqüentes a exposição do que
entendo deva ser feito. De pronto, interessa encarar o cenário mundial que se
apresenta com brutalidade nunca antes verificada, tanto no campo
econômico-financeiro como no das armas, cada vez mais letais e criminosamente
empregadas pelas forças a serviço da tirania.
9. Povos vitimados: praticamente todos. Mais
especialmente, por meio da destruição massiva das finanças: o grego e quase
todos os outros. Através do genocídio por meios ditos militares: Líbia, Iraque,
Afeganistão, Paquistão, Somália, sem falar em muitos outros hostilizados por
terroristas agentes do império, afora a subversão por ele financiada e armada.
11. Parte substancial dos déficits acumulados pelo Tesouro
dos EUA decorre das crescentes despesas com a máquina de guerra. São cerca de
US$ 800 bilhões anuais, ou seja, quase metade do déficit, previsto este ano em
1,7 trilhão. Só o massacre do Iraque já fez os EUA gastarem U$ 4 trilhões no
interesse dos bancos, das transnacionais anglo-americanas do petróleo e de
empreiteiras do império e de seus satélites europeus.
12. Do lado das receitas, se as pequenas e médias
empresas não estivessem sufocadas pela falta de crédito e por juros altos, a produção
teria crescido e a arrecadação tributária, muito maior, faria reduzir em muito
esse déficit.
13. Por que falta de crédito e juros altos para
atividades produtivas e geradoras de emprego, se os grandes bancos dos EUA
podem captar dinheiro emitido pelo FED a juros de 0,25% e se, nem precisam
disso, pois o FED e o Tesouro os encheram de dinheiro criado em computadores?
14. Por que isso, se esses bancos dispõem de reservas em
excesso, de US$ 1,6 trilhão? Por que isso, se o Tesouro lhes deu trilhões de
dólares, ao comprar, pelo valor de face, derivativos podres, i.e; títulos
superpostos sobre outros que, na base da pilha, não podiam ser pagos pelos
devedores e deveriam levar os bancos à falência.
15. O “governo” salvou-os desse modo, embora a crise, que
ele dizia querer evitar com isso, proveio da criação irresponsável dos
derivativos, com os quais os bancos obtiveram polpudos ganhos.
16. Entre as incríveis benesses em favor dos bancos e à
custa da economia, há mais uma, especialmente relevante: o FED está pagando
juros aos bancos pelas reservas em excesso que eles ali depositam, as quais
provêm de dinheiro emitido pelo próprio FED e do socorro provido pelo Tesouro.
17. Essas reservas passam de US$ 1,6 trilhão, das quais
US$ 600 bilhões de agências de bancos não-americanos nos EUA: entre os maiores,
dois britânicos, dois suíços, um francês e um alemão. O que não fica nessas
reservas é aplicado em especulações, por exemplo, com commodities.
18. Prosseguem, assim, os efeitos do colapso financeiro, que
despontou em 2007, já que o modo como os oligarcas determinaram os “governos”
(inclusive europeus) a agir não eliminou as causas da crise de 2007/2008 e
ainda produziu novos fatores de crise. É por isso que os analistas
não-teleguiados pela tirania prevêem, para breve, uma crise ainda mais aguda do
que aquela.
19. De um lado, ainda ficaram com os bancos enormes somas
de derivativos, cada vez mais insolváveis, porquanto a economia real não foi
recuperada (ao contrário, predomina a depressão em muitos países).
20. De outro lado, o colossal socorro aos bancos, com
dinheiro público e com emissões desbragadas de mais dinheiro, produziu mais uma
crise: a dos déficits e a da dívida pública, como a dos EUA.
21. Além disso, foram geradas crises na periferia
européia com a depressão econômica nos EUA, no Japão e na maior parte dos
países europeus, e também em função de jogadas de bancos, como o Goldman Sachs,
que causaram aumentos nos juros das dívidas desses países, com a ajuda das
agências de risco e fazendo hedge com essas dívidas.
22. Nos EUA o “governo” está tentando fazer duas coisas
contraditórias: 1) evitar que o dólar deixe de ser a moeda das transações
mundiais; 2) continuar inflacionando essa moeda. Ambas refletem o mesmo desejo:
prosseguir valendo-se da mordomia que lhes proporciona cobrir os astronômicos
gastos militares do império, além das loucuras em favor dos bancos e demais
concentradores econômicos, simplesmente emitindo aquela moeda.
23. Nesse contexto está inserida a batalha
político-demagógica entre “democratas” e “republicanos” sobre a elevação do
teto de endividamento dos EUA. Se o Congresso não a autorizar, os EUA teriam de
cessar os pagamentos da dívida federal (US$ 17 trilhões, sendo US$ 3 trilhões
de títulos com o FED).
24. Isso detonaria o colapso do dólar. Para conseguir aquela
autorização, o presidente “democrata” dos EUA propôs diminuir as despesas
federais mediante brutais cortes nos gastos sociais, o que fará agravar ainda
mais a depressão, a crise imobiliária, o desemprego e tudo mais. Ele parece
pretender superar, em zelo castrador da economia, o “republicano” Hoover, que
fez aprofundar a depressão após a crise financeira de 1929.
25. Os Estados, as cidades e os condados naquele país já
se encontram em situação insustentável, proibidos que são de ter déficits
orçamentários. Cerca de 100 cidades importantes estão prestes a entrar em posição
falimentar, o que acontece também em estados importantes.
Título e Texto: Adriano Benayon, 19-07-2011, doutor em Economia
pela Universidade de Hamburgo, Alemanha, é autor de Globalização versus Desenvolvimento.
Publicado em “A Nova Democracia”, nº 80, agosto de 2011
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